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Amargo Contrato de Casamento romance Capítulo 116

John

Quando o sinal de mensagem chegou, John estava analisando os últimos relatórios em seu escritório. Ao ver que era de sua mãe, não teve como ignorar. Abriu, leu rapidamente e recostou na cadeira, pensativo.

Era verdade. Havia semanas que não via o avô. Sempre que demorava muito, ele próprio ligava cobrando sua presença, mas… já fazia tempo que não recebia nenhuma ligação dele. O trabalho e o sumiço de Elizabeth o consumiam tanto que se esquecera até mesmo da família.

Ele precisava visitá-lo.

Com relutância, digitou uma resposta breve:

“Desculpe, mãe. Tenho andado muito ocupado. Vou jantar com vocês hoje.”

Suspirou antes de responder à outra mensagem.

“Elizabeth está viajando. Vou sozinho.”

Fechou o celular, sem vontade de continuar aquela conversa.

Martha

Assim que ouviu a notificação, Martha pegou o celular num ímpeto. Ao ler a mensagem, um sorriso de satisfação surgiu em seus lábios.

Roger percebeu.

— É de John?

— Sim — disse ela, triunfante. — Ele vem jantar hoje conosco… e vem sozinho. Aquela mulher ainda está viajando. Não entendo como John a deixou viajar sozinha por aí por tanto tempo.

Roger não respondeu, apenas tomou outro gole de chá, em silêncio.

Sem demonstrar preocupação alguma com Elizabeth, Martha pegou o telefone e ligou outro número. Foi atendida quase imediatamente.

— Pamela, querida, como vai? — disse ela, com uma voz suave e cheia de afeto forçado.

— Senhora Sinclair! Que prazer falar com a senhora — respondeu Pamela, surpresa. — Quanto tempo não nos falamos.

— O prazer é meu, querida. Como você está? E como vão as coisas com John?

— Tenho que ser sincera… nada bem. Estou dando um tempo. John anda arredio comigo — confessou Pamela, com um suspiro.

Desde da última vez que esteve no escritório de John, resolveu dar um tempo para John se acalmar, mas nesse tempo ela não estivera totalmente parada, ela estava só preparando o terreno para a próxima aproximação.

— Eu entendo… — disse Martha, em tom complacente, antes de mudar a voz para algo quase triunfante. — Mas tenho um convite. Venha jantar conosco hoje à noite. John virá… sozinho. Aquela mulher ainda está viajando.

— Claro, senhora Sinclair. Será um prazer.

— Ótimo. Até a noite, então.

Martha desligou com um sorriso satisfeito, não prolongou o assunto para que o marido não escutasse. Roger a observava, intrigado.

— Você convidou Pamela White para o jantar de hoje? — perguntou ele, franzindo o cenho.

— Sim. Ela é uma querida amiga… John e Pamela são velhos conhecidos. Vai ser bom ter mais gente para animar o jantar.

Roger não sabia que Martha tinha tanta consideração por Pamela, muito menos o que ela estava tramando.

*****

Naquela noite, John chegou à mansão Walker com o semblante sério e cansado. O motorista estacionou em frente à entrada principal, e ele desceu, ajeitando o paletó antes de subir os degraus largos da varanda.

Assim que entrou, ouviu vozes na sala de estar. Martha se levantou imediatamente, sorrindo com afetação.

— John, querido, que bom que veio — disse ela, aproximando-se para beijar-lhe o rosto. Ela realmente estava com saudades do filho.

— Boa noite, mãe… pai… vovô. — Seu tom suavizou ao ver o avô sentado na poltrona próxima à lareira, enrolado numa manta.

— Meu rapaz… — disse Oliver Walker, com a voz rouca, porém firme. — Venha aqui me dar um abraço.

John sorriu, mesmo que de leve, aproximando-se para abraçá-lo. O velho homem passou a mão enrugada por suas costas num gesto lento e afetuoso.

— Está magro… e com olheiras. Não anda comendo direito, não é? — disse o avô, olhando-o de cima para baixo com atenção.

— Estou bem, vovô — respondeu John, baixando o olhar, sem coragem de mentir completamente.

Oliver deu um pequeno tapa em sua mão, como fazia quando era criança.

— Não minta pra mim, garoto. Eu vejo além do que você mostra.

Antes que pudessem continuar, Martha pigarreou, atraindo sua atenção.

— Tenho viajado muito a trabalho… Paris, Londres, Milão… — disse ela, ajeitando a mecha de cabelo solta atrás da orelha. — Mas confesso que sinto falta de estabilidade.

Oliver ergueu uma sobrancelha.

— Estabilidade? Que tipo? Você é uma mulher rica e tenho certeza que pretendentes não lhe faltam.

— É verdade, senhor Oliver. Eu atualmente tenho pensado muito em ter uma família. Casar e ter filhos. Chega um momento da vida que isso se torna o mais importante.

Pamela olhou para John de forma significativa.

— Estabilidade não se acha em rostos bonitos, Pamela, mas em corações que sabem amar. — John falou de forma grave.

Ela corou levemente, sem saber o que responder.

— John, filho… — disse Oliver, voltando-se para ele com ternura nos olhos. — Nunca se esqueça do que realmente importa. O resto… — ele fez um gesto com a mão, como se afastasse algo insignificante — …passa como vento. Mas quem ama de verdade, fica.

O silêncio se instalou na mesa. John sentiu um nó na garganta. Sabia exatamente a quem o avô se referia.

Felizmente o jantar foi servido e as conversas giraram em temas mais amenos. Martha habilmente tentava manter o foco em Pamela.

John por sua vez conversava mais com Oliver e seu pai.

Quando terminou, todos se levantaram e foram para a sala anexa para o chá. John sentou-se ao lado da cadeira do avô

— Vovô, tenho que ir. Tive um dia cheio e amanhã não será diferente.

Oliver acariciou-lhe o rosto, com olhos marejados.

— Traga ela de volta, garoto… não importa o que tenha acontecido. Um homem só é completo com quem ama ao lado.

John olhou para o avô e teve a sensação que ele lia sua alma. Levantou-se deu um beijo na testa do avô e depois foi se despedir de seus pais e Pamela que optou em se manter discreta, naquela noite ela não usou de suas artimanhas.

— Já vai, querido? - Disse Martha desapontada. - Ainda é cedo.

— Estou cansado e preciso descansar.

Martha olhou para o filho e viu realmente que ele parecia exausto, por isso não insistiu. Apertou a mão do pai e depois deu um breve olhar para Pamela que estava sentada, ela não levantou apenas lhe sorriu cordialmente. Ela queria criar uma boa impressão no velho patriarca, já que John ainda era casado e o avô era muito conservador quanto ao casamento.

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