Elizabeth
Ao saber que Adam e Sara iriam visitá-la, Elizabeth acordou cedo naquela manhã, como de costume. Antes de qualquer compromisso, vestiu seu vestido leve, prendeu os cabelos em um rabo de cavalo e depois colocou o inseparável chapéu e foi para seu compromisso de ir à Igreja pela manhã.
Depois, passou na feira local. Ela caminhava pelas bancas, escolhendo ingredientes frescos, alguns legumes e frutas e tempero com cuidado. Queria preparar algo especial para seus amigos.
Desde que deixou John, dedicava-se inteiramente ao projeto de seu restaurante. Voltou a estudar culinária, pesquisava sobre ingredientes novos e principalmente regionais e criou receitas únicas. Passava horas entre panelas, cadernos e livros de gastronomia. Na cozinha, ao menos, conseguia esquecer um pouco de John. Era seu refúgio.
Também cultivava flores e temperos frescos na pequena varanda de seu apartamento colocando em prática o que aprendeu com o jardineiro Oscar. Sentia falta do enorme jardim e a horta que aprendeu a cultivar com carinho. Também das crianças do orfanato e dos idosos do asilo, mas isso agora ficou para trás e precisava seguir em frente.
Enquanto separava algumas raízes frescas, um homem aproximou-se e começou a mexer nos ingredientes ao lado. Elizabeth mal percebeu sua presença, tão imersa estava na escolha dos ingredientes.
— Vejo que a senhorita conhece bem os ingredientes — disse ele, com voz pausada e grave.
Ela ergueu o olhar apenas por um instante. Era um homem alto, vestindo jeans escuro, camisa branca dobrada nos cotovelos e um relógio elegante no pulso. Tinha cabelos castanhos e olhos castanhos.
— Eu gosto de cozinhar — respondeu, voltando a atenção para os legumes, sem querer prolongar o diálogo.
Ficou claro para ele que ela não desejava conversar, mas ainda assim insistiu, com um sorriso discreto nos lábios.
— Se quiser, posso te indicar as melhores bancas. Frequento aqui há anos e sei exatamente os dias que chegam ingredientes mais difíceis de encontrar.
Elizabeth respirou fundo, não queria ser rude, mas também não pretendia criar laços.
— Agradeço, mas já tenho o que queria. Com licença.
Ela se afastou, mas sentiu seu olhar acompanhando cada passo que dava.
Quando terminou suas compras e estava guardando tudo na sacola, o homem apareceu novamente, agora ao lado de outra banca.
— Desculpe a intromissão, mas posso ajudá-la com as compras? — disse, em tom calmo e um leve sorriso charmoso,
Elizabeth o olhou com serenidade e foi gentil.
— Não é necessário, obrigada. Tenha um bom dia.
E partiu, deixando-o parado observando sua figura que se afastava entre as barracas.
*****
Elizabeth, Adam e Sara
Os três riam às gargalhadas enquanto Adam narrava, com entusiasmo, como havia conseguido enganar os homens de John.
Elizabeth, que pouco antes se sentia triste e solitária, se deixou contagiar pela leveza do momento. Foi um dos raros instantes de verdadeira alegria que teve nos últimos tempos.
Estavam almoçando no pequeno apartamento que servia como refúgio. Era simples, mas aconchegante, e naquele dia parecia ainda mais acolhedor, como se a amizade aquecesse o ambiente.
Elizabeth se surpreendeu com os detalhes dos planos de Adam.
Eles costumavam trocar de carro na garagem do hospital ou em locais estratégicos, fazendo os seguranças de John perderem horas às vezes, até um dia inteiro à espera de alguém que já não estava mais ali. Desta vez foi surpreendida e chegou a arregalar os olhos quando ele mencionou que até a batida de carro havia sido planejada.
— Machucou alguém? — perguntou com preocupação genuína.
Adam sorriu, compreensivo.
— Foi tudo muito leve. Eles encenaram uma pequena confusão, exatamente como orientado. Nada sério.
— Se depender da comida, o sucesso já está garantido — completou Adam, levantando a taça em um brinde informal.
Elizabeth baixou o olhar, emocionada.
— Eu não sei como agradecer por tudo que estão fazendo por mim. Se não fosse vocês, não sei se teria suportado tudo isso...
Sara se aproximou, sentando-se ao seu lado e segurando-a pelos ombros com carinho.
— Lizzie, querida... você é uma mulher incrível. E merece ser feliz com alguém que esteja à sua altura.
Elizabeth desviou os olhos, apertando os lábios.
— Eu... não consigo esquecê-lo.
— Olhe para mim — disse Sara, firme. — Talvez você nunca o esqueça por completo. Mas você é jovem, linda e cheia de vida. Tenho certeza de que vai encontrar alguém que a ame de verdade. Alguém que a faça deixar John no passado. Já deu entrada nos papeis da anulação?
Elizabeth hesitou antes de responder:
— Ainda não. — Fez uma pausa, olhando para as próprias mãos. — Eu estava decidida... mas tenho rezado muito. E, de alguma forma, sinto que não é o momento.
Os amigos a observaram em silêncio. Por fim, Sara falou com ternura:
— Deus sabe o que é melhor para nós, mesmo quando tudo parece confuso.
— Eu sei.
Os amigos não demoraram muito após o almoço e tiveram que retornar ao hospital. Logo que partiram, Elizabeth ficou sozinha novamente. Ela arrumou a cozinha e pegou um pedaço de sobremesa que havia separado para a senhora Philips. Sempre que ela concluía um novo prato levava para a senhora Philips experimentar e as duas acabavam em uma conversa animada e naquele dia não foi diferente.

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Amargo Contrato de Casamento
Olá, quero deixar aqui meus sinceros parabéns por essa linda história, eu amei. Que Deus abençoe vc e toda a sua família...
História linda e emocionante como a fé e o amor são capazes de transformar vidas....
Maravilho...