Isabella Fernandes
A mansão ainda parecia adormecida, como se estivesse presa em um transe silencioso após o furacão do dia anterior. O ar estava denso, carregado de lembranças que ainda vibravam sob minha pele. Eu não conseguia esquecer a forma como Lorenzo me defendeu , como sua voz cortou o ar em defesa da minha honra, feroz e protetora. Aquilo mexeu comigo de um jeito que eu não sabia explicar. Nem queria. Só sabia sentir.
Eu precisava encontrar uma forma de mostrar minha gratidão. Não com palavras vazias, mas com um gesto silencioso, à altura da intensidade que nos envolvia. Então, quando vi Marta preparando a bandeja do café da manhã, algo em mim se acendeu.
— Deixe que eu levo. — disse, com a voz mais baixa do que pretendia.
Ela me olhou, surpresa. Talvez tivesse notado a inquietação nos meus olhos, mas não questionou. Apenas assentiu e me entregou a bandeja com um olhar carregado de cautela.
Subi com a bandeja do café, tentando me convencer de que era apenas gratidão. Mas cada passo me desmentia. A porcelana tilintava discretamente, acompanhando a batida descompassada do meu coração. O calor que emanava do bule era quase reconfortante, mas o calor verdadeiro, o que me consumia por dentro, vinha de outro lugar, do desejo que eu tentava sufocar desde que nossos olhos se encontraram naquele corredor. Desde que ele me olhou como um homem olha uma mulher que não deveria desejar.
Parei diante da porta do quarto dele e minhas mãos tremiam.
Bati uma vez. Esperei e bati novamente.
Silêncio.
A maçaneta girou com um leve estalo sob meus dedos. Entrei com o cuidado de quem invade um templo sagrado. A luz filtrava-se pelas cortinas de linho, dourando o ambiente com uma claridade morna e íntima. Coloquei a bandeja sobre a mesa lateral. Ia sair. Juro que ia. Mas então… o som me alcançou.
Baixo. Áspero. Inconfundível.
Uma respiração pesada, entrecortada. Um gemido contido, quase rouco.
Meu corpo gelou por fora e incendiou por dentro.
O som vinha do banheiro. E eu soube, instintivamente, sem qualquer dúvida, o que estava acontecendo ali dentro. A porta estava entreaberta, um fio de vapor escapando por ela como um convite proibido. Eu devia ter saído, mas minhas pernas me traíram levando-me até a fresta.
E eu vi. E meu coração pareceu parar.
Lorenzo estava ali, de costas parcialmente voltadas para a porta, nu, com o corpo banhado pela penumbra quente do vapor. A pele úmida escorria em gotas lentas por entre os músculos das costas, descendo pelas linhas rígidas do seu torso até se perderem na curva dos quadris.
Mas foi a sua mão que me deixou sem ar.
A mão grande, firme, deslizava sobre o próprio sexo em movimentos lentos, torturantes. E era impossível não notar o tamanho dele, grosso, pulsante, incrivelmente ereto. Cada vez que seus dedos fechavam em volta do próprio prazer, o corpo todo estremecia em ondas contidas de desejo. A outra mão segurava-se na borda da pia, os dedos enterrados na madeira como se lutasse para se manter em pé.
Minha boca secou. Meu ventre se contraiu. Um calor pulsante se espalhou entre minhas pernas, úmido, intenso, como se o simples fato de vê-lo me invadisse por dentro.
E então ele falou.
— Isabella…



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