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Amargo Contrato de Casamento romance Capítulo 101

John

Na manhã seguinte, John chegou mais tarde à sede do Grupo Walker. O motorista abriu a porta do carro executivo, e ele desceu ajustando o paletó com uma das mãos, enquanto a outra segurava firmemente sua pasta de couro preta.

Passou pelo porteiro que, como sempre, lhe desejou um educado “bom dia”, mas foi completamente ignorado. Continuou seu caminho pela recepção, ignorando a todos, até mesmo a recepcionista que, após hesitar por alguns segundos, pegou o telefone discretamente, anunciando sua chegada ao andar executivo.

— O senhor Walker acaba de chegar — avisou com a voz baixa, quase sussurrada, como se anunciar a presença dele exigisse certo cuidado.

Ele havia se barbeado, as olheiras dos últimos dias haviam diminuído, mas seu semblante continuava duro e frio, como pedra esculpida. Ninguém ousava encará-lo diretamente. Ao chegar no elevador, as pessoas que aguardavam abriram caminho imediatamente, afastando-se em silêncio respeitoso. John entrou sozinho, sem olhar para ninguém.

— Bom dia — respondeu ele, seco, sem sequer diminuir o passo.

Ao sair, caminhou até a antessala, onde Anne já o aguardava em pé, organizada como sempre.

— Bom dia, senhor Walker — cumprimentou ela, com a postura firme de quem sabia que não devia demonstrar nervosismo.

— Bom dia. — Sua resposta saiu breve e seca.

Entrou em sua sala, e lá encontrou Bruce, já à frente do computador na mesa de apoio.

— Bom dia, senhor Walker — disse Bruce, levantando o olhar. Notou que, embora o chefe ainda estivesse com a expressão carregada, ao menos sua aparência era mais descansada.

— Alguma novidade? — John perguntou direto, ainda que soubesse que, se houvesse algo relevante, já teria sido informado.

Bruce soltou um leve suspiro antes de responder:

— Infelizmente, nenhuma, senhor.

A referência implícita era clara: Elizabeth ainda estava desaparecida.

John suspirou, recostou-se na mesa e pegou o celular. Fez a ligação.

— Senhor Walker, bom dia — atendeu Carlson, com a habitual voz grave e séria.

— Algum avanço nas investigações? — perguntou indo direto ao ponto.

— Nenhum até o momento, senhor. Utilizamos todos os recursos: rastreamento facial em aeroportos, rodoviárias, fronteiras… Nada até agora.

John fechou os olhos, massageando a testa.

— E quanto ao Saints?

— Sem alteração. Mesma rotina, nada que levante suspeitas.

A impaciência transbordou em sua voz.

— Redobrem os esforços. Estou perdendo a paciência.

— Sim, senhor. Estamos intensificando o monitoramento.

John desligou sem se despedir. Recostou-se na cadeira, o rosto tenso. Não tinha mais o que fazer, precisava se concentrar no trabalho. O mundo dos negócios era uma selva pronta para te devorar se não estiver atento.

— Bruce, precisamos terminar a revisão das cláusulas de confidencialidade e a projeção de retorno fiscal.

— Já deixei adiantado, senhor. Fiz anotações nas principais inconsistências. Falta apenas sua validação para darmos prosseguimento aos trâmites.

— Ótimo. Pode me passar.

Bruce entregou o tablet e eles permaneceram concentrados, revisando cada detalhe jurídico e financeiro. Quando terminaram de revisar todas as cláusulas, John olhou para o relógio, já era quase meio dia.

Geralmente John sempre tinha algum almoço de negócios, quando não tinha compromissos externos, preferia pedir para servir o almoço no próprio escritório ou raramente ia ao refeitório da empresa.

— Eu dei espaço. Fiquei mais de uma semana sem procurá-lo. Sem mensagens, sem ligações, nenhuma aparição em eventos sociais. E ele? Nem sinal de vida. — Fez uma pausa, os olhos endurecendo. — Mas isso vai mudar.

Martha ergueu o olhar, curiosa.

— O que pretende fazer?

Pamela sorriu de canto. Era o sorriso que ela reservava para os momentos em que traçava planos com precisão cirúrgica.

— Se ele não vem até mim... eu irei até ele. E desta vez, John Walker vai ter que me ver.

Seu olhar endureceu, decidido. Sabia exatamente o que fazer para atrair John Walker de volta para sua órbita.

*****

John

O refeitório executivo do Grupo Walker mais parecia o restaurante de um hotel cinco estrelas do que um simples espaço corporativo. O ambiente era amplo, moderno, com painéis de madeira clara nas paredes e janelas envidraçadas que iam do chão ao teto, revelando uma vista panorâmica da cidade. As mesas, bem espaçadas, eram confortáveis com cadeiras estofadas em couro, e arranjos discretos de flores frescas decoravam o centro de cada uma.

Funcionários bem vestidos circulavam em conversas tranquilas, alguns de crachá dourado, sinalizando posições de liderança. O aroma no ar era convidativo, a cozinha era comandada por um chef graduado.

No buffet, pratos elaborados eram apresentados com requinte. O cardápio do dia era convidativo: risoto de cogumelos, salmão ao molho cítrico, filé ao poivre, purê de batatas trufado, legumes grelhados ao azeite de oliva extravirgem, arroz branco, além de uma estação de saladas orgânicas e sobremesas gourmet.

Quando John entrou no refeitório, o barulho das conversas cessou quase que imediatamente. Todos os olhares se voltaram para o presidente do Grupo Walker. Ele não parecia se importar com a atenção que recebia. Com os olhares surpresos de uns e receio e até medo de outros.

Bruce caminhava ao seu lado, discreto e atento, com um leve sorriso ao ver a expressão das pessoas vendo o presidente entre eles. Os dois dirigiram-se ao buffet sem alarde. John serviu-se com: salmão grelhado com crosta de ervas, aspargos salteados e arroz integral com lâminas de amêndoas. Escolheu uma água mineral com gás importada. Bruce seguiu o exemplo, com variações mínimas no prato, como se seu bom senso o impedisse de destoar.

Diferente das poucas vezes anteriores, John não se isolou na mesa dos executivos no reservado. Em vez disso, seus olhos varreram o salão até pousarem numa mesa discreta onde duas funcionárias riam baixinho, trocando confidências entre garfadas. Ao notarem o presidente aproximando-se, os talheres congelaram no ar.

Uma delas era a recepcionista do térreo que olhou aterrorizada ao ver que o presidente estava se direcionando justamente para a mesa dela.

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