Elizabeth
Depois de acertar os últimos detalhes com o chef Bryan para o dia seguinte, Elizabeth despediu-se dos funcionários com um sorriso gentil, ajeitou a aba do chapéu e seguiu calmamente pela calçada.
Passou na cafeteria, a mesma que John tivera uma vez com Marcus e Daniel. Pediu café e torta a garçonete, Dora, enquanto aguardava observava a vista e o movimento das ruas, naquela tarde de meio de semana, bastante tranquilo, mas que em breve estaria lotada pelo festival gastronômico que se aproximava.
Enquanto saboreava o café, mexia no celular, alheia que numa mesa próxima, um casal a observava atentamente e uma mini câmera captava todos os seus gestos.
Assim que terminou foi até o balcão e pagou a conta em dinheiro, trocou algumas palavras com a atendente. Ajeitou novamente o chapéu e seguiu andando com passos calmos, dobrando em uma rua lateral, bem menos movimentada.
Ao chegar ao sobrado de onde morava entrou sem suspeitar que o casal a havia seguido desde a cafeteria e a viu entrar no prédio. E a câmera discreta registrava tudo.
— Muito bem. Temos o endereço - Disse Carlson — Fiquem atentos se ela sair de novo.
Poucos minutos depois, surgiu novamente, agora na pequena varanda do apartamento cuidando das plantas.
Não demorou muito Elizabeth apareceu saindo do prédio, agora com uma bicicleta, vestindo uma roupa mais esportiva, cabelos presos em um rabo de cavalo mais firme, tênis e... claro, um inseparável chapéu.
Elizabeth seguiu pedalando, passando por ruas arborizadas, até chegar a um mirante que dava vista para a cidade. Ficou contemplando o pôr do sol, assim que começou a escurecer, pegou sua bicicleta e retornou para casa e não mais saiu.
Tudo registrado, filmado e fotografado.
*****
John
Desde que descobriu o paradeiro de Elizabeth, John mal dormiu e não conseguia se concentrar em nenhum negócio. Toda sua atenção estava voltada para as atualizações que sua equipe lhe trazia sobre Elizabeth. As informações, já formavam um retrato claro de sua rotina.
Passou a noite vendo as fotos e filmagens com um peso no coração. Aquela Elizabeth por quem foi casado por três anos, ela nunca viu porque ele nunca deixou que ela fosse realmente ela.
As manhãs dela começavam com a missa, conversava com alguns vizinhos. Depois, dirigia-se ao imóvel onde seria seu restaurante, passando o dia com a equipe cuidando dos preparativos da inauguração. À tarde, era comum encontrá-la na cafeteria, e no final do dia, passeava de bicicleta pelas ruas floridas da cidade e ia até um mirante para ver o pôr do sol.
Ela morava em um sobrado próximo ao centro gastronômico, em uma rua tranquila e cercada por belos jardins. Os investigadores haviam enviado várias fotos. Dessa vez, era possível ver o rosto dela com clareza, mesmo usando o habitual chapéu de aba larga, o que deixava sua aparência ainda mais elegante.
Pouco depois, Bruce entrou no quarto.
— O carro já o espera.
Sem responder, John se levantou de imediato. Em poucos minutos, já estavam a caminho do restaurante. Seu coração acelerava, precisava vê-la, precisava falar com ela. Mas também sabia que não poderia assustá-la. Em sua mente, a cena do vestido azul voltou como um punhal. Aquilo o dilacerava.
Desta vez Bruce quem dirigiu o veículo, parou discretamente próximo ao restaurante e aguardaram. Então, ela surgiu.
Caminhava com graça e leveza, como se o mundo ao redor estivesse em câmera lenta.
— Nossa... Como ela está linda. — sussurrou Bruce, encantado, antes que pudesse se conter.
John o encarou de imediato.
— Devo lembrá-lo, senhor Pratt, que é a minha esposa — disse com uma rispidez que fez o assistente corar.
— Perdão, senhor. Não tive intenção de ser desrespeitoso. - Ele amava a namorada, mas a senhora Walker era realmente muito bonita.
Elizabeth estava deslumbrante em um vestido amarelo com delicados detalhes brancos. O tecido leve moldava-lhe o corpo com elegância, e uma faixa da mesma cor marcava a cintura fina. O chapéu, da mesma cor, era enfeitado com um discreto laço branco. Onde quer que passasse, atraía olhares, que ela parecia ignorar completamente.
— Sim. Estou vendo.
Bruce desligou.
— Senhor, Carlson já está investigando.
John não respondeu, apenas ficou observando a cena que se desenrolava.
O homem olhava para Elizabeth com o olhar apaixonado enquanto conversavam e Elizabeth mantinha o sorriso sereno. Viu os dois atravessarem a rua, o homem abriu a porta e deu passagem para Elizabeth e entraram na cafeteria, a mesma que ele não tem muito tempo atrás havia estado com Daniel e Marcus.
— Não acredito que isto está acontecendo. — A voz de John era de um profundo pesar. O peito ardia a respiração falha.
— Senhor, é melhor irmos. —Disse Bruce. — Não adianta ficarmos aqui. Desculpe, mas o senhor precisa se acalmar antes de encontrá-la.
John ficou olhando para a cafeteria e era possível ver Elizabeth pela janela conversando com o homem.
Dor e angústia o invadiu ao perceber que tudo era culpa dele. Ele a empurrou para longe, praticamente a expulsou de sua vida e agora parecia que ela estava disposta a recomeçar e não com ele.
Sua jornada de tê-la de volta parecia que seria muito mais difícil do que esperava.
— Vamos embora. — A voz saiu embargada.
Enquanto o carro passava em frente a cafeteria John a viu e parecia feliz… feliz como ele nunca deixou que ela fosse. John sentia que morreria naquele momento tamanho o aperto no coração.

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Amargo Contrato de Casamento
Olá, quero deixar aqui meus sinceros parabéns por essa linda história, eu amei. Que Deus abençoe vc e toda a sua família...
História linda e emocionante como a fé e o amor são capazes de transformar vidas....
Maravilho...