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Rejeitada: A Luna do Alfa supremo romance Capítulo 81

O frio do chão úmido entrava pelos ossos de Lyra. O corpo estava fraco, pesado demais para se mover. Ela estava deitada sobre as pedras geladas daquele calabouço imundo, respirando com dificuldade, e cada suspiro parecia cortar por dentro. O cheiro de ferrugem e mofo impregnava suas narinas, misturado ao odor de sangue seco que parecia fazer parte daquele lugar.

Lágrimas silenciosas escorriam pelo rosto sujo quando ela levou as mãos trêmulas à barriga ainda lisa. O desespero se misturava a uma frágil centelha de esperança.

— Vai ficar tudo bem… — sussurrou para si mesma, a voz quase inaudível. — O papai vai vir buscar a gente. Ele vai salvar nós dois…

O choro se tornou soluços abafados. Ela se encolheu contra a parede, apertando os olhos com força enquanto murmurava preces para a Deusa da Lua. Não temia a própria morte; o medo que a dilacerava vinha de perder o pequeno ser que agora sabia carregar dentro de si.

— Por favor… — implorou, os lábios rachados tremendo. — Deixa ele me achar… Eu imploro, deusa da lua…

O vento que atravessava as grades da pequena abertura do calabouço parecia zombar da fragilidade dela, carregando consigo o eco distante de passos e vozes dos guardas do lado de fora. Lyra se manteve imóvel, concentrada em resistir, em acreditar que River viria.

***

Na Lua Sangrenta, o clima era completamente diferente. O pátio da mansão fervilhava com soldados e lobos em alerta, preparando-se para o que sabiam que seria uma guerra. No escritório, River estava de pé, braços cruzados, diante do grande mapa estendido sobre a mesa. Solomon estava ao lado, em silêncio, até que passos firmes anunciaram a chegada dos aliados.

Erwin foi o primeiro a entrar. Um lobo robusto, com cabelos castanhos e olhar severo, que imediatamente estendeu a mão para River.

— Estamos aqui, Alfa Supremo — disse ele, firme. — Prontos para lutar.

Logo atrás, Connan apareceu, mais alto e de semblante frio, mas com a mesma determinação nos olhos.

— Soube que é a Luna que está em perigo — disse ele, apertando a mão de Solomon. — Não existe maior motivo para guerra do que defender uma companheira.

River fez um aceno de cabeça em agradecimento, a expressão tensa, mas carregada de propósito.

— Agradeço a presença de vocês. Tommy foi rápido em avisar, e eu sabia que podia contar com os irmãos de perto, fico feliz que estão dispostos a se unir a nós.

Os dois alfas se aproximaram da mesa, e River apontou para o mapa. Um círculo vermelho marcava uma pequena região na Terra de Ninguém, quase escondida entre árvores e montanhas.

— Aqui. — River bateu o dedo no ponto marcado. — Um dos meus batedores encontrou o rastro de Petra. Rastros de sangue e de passos arrastados na terra. Acreditamos que ela veio dessa região até parar aqui, na Ventos sombrios.

Solomon completou, a voz grave:

— Segundo Petra, ela e Lyra estavam presas num calabouço, então acreditamos que seja no subterrâneo.

Ele parou à beira da margem e caiu de joelhos, sentindo a força do mundo pesar sobre seus ombros.

— Deusa da Lua… — começou, com a voz embargada. — Você me deu uma companheira, você me deu um motivo para lutar…

Os punhos cerrados tocaram a terra úmida, e ele baixou a cabeça, deixando que a dor transbordasse em lágrimas silenciosas.

— Eu não posso perder ela, não vou aguentar se isso acontecer, não vou... — as palavras escapavam como sussurros, a fraqueza era um segredo para ele. — Me faça forte, me guie. Eu dou a minha vida por ela.

Um sopro gelado atravessou a clareira, fazendo a água da cachoeira cintilar com intensidade incomum. A lua, antes encoberta por nuvens, brilhou mais forte, iluminando River como se fosse uma resposta silenciosa.

Ele levantou o rosto, respirou fundo e sentiu uma certeza crescer em seu peito.

— Eu vou te encontrar, Lyra. — Sua voz ecoou firme. — E nada neste mundo vai me impedir.

Ele se levantou devagar, com a determinação gravada em cada traço do rosto. O dia seguinte traria sangue e guerra, mas também seria o dia em que ele cumpriria sua promessa.

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