Desde aquele encontro, Elizabeth passou a notar Steve em diversos lugares até mesmo na igreja, o que, à primeira vista, parecia coincidência. Mas não era.
Steve passou a observá-la discretamente, procurando oportunidades para abordá-la. Sempre com respeito, fazia convites para almoços ou jantares, que ela, invariavelmente, recusava.
Naquela tarde, Elizabeth saía animada da obra onde seria seu futuro restaurante.
As reformas estavam quase concluídas, e em breve poderia assinar o contrato e iniciar a montagem do local. Mal pisou na calçada, viu Steve se aproximando.
— Boa tarde, senhorita Stewart — saudou ele, sorridente. — Temos nos esbarrado com frequência... será algum aviso dos céus?
Elizabeth não conseguiu evitar um leve sorriso.
— Boa tarde, senhor Taylor. A cidade é pequena, é natural que nos encontremos. — Elizabeth falava com naturalidade e com um leve sorriso.
— É… isso facilita bastante — respondeu ele, admirando a mulher à sua frente com o sorriso mais encantador que já vira.
Ela vestia um elegante vestido azul com detalhes branco e usava um chapéu combinando, que lhe dava um ar de sofisticação discreta e elegância. “Linda”, pensou ele.
— Já que recusou todos os meus convites para almoço ou jantar, poderia ao menos aceitar o convite para um café na cafeteria aqui próximo.? — sugeriu, esperançoso. Sabia que ela apreciava aquela cafeteria.
Elizabeth hesitou. Não queria incentivar expectativas, mas Steve sempre fora educado e respeitoso. E, para ser justa, já não tinha desculpas convincentes.
— Tudo bem... eu aceito. — Respondeu ela, era só um café.
— Ótimo! Por aqui — disse ele, abrindo passagem com um gesto gentil.
Logo estavam sentados à mesa, perto de uma janela. A garçonete se aproximou com um sorriso simpático.
— O de sempre, senhor Taylor?
— Sim, por favor, Dora.
— E a senhorita?
— Um café gelado.
— Com bastante creme — completou Dora, sorrindo. Já conhecia Elizabeth.
— A torta de mirtilo deles é excelente — recomendou Steve.
— Pode ser, obrigada — respondeu Elizabeth, e Dora se afastou satisfeita, achando que os dois formavam um belo casal.
Elizabeth não se lembrava da última vez que saíra com alguém. John nunca a levou a lugar algum durante o casamento.
Uma sombra de tristeza cruzou seus olhos azul-acinzentados, algo que não passou despercebido por Steve.
— Está tudo bem? — perguntou ele, delicadamente.
— Está sim — respondeu com um sorriso tímido, tentando disfarçar.
Steve percebeu que havia algo no passado dela que ainda doía. Não queria forçar, mas sentia-se cada vez mais atraído, não apenas por sua beleza, mas por algo mais profundo, uma aura especial que a cercava. Quando a ouviu cantar e tocar na igreja, soube que precisava se aproximar... com calma.
— Então... a senhorita pretende abrir um restaurante?
— Como soube disso? — perguntou, surpresa.
— Cidade pequena — disse ele, rindo. — As notícias voam. E uma mulher bonita abrindo um restaurante novo? É assunto certo por aqui.
Elizabeth riu, relaxando um pouco. Contou-lhe sobre seu sonho, o processo da reforma e os planos para o futuro.
Steve ouviu com interesse e se ofereceu para ajudá-la, afinal, era proprietário de um hotel e conhecia bem o ramo. Ele ficou de apresentar um arquiteto da região que poderia ajudar na montagem do restaurante e também com dicas sobre a região.
A conversa fluía, e Elizabeth acabou ficando ali por mais tempo do que pretendia. Percebeu, com certa surpresa, que havia gostado da companhia de Steve. Ele era atencioso, transmitia tranquilidade, gentil e extrovertido, não era difícil conversar com ele. E não podia negar também era bonito.
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John
No escritório de John, o clima era outro. Ele fitava atentamente o grande mapa aberto sobre a mesa, circulando cidades litorâneas e traçando rotas prováveis.
Bruce e Carlson estavam presentes.
— Senhor, nossa equipe já cobriu todas essas cidades em destaque. Mas... até agora, nada. A região é muito extensa. Vai demorar muito até verificarmos todo o litoral.
John assentiu, mas o olhar estava distante.
— Eles nos despistaram. Saints sabia que iríamos varrer cada canto do litoral. — Ele franziu a testa, como se uma peça faltava no quebra-cabeça. — E se... não for o litoral?
Bruce piscou, confuso.
— Você sabe que John não gosta de ser pressionado — disse ele, em tom calmo. — E você o pressionou para se divorciar. Se insistir nesse assunto, vai acabar afastando-o ainda mais.
Martha ficou em silêncio por alguns segundos, ponderando as palavras do marido. Sabia que ele estava certo, embora fosse difícil admitir.
— Faz tempo que John não vem visitar o avô… — murmurou, andando de um lado para o outro pela sala, inquieta. — Ele nunca ficou tanto tempo sem aparecer, por mais ocupado que estivesse.
Roger a observava, paciente. Sabia que, quando Martha começava a andar assim, estava arquitetando algo.
— Só pode ser culpa daquela mulher… — ela disse, apertando o celular contra a palma da mão. — É ela que está afastando John da família.
Determinada, procurou o nome de Elizabeth em seus contatos. Se John não a atendia, talvez a esposa atendesse. Ligou, mas a ligação não completou. A irritante mensagem da operadora fez seu rosto endurecer. Tentou novamente. E mais uma vez. E outra.
— Está ligando para quem, querida? — perguntou Roger, percebendo sua expressão cada vez mais alterada.
— Para aquela mulherzinha… o telefone dela está desligado. — O desprezo em sua voz era evidente.
Roger ergueu uma sobrancelha, num gesto tão semelhante ao do filho que fez Martha se irritar ainda mais.
— Por que está ligando para ela? — indagou, confuso.
— Quero convidá-la para um chá com papai — respondeu Martha, tentando soar natural.
Roger a olhou por alguns instantes. Sabia que não era só isso, mas preferiu não comentar. Apenas observou a esposa sentar-se, levantar-se e tentar novamente a ligação, até que ela soltou um suspiro impaciente.
— Por que não manda uma mensagem para John, já que ele não atende? — sugeriu ele, serenamente.
Martha torceu o nariz. Não gostava de mandar mensagens. Mas, contrariada, admitiu:
— Vai ser o jeito…
Digitou, com firmeza nos dedos:
“John, estou preocupada. Você não me atende. Está tudo bem? Quando vem visitar seu avô?”
Em seguida, escreveu outra:
“Estou tentando falar com Elizabeth para convidá-la para um chá com papai, mas o telefone dela está desligado. Peça para ela vir visitá-lo.”
Enviou as mensagens e ficou olhando fixamente para a tela, ansiosa por uma resposta.

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Amargo Contrato de Casamento
Olá, quero deixar aqui meus sinceros parabéns por essa linda história, eu amei. Que Deus abençoe vc e toda a sua família...
História linda e emocionante como a fé e o amor são capazes de transformar vidas....
Maravilho...