Elizabeth
Elizabeth passou os próximos dias envolvida com os últimos preparativos do restaurante. Chegava cedo ao local todos os dias, conversava com a equipe, acertava a decoração. O espaço começava a ganhar vida, cada detalhe da decoração era revisado com atenção. Ela percorria o salão observando as luminárias de cristal refletindo a luz suave sobre as mesas impecavelmente postas.
Entrou em contato com os antigos funcionários do restaurante e após entrevistá-los, percebeu que eram não apenas capacitados, mas também apaixonados pelo ofício. Antes de fechar a contratação, no entanto, quis vê-los em ação.
Conversava com os funcionários, discutia ajustes de cardápio, acompanhava a disposição das mesas e a posição de cada arranjo floral.
— Quero que me mostrem o melhor de vocês — disse ela certa manhã, reunindo-os em torno do balcão central. — Atendimento, postura, precisão... e, claro, sabor. Nosso público espera mais que uma refeição: espera uma experiência.
O teste foi quase uma coreografia. Os garçons, impecavelmente trajados em camisas brancas, coletes pretos e gravatas finas, se moviam com passos calculados, equilibrando bandejas com taças de cristal sem um único ruído de atrito. O chef Bryan, alto, de postura imponente e fala precisa, coordenava a cozinha como um maestro. Seus ajudantes, ágeis e concentrados, cortavam, selavam e temperavam sob seu olhar atento.
Elizabeth observava tudo com orgulho. De tempos em tempos, aproximava-se para dar um toque pessoal às criações, ajustando um molho, corrigindo a apresentação de um prato ou sugerindo uma nova combinação de sabores.
— Bryan, esse risoto precisa respirar mais o aroma do limão-siciliano — comentou, provando delicadamente uma colher.
— Entendido, chef — respondeu ele com um leve sorriso.
Bryan era chef de cozinha a mais de vinte anos, contava com mais de quarenta anos, tinha um rosto redondo e sempre sorridente. Assim como ele, todos da equipe de cara gostaram de Elizabeth, de seu jeito gentil e ao mesmo tempo exigente. Sua organização e forma de liderança eram precisas, sabia exatamente o que queria.
Os garçons também receberam sua atenção especial. Elizabeth os treinou para que a abordagem ao cliente fosse cortês, mas calorosa, sem excessos. Explicou que o tom de voz deveria ser baixo, o sorriso genuíno, mas discreto e a postura sempre ereta.
— Lembrem-se: não servimos apenas comida. Criamos memórias — disse, olhando cada um nos olhos. — Quando um cliente sair daqui, quero que leve consigo a sensação de ter sido único.
À medida que os dias avançavam, a equipe se tornava uma extensão de sua própria visão. O salão ganhava perfume de flores frescas, a cozinha pulsava com aromas tentadores, e a energia no ar era de expectativa.
Elizabeth sabia que, quando as portas se abrissem pela primeira vez, não seria apenas a inauguração de um restaurante, seria a concretização de sonho e paixão. E ela estaria ali, à frente da cozinha, lado a lado com Bryan, garantindo que cada prato servido fosse digno de um verdadeiro restaurante de alto padrão.
Olhou em volta, orgulhosa, finalmente o dia da inauguração se aproximava.
Quando estava saindo do restaurante após um dia exaustivo, não foi surpresa encontrar Steve.
— Elizabeth. Vejo que está quase tudo pronto. — Disse ele assim que se aproximou.
— Sim, mais alguns dias e poderei marcar o dia da inauguração. — Os olhos de Elizabeth tinham um brilho que há muito tempo não aparecia.
— Fico feliz.
— E você me ajudou muito obrigada.
— Nada me deu mais prazer. — Steve pareceu hesitante. — Será que poderia me acompanhar para um café e me contar os detalhes?
— Claro. — Elizabeth concordou rapidamente e Steve sorriu feliz.
Ambos foram em direção à cafeteria conversando tranquilamente.
******
John
O expediente já havia se encerrado há mais de uma hora quando uma batida na porta tirou John de sua concentração. Logo em seguida, Bruce entrou.
— Bruce, pensei que já tivesse ido — disse John, com um toque de surpresa na voz.
— Estava terminando de revisar os últimos balancetes para apresentar ao senhor — respondeu Bruce, a voz carregando um leve cansaço.
— Não precisava fazer isso hoje.
— Caso queira dar uma olhada… — disse, estendendo a pasta.
John ergueu os olhos para o assistente, desta vez sem a carranca habitual, e falou num tom mais suave:
— Bryan, depois que terminarmos aqui, quero que a equipe da cozinha se reúna comigo. Vamos revisar o cardápio final e planejar o pré-preparo.
— Entendido, chef.
— O festival gastronômico está chegando e tudo tem que está perfeito para a inauguração.
— E vai está chef.
Enquanto Elizabeth orientava a equipe, o senhor West entrou no restaurante com um largo sorriso.
— Bom dia, senhorita Stewart. Vejo que está quase tudo pronto.
— Bom dia, senhor West. Sim, mas ainda faltam muitos detalhes, e são justamente esses que exigem mais tempo e dedicação.
Ele percorreu o salão com o olhar atento, surpreso com a harmonia entre a simplicidade e a sofisticação do ambiente.
— Está maravilhoso. O lugar mais acolhedor que já entrei — elogiou com sinceridade.
— Obrigada, senhor West. O seu imóvel é excelente.
— E por falar nisso, acho que podemos assinar o contrato. O que acha?
— Claro. Vou entrar em contato com meu sócio e pedir os dados dele.
— Ótimo. Ficarei no aguardo.
Elizabeth assentiu com um leve sorriso.
Aos poucos, o restaurante ganhava corpo. Não era apenas um espaço bonito, mas um organismo vivo, que respirava organização, cuidado e propósito. Ela sabia que, a cada detalhe colocado no lugar, estava um passo mais perto de abrir as portas e oferecer não apenas uma refeição, mas uma experiência inesquecível.

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Amargo Contrato de Casamento
Olá, quero deixar aqui meus sinceros parabéns por essa linda história, eu amei. Que Deus abençoe vc e toda a sua família...
História linda e emocionante como a fé e o amor são capazes de transformar vidas....
Maravilho...