Cinco dias haviam se passado desde o resgate de Lyra, e o sol surgia tímido por entre as nuvens naquele fim de manhã. O vento frio que soprava pelos jardins da Ventos Sombrios carregava o cheiro de terra úmida e folhas recém-caídas, como se a floresta estivesse sussurrando sobre a tempestade que se aproximava.
Lyra estava em pé, sentindo a brisa tocar seu rosto. Ainda estava pálida, mas os dias de descanso e os cuidados continuos das lobas haviam lhe devolvido alguma cor. Ao seu lado, Camilla caminhava devagar, observando os guerreiros que organizavam os últimos preparativos para o retorno.
— Eu nem sei como agradecer… — disse Lyra, com a voz ainda fraca, mas firme o suficiente para carregar sinceridade. Ela abraçou Camilla com força, sentindo finalmente que estava livre do peso que carregava. — Se não fosse você, eu… eu não estaria aqui.
Camilla sorriu, retribuindo o abraço.
— Considere um favor retribuído — respondeu, soltando um suspiro longo. — Você salvou minha vida uma vez, agora estamos quites.
Lyra riu de leve, sentindo um nó na garganta, de fato, se tivesse tomado outra decisão, nem Camilla, nem qualquer outro lobo daquela alcateia estaria vivo. Quando se afastaram, as duas se olharam como se tivessem finalmente enterrado os fantasmas do passado, inclusive Kael. Havia uma paz silenciosa naquele momento.
— Então… amigas? — Lyra perguntou, erguendo uma sobrancelha.
— Amigas — confirmou Camilla, puxando-a para um último abraço sincero.
Um pouco mais adiante, River observava a cena com atenção. Ele caminhou até Camilla e se inclinou levemente em sinal de respeito.
— Obrigado — disse, a voz grave, mas carregada de gratidão. — Por tudo que fez por Lyra e por Petra.
Camilla assentiu, sentindo o peso da responsabilidade.
— Ela é forte — respondeu. — Mas acho que todos nós precisamos uns dos outros agora.
Mais à frente, Petra estava nos braços de Solomon. Desde o dia em que ele chegara a Ventos Sombrios, eles praticamente não se desgrudaram. Ele a mantinha junto ao peito, como se temesse que, se soltasse por um segundo, o destino pudesse roubá-la de novo.
— Você parece não querer me largar nunca mais… — Petra disse, sorrindo.
— Nunca mais — respondeu Solomon, beijando sua têmpora. — Não depois do que passamos.
O clima entre eles era quase de alívio, como se uma fina camada de normalidade tivesse voltado após dias de tensão.
Mas a calmaria durou pouco.
De repente, um estrondo de passos apressados ecoou pelos jardins. Um grupo de soldados surgiu correndo, os rostos tomados pelo pavor. O som das botas na pedra ressoava como um presságio.
— Luna, alfa supremo! — gritou um deles, a respiração entrecortada. — Precisam ouvir isso agora!
— Temos um esconderijo nas montanhas ao norte — disse, firme. — Podemos levar parte do nosso povo para lá. É seguro, eles não vão encontrar fácil.
— E os outros? — Camilla perguntou, com o coração acelerado.
Tommy olhou para River, hesitando por um instante.
— Se o Supremo permitir… — disse, escolhendo bem as palavras — podemos enviar os guerreiros que restarem para a Lua Sangrenta. Os que forem lutar, vão precisar do apoio dele.
River trocou um olhar sério com Lyra, que permanecia em silêncio, sentindo a tensão pesar no ar. Então ele assentiu.
— Concordo, mas temos que agir agora.
Camilla respirou fundo, tomando coragem. Seus olhos brilharam com determinação quando ela se virou para os lobos que esperavam suas ordens.
— Todos para os jardins, agora! — ela gritou, a voz ecoando pelas paredes da mansão. — Não peguem nada! Se demorarmos, todos vamos morrer!
O pânico se espalhou rapidamente entre os membros da alcateia, mas os guerreiros mantiveram a ordem, guiando cada família para a direção que Camilla indicava. O vento começou a soprar mais forte, trazendo consigo um cheiro distante de sangue e terra revirada. A guerra estava batendo à porta.

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Rejeitada: A Luna do Alfa supremo
Excelente pena que nao tem o livro impresso....
Muito bom! Livro excelente! História bem amarrada! Estou quase no final! Recomendo!...