Rejeitada: A Luna do Alfa supremo romance Capítulo 99

A viagem de volta foi silenciosa, o carro deslizava pela estrada escondida entre a floresta, os dois adultos à frente e as duas garotas atrás. Amber olhava pela janela, os olhos secos, mas sem vida, ainda cheios de tristeza, não conseguia parar de pensar em sua mãe e em seu irmão… Onde Caleb estava? Será que ainda era um monstro? Será que estava bem? Seu aniversário já havia passado e, em alguns dias, seria lua cheia… Será que seu irmão recuperaria ao menos um pouco da consciência?

Lua, ao lado dela, apenas segurava sua mão, como se aquele simples gesto fosse a única coisa que podia impedir a amiga de desmoronar. Estava dando seu melhor para consolar Amber, mas também sentia seu coração rachando e se partindo em vários pedacinhos lentamente, em luto pela tia, pelo monstrinho que achava que nunca mais veria que agora era realmente uma fera de verdade.

Quando chegaram à Lua Sangrenta, Lyra fez questão de levar Amber até o quarto ao lado do de Lua. A alcateia parecia tranquila, mas havia uma tensão invisível no ar, como se todos sentissem a dor que vinha de Ventos Sombrios. No caminho, alguns lobos deram os pêsames e cumprimentaram Amber, todos sabiam quem ela era, afinal, a Ventos Sombrios era uma aliada próxima e Amber já esteve ali várias vezes durante a vida.

Lua ajudava Amber a arrumar algumas coisas, garantindo que a amiga ficasse bem instalada em seu quarto com ela, já que não queria deixar Amber sozinha, quando ouviram batidas na porta.

— Posso entrar? — a voz masculina veio hesitante.

As duas trocaram olhares, e Lua foi até a porta, abrindo-a, do outro lado, estava Tailon.

O filho de Solomon e Petra agora era um homem feito, com dezoito anos recém-completados. Alto, ombros largos, o corpo marcado pelos treinos, mas ainda havia algo de suave nele. Os cabelos ruivos, herdados do pai, caíam sobre a testa, e os olhos verdes encaravam Amber com um carinho que tentava esconder. Se parecia muito com Solomon, tanto fisicamente quanto em sua postura, que era sempre bastante séria.

— Amber… eu… eu sinto muito. — A voz dele tremeu e sem esperar resposta, ele a puxou num abraço forte.

Amber ficou tensa por um instante, mas logo desabou, enterrando o rosto no peito dele, chorando baixo, Tailon não disse nada, apenas a segurou. Os dois se conheciam desde criança, ele, Lua e Amber eram um trio inseparável, mesmo que, agora com todas as responsabilidades que Tailon tinha, ele ficasse mais distante.

Lua observava em silêncio, o coração apertado por ver a amiga finalmente chorar de novo.

— Minha mãe não conseguiu ir… — Tailon murmurou. — Ela não estava bem, mas ela queria que você soubesse que também tá sofrendo com você. Minha mãe e a sua… elas foram como irmãs, junto com a tia Lyra.

Amber apenas assentiu contra o peito dele.

O tempo passou devagar naquele quarto, quando Amber se acalmou, Tailon se afastou um pouco, passando a mão nos cabelos dela com cuidado.

— Se precisar de qualquer coisa… qualquer coisa mesmo… eu tô aqui. — disse com firmeza.

E mais uma vez, os olhos vermelhos surgiram.

O monstro de pelos brancos apareceu diante dela, maior do que qualquer pesadelo, rugindo em meio a uma guerra. Lobos gritavam, sangue manchava o chão, e o caos era absoluto.

Lua só conseguia correr, desviando das árvores e das raízes, mergulhando na escuridão da mata, tentando encontrar alguma luz alguma fuga, enquanto o monstro e os soldados a perseguiram por todos os lados. Então, de novo, o caminhou acabou, aquele penhasco se estendeu a sua frente e ela saltou, sem medo.

E, como no sonho anterior, a fera saltava junto, estendendo os braços monstruosos, agarrando-a no ar, protegendo-a contra tudo.

No meio do barulho da guerra, a voz ecoou de novo, mais forte, mais desesperada, sofrida como se a fera carregasse toda a dor do mundo em seu coração.

“Companheira.”

Lua acordou com um sobressalto, o peito arfando, o quarto estava silencioso, Amber dormia ao lado, mas a palavra ainda ecoava dentro dela, queimando como fogo em seu coração.