Elizabeth
Elizabeth desligou o telefone e permaneceu com o aparelho entre as mãos por alguns segundos. Um suspiro profundo escapou de seus lábios enquanto seus olhos se perdiam pela janela do pequeno apartamento.
Sentada no sofá, abraçou as próprias pernas, recolhendo-se como uma criança que tenta se proteger do frio. Sentia-se frágil, exposta, quase quebrada. As palavras de Sara ainda ecoavam em sua mente:
“Adam ainda está desconfiado.”
Elizabeth também pensava assim. Conhecia bem aquele homem. Sabia que John não dava um passo sem ter um propósito oculto por trás. Ele era um estrategista nato, frio e calculista, capaz de subjugar qualquer adversário com poucas palavras ou um único olhar.
Mas então, por que ele ainda a procurava? Tinha visto as fotos recentes, ele parecia tão feliz ao lado daquela mulher, Pamela White, elegante, sorridente. Um casal perfeito aos olhos do mundo.
Para Elizabeth, tudo não passava de um capricho do orgulho ferido de John. Ele queria encontrá-la apenas para reafirmar seu poder, para lembrá-la de que ninguém jamais o deixava sem sua permissão. E esse pensamento a fazia tremer.
Apesar de John não aparentar ser violento fisicamente, havia momentos em que sentia que ele era capaz disso, seus olhos escureciam de fúria, sua postura se tornava ameaçadora, mas ele sempre conteve o gesto. No entanto, suas palavras eram brutais e cruéis como facas afiadas.
Por um instante, Elizabeth se perguntou se deveria ter aguardado mais um dia antes de partir. Nos dois anos anteriores, John sequer se lembrou do aniversário de casamento. Talvez, naquele dia, ele nem lembrasse. Talvez fosse apenas mais um dia comum, sem qualquer significado para ele.
Mas, ainda assim, ela sabia que não conseguiria viver à sombra do medo de, a qualquer momento, ser expulsa de casa como havia dito:
“Em três anos quero você fora desta casa”
Essas palavras martelavam em sua cabeça. Não, ela não suportaria aquilo. Elizabeth havia chegado ao seu limite. E como prometeu a si mesma desde o início, ficaria até o último dia e então partiria sem ressentimentos. Foi o que fez.
Só que…
“Por que eu ainda o amo tanto?”, repetiu em pensamento, apertando os olhos com força, como se pudesse expulsar aquele sentimento de dentro de si apenas com a vontade. Mas o amor continuava ali, doendo.
No fim daquela tarde, voltou à igreja. Sentou-se no último banco, ajoelhou. Dessa vez, não chorou. Ficou apenas olhando o altar iluminado, onde a imagem de Cristo a observava com compaixão.
— Deus… se ele ainda estiver no meu caminho… me mostra. Mas, se não… por favor… me ensina a seguir sem ele.
Fechou os olhos e permaneceu em silêncio, sentindo que, mesmo sem resposta, aquele era o único lugar onde encontrava paz.
******
Adam e Sara
Adam saiu cedo naquela manhã. Diferente das vezes anteriores, era ele quem estava ao volante. Passou pela casa de Sara e seguiram em direção ao litoral.
Antes de partir, havia orientado seus seguranças a manterem distância, com o objetivo de observar se estavam sendo seguidos.
Entrou pelas ruas secundárias, atento ao retrovisor. Não demorou até notar um carro prata logo atrás, mantendo uma distância suspeita.
— Acho que estamos sendo seguidos — comentou, sem tirar os olhos da estrada.
— Então você estava certo... me lembre de nunca discutir com você — respondeu Sara, com bom humor.
— Pelo menos mudaram a cor do carro. O preto chamava demais a atenção — disse ele, satisfeito com sua percepção.
Acionou o bluetooth do carro e fez uma ligação rápida.
— Santiago, acho que temos companhia — avisou.
— Sim, senhor. Já identificamos o carro prata — respondeu o chefe de segurança.
— Mantenham distância. Vou confirmar se estão realmente nos seguindo. Sigam o plano.
— Entendido.
Adam então parou em um posto de gasolina e estacionou próximo à loja de conveniência. Desceu e ajudou Sara, abraçando-a como um namorado apaixonado.
Do outro lado do estacionamento, o carro prata também parou. Adam fingiu não perceber e, de mãos dadas com Sara, entrou na loja.
Compraram itens típicos de um piquenique, riram e conversaram como um casal em férias. Nenhum olhar suspeito foi lançado ao carro onde dois homens observavam atentos.
Quando partiram, o carro prata voltou a segui-los discretamente.
— John precisa contratar homens mais discretos — ironizou Adam, visivelmente se divertindo com a situação.
Mais adiante, os dois carros dos seguranças de Adam começaram a se mover.
A pista, com duas faixas, facilitou a manobra: os veículos se posicionaram entre o carro de Adam e o carro prata, reduzindo a velocidade e segurando o trânsito.
Isso criou uma distância estratégica, e os homens de John começaram a se agitar, tentando ultrapassar.
Adam ligou novamente.
— É claro… — murmurou, pensativo, e voltou-se para Bruce. — Ela não está na cidade. Já teríamos encontrado. E também não saiu sozinha. Alguém a levou para algum lugar próximo, de carro.
Um sorriso irônico surgiu em seus lábios.
— Saints… tenho que admitir, você foi esperto.
Então se virou com determinação:
— Mande Carlson vasculhar toda a região litorânea. Agora.
— Sim, senhor — respondeu Bruce, saindo com pressa.
John permaneceu sozinho, olhando pela janela com expressão dura. Mas algo em seu semblante havia mudado.
Quando começou a procurar por Elizabeth, era por orgulho, raiva e vingança por ela ter tido a coragem de deixá-lo.
Agora, ele queria encontrá-la por um motivo diferente. Porque se desejava um casamento de verdade, teria que conquistá-la.
— Elizabeth… eu vou te achar — murmurou, como uma promessa.
*****
Bruce entrou a passos largos e o rosto tenso na sala de Inteligência. Carlson ao vê-lo sabia que o chefe tinha enviado novas ordens.
— Senhor Pratt.
— Novas ordens. - Foi logo dizendo - Revirem o litoral de cabeça para baixo.
— Sim, senhor. Já imaginava, por isso já consegui acesso às câmeras de vigilâncias, também já mandei fazer uma varredura em hoteis, casas alugadas, qualquer coisa em nome da senhora ou do doutor Saints, estamos nos empenhamos, se ela estiver em algum lugar no litoral… Nós a encontraremos.
— Ótimo.
Bruce o cumprimentou com um gesto de cabeça e deixou a sala. Carlson voltou-se para as telas a sua frente e sem nenhuma reação apenas murmurou para si:
— O litoral é muito grande. - Depois para a equipe. - Muito bem, temos muito trabalho, estejam atentos a descrição passada. Nenhuma suspeita pode passar.
A resposta foi o silêncio da equipe atenta.

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Amargo Contrato de Casamento
Olá, quero deixar aqui meus sinceros parabéns por essa linda história, eu amei. Que Deus abençoe vc e toda a sua família...
História linda e emocionante como a fé e o amor são capazes de transformar vidas....
Maravilho...