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Amargo Contrato de Casamento romance Capítulo 104

Elizabeth

Elizabeth agradeceu com um sorriso discreto quando a garçonete da cafeteria colocou mais um pedaço de torta sobre a mesa. A jovem garçonete sorriu de volta com um sorriso simpático. Assim como ela, as pessoas na cafeteria estavam admiradas com a presença daquela bela jovem de traços delicados e olhar sereno, que irradiava uma graça angelical, quase etérea.

Sentada próxima à uma janela panorâmica, Elizabeth parecia alheia aos olhares curiosos. Estava ali há algum tempo, rodeada de anotações e folhetos de imobiliárias locais. Após dias explorando cada rua daquela pequena cidade turística, finalmente encontrou o lugar perfeito: um restaurante de arquitetura clássica, que havia sido desativado a pouco tempo, mas com potencial para se tornar o restaurante dos seus sonhos.

Suspirou enquanto observava atentamente o movimento das pessoas pelas ruas ladeadas por construções do início do século passado. Era tudo tão charmoso. A cidadezinha, famosa entre turistas da capital, tornou-se um refúgio nos fins de semana, atraindo famílias e casais em busca de sossego, clima de montanha e boa comida.

Era uma nova fase. Depois de um casamento marcado pela dor, pela humilhação silenciosa e pela solidão, ela finalmente ousava recomeçar. Tentava reconstruir sua vida com suas próprias mãos.

Mas, mesmo sentindo a brisa suave daquela tarde de outono, ainda havia um frio constante em seu peito. Ainda pensava em John… ainda o amava. Mas precisava esquecê-lo. Concentrava-se no projeto de abrir seu próprio restaurante como uma forma de sobreviver à ausência dele.

Pegou o celular e digitou o número que estava fixado num cartaz na fachada do restaurante ali perto.

— Alô? — A voz do outro lado soou com uma nota de dúvida.

— Boa tarde, meu nome é Elizabeth e estou ligando sobre o restaurante que está com placa de aluga se.

— Ah. Sim… claro. Meu nome é Frank West. Em que posso ajudá-la?

— Senhor West, eu tenho interesse em abrir um restaurante na cidade e gostaria de agendar uma visita.

— Sim. No momento estou em viagem e assim que retornar podemos agendar um horário.

Elizabeth deu um suspiro leve.

— Tudo bem. O senhor tem previsão de quando volta?

— Na semana que vem, é o tempo de resolver alguns assuntos. — A voz do senhor West parecia transmitir certa maturidade. — Vou anotar seu contato e assim que retornar eu te ligo. Tudo bem?

— Sim, claro.

— Qual seu nome mesmo?

— Elizabeth, apenas Elizabeth.

— Ok, Elizabeth. Até mais.

— Obrigada, senhor West.

Assim que encerrou a chamada, procurou um de seus contatos e digitou uma mensagem para Adam:

“Acho que encontrei o local perfeito.”

A resposta veio quase instantaneamente:

“Fico feliz, sócia. E como você está?”

Elizabeth hesitou antes de responder. Seus olhos marejaram sem que percebesse. Respirou fundo, forçando a si mesma a acreditar.

“Bem. Feliz por estar perto de realizar meu sonho.”

Em parte, era verdade. Mas Adam sabia que a felicidade dela era incompleta.

“Vou assim que puder. John ainda está me vigiando.”, escreveu ele logo em seguida.

Elizabeth franziu o cenho, surpresa.

“Não entendo por quê. Ele agora é livre.”

Adam conhecia bem o temperamento de John Walker. Não queria alarmá-la ainda mais, então poupou detalhes. Apenas respondeu:

“Eu e Sara vamos te visitar assim que despistarmos nossos vigilantes. O que não é difícil” e enviou uma carinha gargalhando.

Elizabeth sorriu de leve, sentindo um calor suave no coração.

“Ele pode te procurar só para se vingar.”

