O dia começava a nascer devagar, com aquela luz tímida que entra de mansinho, tingindo tudo de tons dourados e rosados. As cortinas de linho claro deixavam passar o brilho suave da manhã, projetando sombras leves no quarto. O ar fresco trazia consigo o cheiro limpo da chuva que havia caído durante a noite, misturado ao perfume de pele quente e lençóis amassados.
Isabella despertou lentamente, como se o corpo ainda estivesse preso ao calor da noite anterior. A primeira coisa que Isabella sentiu foi o calor.
Não o calor abafado de um quarto fechado, mas aquele que vinha de um corpo colado ao seu, sólido, quente, presente.
Abriu os olhos devagar e encontrou a penumbra suave da manhã entrando pelas frestas da cortina. A luz dourada se derramava pelo quarto, iluminando os lençóis amassados que ainda guardavam o cheiro deles, uma mistura de perfume amadeirado, suor e algo mais íntimo, impossível de confundir.
Lorenzo estava ao seu lado, deitado de costas, a respiração lenta, o braço esquerdo estendido sobre o travesseiro como se tivesse sido o lugar dela a noite inteira.
O lençol mal cobria seus quadris, deixando à mostra o contorno definido das suas costas, o desenho dos músculos dos ombros e o início das veias que percorriam os braços. Isabella não precisou de muito esforço para lembrar de cada toque, cada movimento, cada vez que ele a fez perder o fôlego horas antes.
Ela virou o rosto, permitindo-se observá-lo com calma. O cabelo levemente bagunçado, a barba sombreando o maxilar, os lábios relaxados… e mesmo assim, havia nele aquela imponência silenciosa que parecia natural, como se não precisasse fazer nada para dominar o espaço. Isabella se pegou imaginando que, se pudesse, ficaria horas apenas olhando para ele assim, vulnerável e ao mesmo tempo inacreditavelmente seguro de si.
Quase sem perceber, sua mão se moveu, desenhando caminhos preguiçosos pelo peito nu dele, descendo pelo abdômen firme até parar pouco acima do lençol. Sentiu o calor aumentar debaixo dos dedos e sorriu sozinha.
Um som grave, carregado de sono e desejo, escapou dos lábios dele.
— Continua… — murmurou, sem abrir os olhos, a voz rouca vibrando contra o silêncio da manhã.
Isabella mordeu o canto da boca.
— Achei que estivesse dormindo.
Ele abriu um dos olhos, apenas o suficiente para que o azul intenso brilhasse sob a luz suave.
— E perder isso? — a boca se curvou num sorriso lento. — Nem pensar.
Com um movimento súbito, Lorenzo puxou-a para cima dele, fazendo-a soltar um riso baixo, surpreso. As mãos grandes subiram pelas costas nuas dela até o pescoço, e ele a prendeu contra si.
— Bom dia… — disse, a voz grave e rouca.
— Bom dia… — ela respondeu, tentando manter o tom leve, mas o rubor já subia às bochechas.
Ele soltou um breve riso e, sem cerimônia, puxou o lençol que ela tentava segurar.
— Não adianta se esconder. — provocou, os olhos percorrendo seu corpo nu, ainda marcado pelas mãos dele. — Já vi tudo… e pretendo ver de novo.
Isabella revirou os olhos, mas não protestou quando ele se aproximou, envolvendo-a com o braço e colando seu corpo ao dele. A pele contra pele reacendeu memórias imediatas da noite anterior, e o calor que subiu pelo corpo dela não tinha nada a ver com a temperatura do quarto.
— Dormiu bem? — ele perguntou, deslizando a mão pela curva da cintura até o quadril.
— Depois de tudo o que você fez? — ela respondeu, com um meio sorriso. — Acho que apaguei.
— Hum… — ele inclinou o rosto, roçando os lábios no pescoço dela e sua mão descia até o meio de suas pernas. — Eu não me lembro de você dormir muito… lembro mais dos seus gemidos.
— Lorenzo… — ela tentou protestar, mas a palavra morreu quando ele inclinou o rosto e a beijou. O beijo foi devagar no início, um roçar de lábios que parecia explorar a lembrança da noite anterior, mas logo ganhou intensidade, aprofundando-se até que ela se esquecesse de respirar.
O corpo de Isabella reagiu de imediato, movendo-se sutilmente contra o dele, e Lorenzo apertou mais sua cintura, como se quisesse lembrá-la de que ela pertencia exatamente ali.
Lorenzo não esperou resposta completa. Mordeu o próprio lábio num sorriso perigoso e, num movimento só, ergueu Isabella nos braços. Ela se agarrou ao pescoço dele, rindo baixo, as pernas encaixando na cintura dele como se tivessem sido feitas para aquilo.
— O que acha de tomarmos um banho? — ele perguntou, já atravessando o quarto, a voz grave esbarrando no ouvido dela. A mão livre desceu por sua coluna, encontrando o caminho entre suas coxas e tocando onde ela já estava quente e molhada. Isabella arfou gemendo ainda mais alto.
Ele riu baixo contra a boca dela e, sem diminuir o ritmo, a carregou nos braços e empurrou a porta do banheiro com o ombro. O azulejo claro refletiu as luzes âmbar, o espelho desenhou os dois em movimento. Lorenzo a colocou sentada de leve na bancada de mármore, mantendo-a presa pela cintura. Abriu o registro do chuveiro, deixando o jato cair primeiro morno, depois quente, e o vapor começou a subir devagar, abafando o espelho do banheiro.
— Só se você pedir… — Isabella sorriu, atrevida, e o beijou de novo, profundo, até os dois perderem a noção do tempo. — Isabella segurava o seu membro rijo e grande enquanto o masturbava devagar.
A água continuou caindo, costurando a cena com um ruído constante. Lorenzo a girou outra vez, encostando a testa na dela e respirou junto, alinhando os dois como quem acha a casa dentro do próprio corpo.
— Eu te quero… — ele disse, claro, sem rodeios.
— Então vem… — ela respondeu, a voz baixa, segura.
Ele a ergueu mais uma vez, e a invadiu lentamente. O ritmo começou contido e foi crescendo com urgência. A água quente virou aplauso, o vidro embaçado virou cortina, e os nomes deles, ditos entre beijos, entre mordidas, entre risos apertados para não acordar a casa, viraram oração.
Quando o clímax os alcançou, não foi um estouro, foi uma onda que subiu lenta, inevitável, até quebrar inteira, derramando calor por dentro e por fora. Isabella prendeu o rosto de Lorenzo com as duas mãos, e o beijou. Ele a segurou com força, ancorando os dois no meio do mar que os sacudia.
Ficaram assim alguns segundos, respirando, rindo baixinho da falta de fôlego, e do que tinham acabado de fazer.
— Se isso foi “mais um pouco” da noite… — Isabella encostou a boca na orelha dele, e sorrindo disse: — Quero todas as sobras.
— Gananciosa… — ele brincou, mordendo o queixo dela. — Mas eu gosto de saber que quer mais.
Ele desligou o chuveiro, ainda a mantendo nos braços. O silêncio que veio depois parecia ainda mais íntimo do que a água. Lorenzo a colocou no chão com cuidado, enrolou um roupão ao redor dela e outro ao redor de si. Antes que pudessem sair, roubou mais um beijo, lento desta vez, daqueles que prometem amanhecer.
— Vem. — disse, a testa colada na dela. — A cama ficou com ciúmes.
— Então vamos resolver isso. — Isabella sorriu, os olhos brilhando.
E, de mãos dadas, deixaram o vapor para trás, levando com eles o calor suficiente para incendiar o resto da madrugada.

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