Martha
Já haviam se passado alguns dias desde que Martha tentava, sem sucesso, entrar em contato com John. Seu telefone permanecia desligado, o que só aumentava sua irritação. Sem opção, decidiu ligar para o escritório e falar com a secretária dele.
Assim que Anne atendeu, ouviu a voz ríspida do outro lado da linha:
— Quero falar com John agora mesmo.
Anne reconheceu imediatamente a voz autoritária.
— Desculpe, senhora Sinclair, mas o senhor Walker está em viagem a trabalho no momento.
Martha suspirou, apertando o braço da poltrona onde estava sentada. Seu filho havia viajado e ela nem sequer sabia para onde. Desde que ele se casou, parecia que sua vida havia se tornado um livro fechado para ela.
— E quando ele retorna? — perguntou, tentando controlar a impaciência na voz.
— Infelizmente, senhora, o senhor Walker não compartilhou comigo sua agenda desta viagem.
— Está bem. — disse ela, respirando fundo. — Entre em contato com ele agora mesmo e diga que preciso falar com urgência.
— Com todo respeito, senhora Sinclair, o senhor Walker está incomunicável. Assim que puder, ele retornará suas ligações.
Martha estreitou os olhos, sentindo o sangue ferver em suas veias.
— Muito bem, Anne. Mas quando ele entrar em contato, exijo que me ligue imediatamente. Não se esqueça.
— Sim, senhora. — respondeu a secretária, antes de desligar.
Martha permaneceu com o telefone na mão por alguns segundos, o semblante carregado. Depositou o aparelho com força sobre a mesinha ao lado e bufou alto.
— Não conseguiu falar com John? — perguntou Roger, que estava sentado no sofá lendo o jornal e acompanhou toda a conversa.
— Seu filho está impossível. — disse Martha, com a voz embargada de ira. — Ele viajou sem me avisar. Nem a secretária sabe para onde foi. Imagine isso, Roger!
— Talvez ele tenha ido encontrar a esposa. — disse Roger calmamente, dobrando o jornal. — Ela não está viajando?
Martha parou por um instante, pensativa. Aquilo fazia sentido, e a simples possibilidade a deixou ainda mais inquieta. Levantou-se e começou a caminhar de um lado para o outro da sala íntima do casal.
— Desde que ele se casou, mudou completamente. Está cego por causa daquela mulherzinha insignificante.
Roger suspirou, observando a esposa com expressão cansada.
— Martha, querida… John já é um homem feito. Um dos empresários mais respeitados do mundo. Por que insiste em querer controlar a vida dele dessa forma?
Martha parou de andar, virando-se para encará-lo com os olhos faiscando.
— Eu só quero o bem dele, Roger! — disse, com a voz tensa. — Aquela mulher entrou na vida dele com um único propósito e agora ele já não precisa mais dela, ele deveria descartá-la como havíamos acertado quando ele assinou aquele contrato.
Roger balançou a cabeça, descrente.
— Você fala como se ela fosse algum tipo de ameaça, mas… ela é apenas uma garota simples. Talvez ele a ame de verdade.
Os lábios de Martha se curvaram em um sorriso frio.
— Amor? — disse, quase em tom de escárnio. — Como John pode amar uma mulher como ela, uma simplória, ele nunca a levou a nenhum evento, provavelmente por vergonha. Só não entendo por que.
Roger suspirou mais uma vez e voltou a abrir seu jornal, sabendo que qualquer tentativa de argumentar seria inútil. Conhecia muito bem a esposa para saber que, uma vez decidida, nada nem ninguém a faria mudar de ideia.
Enquanto ele voltava à leitura, Martha sentou-se à sua poltrona novamente, cruzou as pernas com elegância e olhou para o vazio.
Martha respirou fundo, pegou o celular sobre a mesa e ligou para Pamela.
— Senhora Sinclair.
— Tem que ter alguma coisa. — disse Pamela, apertando o celular contra a orelha.
— Olha… se você quer algo contra ela, acho melhor desistir. Se eu cavar mais, pode chegar até o marido. E aí, minha cara, a coisa vai ficar feia.
— Eu não sou mulher de desistir, Logan. — disse ela, fria. — E quanto à viagem? Descobriu para onde ela foi?
— A mulher sumiu como fumaça. Nada registrado em aeroportos ou rodoviárias. É como se tivesse desaparecido do mapa. Muito estranho.
Pamela caminhou até a parede espelhada, olhando fixamente para seu reflexo.
— John tem um avião particular. Verifique se ele foi utilizado nesses dias. John também viajou e não sei pra onde. Descubra.
Logan ficou em silêncio por alguns segundos antes de responder:
— Princesa… investigar o John Walker é perigoso. Você sabe da fama dele.
— Apenas faça o que estou mandando. — disse ela, a voz gélida. Lembrou-se das palavras de Martha alertando-a para não inventar nenhuma história, ela ignorou. — E se não conseguir nada de concreto… encontre de uma forma ou de outra, entendeu?
— Esse tipo de “serviço” não faço… — disse Logan, hesitante. — Eu tenho um nome a zelar. Não faço armações, só investigações. Se for pra inventar algo… não conte comigo. Principalmente se for algo relacionado a John Walker, eu estaria morto.
— Estou te pagando uma fortuna, Logan.
— Não tem dinheiro que pague se isso ir contra um Walker. Ainda mais contra o próprio John.
Pamela respirou fundo, sentindo o peito queimar de frustração.
— Está bem. Continue investigando. Mas me traga resultados logo.
— Farei o possível.
Ela desligou e jogou o celular no banco ao lado e sentou-se, massageando as têmporas. Sabia que John podia ser implacável, mas estava disposta a arriscar tudo. Fechou os olhos, sentindo a raiva borbulhar dentro de si. Elizabeth Walker… Não, e sim Pamela Walker.

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Amargo Contrato de Casamento
Olá, quero deixar aqui meus sinceros parabéns por essa linda história, eu amei. Que Deus abençoe vc e toda a sua família...
História linda e emocionante como a fé e o amor são capazes de transformar vidas....
Maravilho...