Elizabeth acabou concordando. O susto veio quando Adam a avisou, no mesmo dia de seu desaparecimento, que John realmente estava à sua procura. E furioso.

O que parecia um plano digno de filme virou motivo de temor. Ela conhecia o marido e sabia do que ele era capaz nos acessos de fúria.

O plano incluía não usar cartões, não assinar nada em seu nome e evitar qualquer lugar com câmeras, ele a aconselhou a usar sempre um chapéu para encobrir o rosto.

Elizabeth possuía algumas economias guardadas desde os tempos de faculdade. Seu pai lhe enviava mais do que o necessário, e ela planejava abrir um pequeno negócio no ramo da gastronomia.

Sacou o valor um mês antes de partir e seria suficiente para viver por um bom tempo.

Adam ofereceu ajuda financeira, mas ela recusou. Aceitou apenas a sociedade no restaurante que desejava abrir.

Fim do flashback

Algumas semanas haviam se passado desde que Elizabeth havia deixado John. Nesse tempo, ela organizou o apartamento simples, mas com bom gosto, comprou roupas claras e floridas, iniciou o plano de negócios do restaurante e passou a frequentar a igreja local. Logo, ganhou o carinho da comunidade com sua serenidade, doçura e talento como pianista e cantora voluntária nas missas.

Tudo parecia bem… exceto por uma coisa: ela ainda não esquecia de John. Mesmo longe, mesmo depois de tudo… ela ainda pensava nele e rezava por ele.

Constantemente buscava notícias dele em jornais e redes sociais, mas encontrava muito pouco. Apenas notícias sobre negócios de como o grupo Walker crescia em importância mundial. Nenhuma menção à separação, tampouco um novo romance. Nem os sites de fofoca tinham algo a dizer. John Walker simplesmente desapareceu dos holofotes.

Após terminar sua torta e o último gole de café, pagou a conta em dinheiro e saiu, caminhando pelas ruas de pedra sob a luz suave do entardecer.

Usava um chapéu de aba larga, elegante e levemente inclinado, adornado com uma fita de cetim azul que combinava perfeitamente com o vestido azul celeste em estilo vintage. O tecido leve e delicado balançava suavemente a cada passo. O corpete ajustado realçava sua cintura fina, enquanto a saia ampla e volumosa se abria em ondas graciosas, esvoaçando ao redor de suas pernas com um charme atemporal. Caminhava ereta, com uma elegância natural que a fazia parecer flutuar. Evitava encarar diretamente as câmeras de segurança, mantendo a cabeça discretamente inclinada e o rosto parcialmente oculto sob a aba do chapéu. Muitos olhares se voltavam para ela, especialmente os masculinos, mas Elizabeth não parecia notar. Ou simplesmente não se importava.

Não queria se envolver com ninguém. Antes de qualquer coisa, precisava formalizar a anulação de seu casamento perante a Igreja. Mas adiava esse passo. Seu coração… ainda era de John.

Alheia aos olhares e absorta em seus pensamentos, Elizabeth não percebeu o homem que vinha na direção oposta, os passos desacelerando à medida que se aproximava. Era um homem de presença marcante, traje alinhado, barba por fazer e olhar atento, carregando uma expressão de surpresa silenciosa ao vê-la. Ao cruzarem-se, ele parou instintivamente, virou-se para observá-la enquanto ela se afastava, a saia rodando ao sabor do vento, os cabelos cor de mel presos por uma fita azul, com algumas mechas soltas emoldurando o perfil delicado de seu rosto.

"Que mulher linda…", pensou, ainda imóvel, os olhos acompanhando cada passo dela como quem contempla uma visão rara. Havia nela uma beleza serena, quase etérea. Uma mistura de graça e elegância silenciosa que parecia não pertencer a este tempo. Por um instante, teve a sensação estranha de ter presenciado algo que não poderia ser esquecido daquela beleza pura e elegância fascinante.

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