John
John permaneceu imóvel, encarando a janela, mas alheio ao belo jardim e pensou com amargura no comportamento de Elizabeth.
Ela não gritou. Não discutiu. Não se fez de vítima. Aceitou tudo com aquele maldito olhar resignado. A mulher o intrigava.
"Por que ela não reage como todas as outras?"
Esperava desespero. Manipulação. Uma cena dramática ou usar charme barato, ou alguma tentativa de fingir sensibilidade para atraí-lo. Mas em vez disso... ela apenas se calava.
Fechou os olhos por um instante, a imagem dela se repetindo por trás das pálpebras. Lembrou-se do tempo em que achava aquela mulher encantadora, doce, simples com aquele olhar angelical...
Até descobrir o contrato, as cláusulas frias e calculadas, a "negociação" que o colocou num casamento que ele havia idealizado bem diferente
"Ingênuo... idiota." — murmurou para si, voltando a abrir os olhos.
John se afastou da janela com um suspiro longo, enfiando as mãos nos bolsos da calça. Precisava se lembrar do motivo de tudo aquilo.
"Três anos. Apenas três anos. Depois disso, cada um segue seu caminho."
*****
Elizabeth
Elizabeth foi para o local que se tornaria seu refúgio, o quarto dos fundos.
Sentou-se na beirada da cama e deixou as mãos caírem no colo. Estavam frias e as lágrimas finalmente desceram sem controle.
A dor vinha em ondas. Primeiro, uma pontada no estômago. Depois, um aperto no peito. E por fim, a lembrança da voz dele:
“Você é apenas alguém que se vendeu.”
“Em três anos, quero você fora daqui”
Ela se curvou para frente, o rosto entre as mãos, e chorou em silêncio. Sem soluços, sem escândalo.
"Eu não me vendi..." — pensou, apertando o lençol entre os dedos. — "Eu só queria ser amada."
Talvez ele a visse como um erro, uma mentira. Mas ela não deixaria que isso a definisse.
“Não fique triste, minha filha... a mamãe vai encontrar o papai do céu.”
“Mesmo quando estiver muito triste, ou se sentir sozinha... nunca se esqueça de Deus. Ele está sempre com você.”
Agora, essas palavras ecoavam em sua mente como um sussurro divino. Naquele momento elas faziam mais sentido do que nunca.
Depois da morte da mãe, o pai se afastou completamente da igreja. A dor o havia endurecido o tornando um homem apático.
Elizabeth, mesmo criança, continuou com suas orações. Era a forma de pensar que a mãe estava por perto.
Mais tarde, já crescida, voltou a frequentar as missas por conta própria, e participar dos grupos de jovens. A fé se tornou seu refúgio e fortaleza.
Elizabeth ajoelhou-se no chão duro, juntou as mãos e rezou como nunca havia rezado antes.
Não pediu por vingança. Só pediu forças para suportar e continuar amando, mesmo em meio à dor e principalmente por John para que ele viesse a enxergar que ela o amava.
E ali, entre lágrimas e preces silenciosas, sentiu um consolo que não vinha do mundo exterior, mas de algo muito mais profundo.
Ela não estava sozinha.

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Amargo Contrato de Casamento
Olá, quero deixar aqui meus sinceros parabéns por essa linda história, eu amei. Que Deus abençoe vc e toda a sua família...
História linda e emocionante como a fé e o amor são capazes de transformar vidas....
Maravilho...