Entrar Via

Amargo Contrato de Casamento romance Capítulo 114

John

John socou a mesa com tanta força que Bruce se encolheu, assustado. Esperava uma reação do chefe, mas não aquele ataque de fúria.

— Depois de todo esse tempo... e nada! — John estava visivelmente alterado. — Como não conseguiram encontrá-la? Verificaram todas as cidades costeiras? Ninguém simplesmente desaparece sem deixar rastro!

— Senhor, acionamos todos os nossos contatos e influência, mas, infelizmente, não temos nenhuma pista concreta. O litoral é muito extenso — justificou Carlson.

John começou a andar de um lado para o outro, tomado pela inquietação.

Carlson e Bruce trocaram olhares.

— Estou cercado de incompetentes... sendo enganado por um médico de quinta! — rosnou, passando as mãos pelos cabelos em sinal de impaciência.

A verdade, porém, era que Adam era um médico altamente conceituado. A raiva de John nascia não apenas da situação, mas da culpa que crescia dentro dele.

— E se aconteceu alguma coisa com ela? — murmurou, e uma dor aguda atravessou seu peito.

Nunca havia permitido que esse pensamento ganhasse força, mas agora... talvez Elizabeth pudesse... pudesse... Não! Sacudiu a cabeça com força, recusando-se a aceitar. Não... não a minha Elizabeth...

Ele olhou para os dois homens com os olhos tomados pela angústia.

— Será que ela… - Não conseguiu prosseguir.

— Senhor... nós consideramos essa possibilidade — respondeu Carlson, com a voz baixa e controlada. — Faz parte do protocolo investigar todas as possibilidades.Já fizemos uma busca em todos os hospitais, delegacias e… necrotérios.

Bruce hesitou, ele sabia que o Carlson havia feito essas buscas, só não comunicou ao chefe. Sempre foi fiel às ordens do chefe, jamais tomou decisões por conta própria. Mas aquilo era diferente. Por isso ele foi logo falando:

— Senhor, nós não comentamos nada para não preocupá-lo. Só falaríamos se encontrássemos uma pista concreta. Se me permite, felizmente não encontramos nada.

John o encarou com um misto de surpresa e alívio. Pela primeira vez em muito tempo, um leve traço de gratidão surgiu em seu olhar.

— Você fez bem... Obrigado.

O desaparecimento da esposa parecia ter quebrado algo dentro do temido John Walker. Ainda que o semblante continuasse carregado, havia nele agora uma certa vulnerabilidade. Estava mais flexível... mais, talvez… humano.

— Podem ir e continuem procurando — murmurou, deixando-se cair na cadeira.

Assim que Bruce e Carlson saiu, John escondeu o rosto entre as mãos. Já não sabia mais o que fazer para encontrá-la e pedir perdão por tudo o que havia feito.

Levantou e se aproximou do painel de vidro com o olhar perdido no pôr do sol.

— Ela deve me odiar — pensou, com o coração apertado.

*****

Elizabeth contemplava o pôr do sol do alto de um mirante que, nos finais de semana, costumava ficar lotado, mas durante a semana permanecia quase deserto.

Aquela paisagem lhe trazia certa paz e ela estava ali com o olhar perdido no horizonte, e ao contemplar aquele belo pôr do sol a fazia parecer alheia ao mundo ao redor, tanto que não percebeu quando um homem se aproximou em passos lentos e se pôs ao seu lado.

— É um dos pôr do sol mais lindos que já vi — comentou ele, mantendo certa distância.

Elizabeth virou-se, sobressaltada, para o homem que agora alternava o olhar entre o céu avermelhado e ela, com um leve sorriso no rosto.

— Sim... é muito bonito — respondeu ela, cautelosa. Elizabeth teve a impressão que já o havia visto antes.

Havia algumas poucas pessoas espalhadas pelo local, mas a presença repentina daquele estranho ainda a deixava um pouco apreensiva.

— Está tudo bem. Quem sabe outro dia — respondeu, já sentada na bicicleta.

— Posso ao menos posso saber seu nome?

Ela o encarou por um breve instante, avaliando sua postura. Steve mantinha uma expressão sincera, quase gentil demais para alguém que a seguia há dias. Havia algo de bom em seu jeito, embora ela ainda não soubesse se podia confiar.

— Elizabeth Stewart — disse por fim, dando-lhe seu nome de solteira.

— Um prazer conhecê-la, senhorita Stewart — disse ele, inclinando levemente a cabeça, sem desviar o olhar.

— Até mais — despediu-se ela, começando a pedalar.

— A gente se vê! — gritou ele, com um sorriso aberto nos lábios. E, em voz mais baixa, murmurou consigo mesmo: — Elizabeth Stewart.

Ficou parado por alguns segundos, apenas observando enquanto a silhueta se safastava até não conseguir mais vê-la. Só então caminhou de volta até seu carro, estacionado a alguns metros dali.

Sentou-se ao volante, mas não ligou o motor de imediato. Ficou ali, pensativo. O que uma jovem tão bonita e discreta fazia sozinha numa cidade pequena como aquela?

Logo, uma hipótese lhe veio à mente. Pela maneira como ela evitava qualquer aproximação, talvez tivesse passado por alguma decepção amorosa. Algo a havia ferido, ele quase podia ver isso em seu olhar defensivo, nos gestos contidos, na pressa em partir.

Steve então sorriu, convencido de que teria que agir com ainda mais delicadeza. Conquistar a confiança daquela moça seria um desafio... mas ele estava disposto a tentar.

Devagar. Sem pressa.

Primeiro, a amizade. Depois...

— Vamos ver — murmurou, girando a chave e partindo calmamente, já imaginando quando e como seria o próximo encontro.

Histórico de leitura

No history.

Comentários

Os comentários dos leitores sobre o romance: Amargo Contrato de Casamento