Camilla não pensou duas vezes, o pânico tomou seu corpo, mas suas pernas a levaram em disparada para o coração do caos. Tommy correu atrás, mas o desespero da Luna era tão forte que a deixava mais rápida que qualquer um.
E então ela viu.
A cena que pareceu partir seu coração em milhões de pedaços a coisa que ela mais tentou evitar durante todos aqueles anos.
Seu filho, seu Caleb.
Ou melhor, a fera que restava dele.
O corpo monstruoso erguia-se sobre os destroços como um monstro do tipo que contam para assustar as crianças, não, pior muito pior, pois Caleb daria pesadelos até o mais corajoso dos adultos. Pelos brancos e sujos cobriam partes da pele, mas o que mais chocava eram os ossos que se projetavam como espinhos, atravessando a carne viva em ombros, braços e pernas. Ele era curvado, mas a altura era descomunal, pelo menos cinco metros de pura selvageria. As garras afiadas substituíam mãos e pés, e os olhos… Vermelhos, brilhantes, furiosos… Não parecia em nada seu menino, ela nem se lembrava mais quanto tempo fazia que não via sua forma humana de verdade há muitos anos, havia apenas o monstro, às vezes menos monstruoso, mas ainda o monstro.
Camilla sufocou um soluço, lobos da alcateia caíam aos pés dele, destroçados em segundos, sem sequer ter chance de reagir. O cheiro de sangue impregnava o ar, e o rugido dele ecoava como trovão, ecoando por toda a alcateia como um aviso de que a morte estava chegando.
E realmente estava.
Ele era a morte.
— Caleb! — a voz dela quebrou, mas ela gritou de novo. — Caleb, sou eu! Olhe para mim, meu filho!É a mamãe!
— Camilla, não! Os soldados já estão vindo, vamos conseguir parar ele! — Tommy tentou, segurando-a pelo braço.
Mas a mulher apenas sorriu, se aproximando, encostando sua testa na dele e acariciando seu rosto, ela tirou o tapa olho, deixando o rosto exposto as antigas cicatrizes e o olho que não enxergava mais de fora. As lágrimas mancharam seu rosto quando a Luna o beijou com carinho…
Uma despedida.
— Não vai dar tempo, amor… Se eu não impedir ele vai matar todos…
— Não eu vou, me deixe ir! Não precisa se sacrificar, Camilla, ele vai matar você!
— Eu sei… Mas ele é o meu bebê, não quero que faça mal a mais ninguém… Eu amo você, meu amor, não vou deixar que meu bebezinho mate o amor de minha vida. Você Amber e o Caleb são tudo pra mim, nossa alcateia… Vocês torpedos são minha família… — ela o beijou mais uma vez uma ultima vez. — E uma luna se sacrifica pelos seus, é isso o que eu tenho que fazer.
A Luna da ventos sombrios ergueu o rosto, encarando a criatura que um dia foi seu menino. Sorriu com ternura, ainda que o coração sangrasse.
— Está tudo bem, meu bebê — sua voz era suave, acolhedora. — Você não precisa mais sofrer, sei que não é culpa sua.
“Deusa, proteja meu menino…”, implorou, enquanto fechava os olhos, se entregando. “Cure ele para que um dia, ele possa viver bem e conhecer o amor… Para que um dia ele seja um lider, um pai… Um companheiro… Cure meu menino…”
O rugido que se seguiu foi ensurdecedor, a fera avançou e a atacou, sem piedade, suas garras encontraram o corpo da Luna com brutalidade, enterrando-se em sua carne e em seu sangue com toda a selvageria que apenas uma fera poderia ter.
Por um instante, o mundo pareceu parar.
O corpo de Camilla tombou inerte nas garras do monstro, e de repente, algo mudou nos olhos vermelhos dele. Por um segundo, apenas um segundo, era como se a consciência tivesse voltado, como se Caleb olhasse para o que havia feito, como se visse sua mãe, morta, empalada em suas garras.
Ele ergueu o rosto e soltou um urro tão doloroso que atravessou as copas das árvores, rasgando o céu, rugindo para a lua como se gritasse de dor. Depois, largou o corpo da mãe com delicadeza, quase como se temesse quebrá-la ainda mais, uma delicadeza grande demais para um monstro, virou-se e fugiu para a escuridão, desaparecendo entre as árvores.

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Rejeitada: A Luna do Alfa supremo
Excelente pena que nao tem o livro impresso....
Muito bom! Livro excelente! História bem amarrada! Estou quase no final! Recomendo!...