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A Babá Virgem e o Viúvo que Não Sabia Amar romance Capítulo 121

Lorenzo empurrou a porta da frente e entrou na mansão com um peso invisível nos ombros. A noite já havia caído há horas, e o ar fresco do lado de fora não foi suficiente para apagar a tensão que carregava do escritório. Aquele dia havia sido uma sucessão de reuniões intermináveis, contratos para assinar e decisões para tomar, mas, por mais que mergulhasse no trabalho, nada era capaz de afastar a lembrança de Isabella.

O hall estava silencioso, iluminado apenas pelas luzes de tom amarelado dos lustres de cristal. A casa, apesar de luxuosa, parecia vazia sem a presença dela e da filha. A ausência de Isabella tinha um peso físico, um vazio que se espalhava por cada canto da mansão. Ele tirou o casaco e o deixou sobre a poltrona ao lado da escada, soltando um suspiro pesado.

Cada passo que dava pelo corredor parecia ecoar demais. Tudo estava arrumado, como sempre, mas a ordem meticulosa não o acalmava. Pelo contrário, trazia uma sensação fria, impessoal. Como se aquela não fosse sua casa, mas apenas um lugar onde ele dormia.

A mandíbula estava contraída, e os olhos, antes dominantes e analíticos, agora estavam baixos, opacos. Ele não sabia mais como atravessar aquela ponte invisível entre ele e Isabella. E o pior, tinha plena consciência de que havia sido ele mesmo quem a incendiou.

Caminhou em direção à escada quando ouviu passos vindo da cozinha. Antonela, sua mãe, vinha com Marta, conversando sobre os arranjos da mesa de chá para o dia seguinte. As duas se calaram ao vê-lo. Ele apenas acenou com a cabeça, educado, mas seco, e continuou o caminho sem parar.

— Boa noite — disse ele, sem esperar resposta.

Antonela observou o filho subir os degraus com a rigidez de quem carrega um peso que já não sabe onde colocar. A tensão no maxilar, a pressa disfarçada em passos calculados, a ausência de brilho no olhar.

Marta, sempre contida, apenas olhou para Antonella com uma expressão discreta, mas significativa. As duas trocaram um olhar que dizia mais do que qualquer frase, algo estava errado.

Antonela suspirou baixinho, cruzando os braços sobre o peito com elegância e preocupação.

— Ele está distante. — comentou em voz baixa, como quem falava para si mesma. Marta respondeu com um leve aceno de cabeça.

— E não parece saber como voltar.

As duas permaneceram por mais alguns segundos em silêncio, ouvindo o som dos passos de Lorenzo sumirem no andar de cima. Antonella, com a sensibilidade de mãe, sabia que não era trabalho nem cansaço. Era outra coisa. Era o vazio moldado pela ausência de quem, até pouco tempo, enchia a casa com uma presença viva, vibrante e ela sabia que não era a ausência de Aurora.

A noite avançou lenta, e Lorenzo não conseguiu pregar os olhos.

Virava na cama inúmeras vezes, sentindo o peito apertar e a mente repleta de lembranças. Por fim, não aguentou. Levantou-se, com os cabelos levemente bagunçados, vestiu o robe e caminhou pelo corredor silencioso. Seus pés descalços mal faziam barulho sobre o piso de madeira, e a escuridão só era quebrada pela luz suave vinda das frestas do quarto ao fim do corredor.

Era o quarto dela.

A mão dele hesitou na maçaneta, mas, como se fosse puxado por uma força maior que a própria razão, ele a girou lentamente e entrou.

O quarto estava do jeito que Isabella havia deixado. As malas que ela levou haviam deixado um vazio nas prateleiras e na cômoda, mas o espaço ainda exalava o perfume dela. Um aroma doce, misturado a algo floral e fresco, como um sussurro invisível.

Lorenzo fechou os olhos por um momento, apenas respirando. Caminhou até a cama, com os dedos tocou o lençol, como se cada toque fosse um pedido silencioso de desculpas. Então pegou o travesseiro que era dela. Aproximou-o do rosto e inalou profundamente o perfume delicado. Um aperto tomou conta do peito, uma dor quase física.

— Isabella… — murmurou, com a voz rouca, quase quebrada.

Ele fechou os olhos, segurando o travesseiro contra o rosto como se aquilo pudesse trazê-la de volta. Por alguns minutos ficou assim, parado, absorvendo cada lembrança, cada toque enquanto a saudade doía dentro do peito e a dúvida o consumia:

Será que ela vai ficar quando voltar?

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