Isabella Fernandez
A madrugada já ia alta, e o silêncio da fazenda era quebrado apenas pelos sons distantes dos grilos e o assobio suave do vento entre as janelas. Aurora dormia profundamente no quarto ao lado, e eu tentava fazer o mesmo, mas não conseguia.
Virei de lado pela terceira vez, abraçando o travesseiro como se ele pudesse preencher o vazio que latejava dentro de mim desde que deixei a mansão.
Desde que deixei… ele.
Suspirei fundo. Não podia continuar assim. Não podia continuar pensando em Lorenzo. Ele era meu patrão, um homem viúvo, marcado por tragédias… e eu, apenas a babá que tinha se apaixonado por ele. A noite em que fui dele, seria a única lembrança que teríamos de nós dois, eu precisava esquecer, mas todas as vezes que fechava os olhos, eram os olhos dele que surgiam em minha mente. Os azuis como o céu antes da tempestade.
Frios, às vezes. Quentes, outras. Principalmente quando me tocava…
Naquela noite, o peso da saudade, da tensão e do desejo se fundiu em algo que meu corpo já não conseguia controlar. E, quando finalmente adormeci… ele veio.
No sonho, eu estava de volta à mansão. Os corredores estavam envoltos por uma penumbra dourada, e tudo ao redor parecia carregado de uma expectativa silenciosa. Meus pés descalços tocavam o chão frio de mármore, mas eu não sentia frio. Sentia antecipação. Meu coração batia rápido, meus sentidos estavam aguçados. E então, ele surgiu.
Vestia apenas uma camisa branca com os primeiros botões abertos, revelando o início do peito e uma calça escura que realçava cada linha do seu corpo forte. Os cabelos um pouco bagunçados, como se tivesse acabado de acordar ou acabado de sonhar comigo.
Meus olhos o devoraram como se fosse a primeira vez.
— Isabella… — ele disse, mas não era uma saudação. Era um sussurro rouco, cheio de desejo.
Não respondi. Não precisava. Nossos corpos já falavam por nós.
Ele se aproximou lentamente, como um predador prestes a devorar sua presa. Mas seus olhos diziam outra coisa. Eles estavam famintos, sim, mas também… perdidos. Como se encontrar a mim fosse o único caminho de volta para casa.
E então ele me tocou.
Suas mãos grandes e quentes deslizaram pelas minhas costas nuas. No sonho, eu usava uma camisola de seda clara, quase translúcida. Sentia o tecido roçar levemente meus seios, já eriçados pelo simples fato de estar perto dele.
— Por Deus… — ele murmurou, com a testa colada à minha. — Você não sai da minha cabeça.
Sua boca encontrou a minha, e o mundo desapareceu.
Seus lábios me beijavam com sede, com raiva, com necessidade. Suas mãos me puxavam pela cintura como se quisessem me fundir ao seu corpo. Era mais do que desejo. Era urgência, desespero.
As costas encostaram na parede fria do corredor, e meu corpo arqueou involuntariamente. Gemi contra sua boca, sentindo o centro do meu corpo latejar, implorar, clamar por ele.
— Eu deveria te odiar… — sussurrei, enquanto ele beijava meu pescoço com fervor. — Depois do que disse…
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