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Amargo Contrato de Casamento romance Capítulo 127

Bruce

Bruce seguiu para seu escritório. Embora fosse oficialmente um assistente, seu cargo exigia tanta responsabilidade que contava, inclusive, com uma secretária particular.

— Kelly, preciso que faça um favor — disse, entrando já com tom de comando. — Encontre, com urgência, um especialista em piano.

Ela o olhou, franzindo o cenho, visivelmente confusa.

— Um especialista em piano? — repetiu, sem esconder a surpresa. — E... onde eu vou encontrar alguém assim? — questionou, meio perdida.

Kelly era jovem, pouco mais de vinte anos, e embora, às vezes, demorasse um pouco a captar certas demandas mais inusitadas, compensava qualquer dificuldade com empenho e dedicação. Bruce, apesar de exigente, sabia disso e, por esse motivo, exercitava uma certa paciência com ela.

— Se eu soubesse, Kelly, não estaria pedindo pra você procurar, não acha? — respondeu, desta vez com um tom um pouco mais impaciente, mas ainda controlado.

Ela ajeitou os óculos, endireitou-se na cadeira e respondeu com aquele tom típico que Bruce já conhecia bem:

— Sim, senhor. Vou dar um jeito.

E quando Kelly respondia assim, ele sabia que ela moveria céus e terras para conseguir.

— Ótimo. — Bruce assentiu, já se voltando para seu computador. Tinha outra missão urgente: reservar um hotel.

*****

Steve

— Senhor, temos uma reserva um tanto... incomum — disse o atendente ao entrar na sala de Steve Taylor.

— Incomum como? — Steve levantou os olhos do computador, curioso.

— Um hóspede quer reservar o hotel inteiro, com exclusividade.

— Isso não é novidade. Já fizemos isso antes para convenções, eventos e casamentos.

— Sim, mas desta vez é diferente. Não se trata de uma festa nem de um congresso. É para um empresário e sua comitiva, sem maiores detalhes.

— Alguém conhecido?

— Quem está negociando em nome dele é um tal de Bruce Pratt. E parte da equipe deve já está a caminho.

— Hm… provavelmente algum desses empresários emergentes que gostam de privacidade. — Steve deu de ombros, acostumado às excentricidades de seus hóspedes. — Como estão nossas reservas?

— Estamos na baixa temporada. Mas com o festival gastronômico, o hotel já está com setenta por cento das vagas reservadas. Para a semana, está praticamente vazio.

— Informe sobre os dias de disponibilidade, caso se interessem pode fechar a semana.

— Sim, senhor.

O festival gastronômico atraía muitos visitantes. Steve deu um leve sorriso, seria o dia da inauguração do restaurante de Elizabeth.

*****

Naquela mesma tarde, uma pequena equipe chegou discretamente ao hotel na região serrana. Sem chamar a atenção, distribuíram-se pelos quartos previamente reservados e, em questão de horas, uma central de observação estava montada. Telas, computadores, rádios e equipamentos de monitoramento.

Assim que se instalou, John e Bruce seguiram diretamente para a outra suíte master, onde Carlson havia montado a central de observação.

Ao abrir a porta, além de Carlson, havia mais dois rapazes que voltaram imediatamente o olhar para ele. A simples presença de John Walker era algo naturalmente intimidador até mesmo para eles acostumados a trabalhar sob pressão E, dessa vez, a tensão era ainda maior. Todos sabiam quem estava envolvido, ninguém menos que a senhora Walker.

— Bom dia, senhor Walker. Senhor Pratt — cumprimentou Carlson, endireitando-se.

— Bom dia. Alguma informação? — John foi direto, sem rodeios. Sua expressão era dura, fria, e sua voz carregava impaciência.

Carlson respirou fundo antes de responder:

— Ainda não, senhor. Desde ontem, estamos monitorando as câmeras de toda a cidade. Nossa equipe de campo, composta por quatro pessoas, levantou algumas informações. Descobrimos que uma jovem com as características da senhora Walker foi vista circulando pela cidade em diferentes ocasiões.

Ele se aproximou da mesa e puxou uma planta digital no monitor, apontando com uma caneta digital.

— Também localizamos o imóvel alugado pelo senhor Saints, há um grande movimento de pessoas saindo e entrando com caixas e pacotes. Instalamos uma câmera fixa direcionada para ele e posicionamos dois de nossa equipe nas redondezas. No entanto, até agora, não houve nenhum sinal concreto dela.

John estreitou os olhos, cruzou os braços e foi passando o olhar nas outras imagens e fixou o olhar em uma delas. Por um momento, sua expressão de frieza deu lugar a surpresa Ele reconheceu instantaneamente aquele lugar: a cafeteria no centro da cidade. Já havia estado ali algum tempo atrás com Daniel e Marcus.

Uma lembrança incômoda veio à tona. Naquele dia, os dois comentaram, de maneira casual, que haviam visto alguém que parecia muito com uma pessoa conhecida. Ele sequer se deu ao trabalho de olhar. Achou irrelevante. Agora, a dúvida começou a corroer por dentro.

"E se…"

Uma sombra atravessou seu olhar. O maxilar travou. As mãos se fecharam em punho, quase imperceptivelmente.

"Se era ela… Eu estive tão perto. Tão perto… E não vi."

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