John
Ao chegar no hotel, John e Bruce foram direto para a sala usada como escritório. Bruce ligou o notebook e, poucos minutos depois, as informações começaram a chegar. O som das teclas sendo pressionadas parecia ecoar mais alto do que o normal.
John permaneceu de pé, impaciente, andando de um lado para o outro com os punhos cerrados. A cena de Elizabeth sorrindo para outro homem o desconcertou de tal maneira que não conseguia controlar a respiração e o coração parecia dolorido.
— O nome dele é Steve Taylor — disse Bruce, fazendo uma breve pausa antes de continuar. — Ele é o proprietário do hotel onde estamos hospedados...
John parou de andar e olhou incrédulo para Bruce e depois soltou uma risada seca, amarga, desacreditado. Passou a mão pelos cabelos e depois pelo rosto, claramente transtornado.
— Só pode ser ironia do destino... — murmurou, e voltou a andar de um lado para o outro, como um leão preso em sua própria jaula. — Logo aqui. Logo debaixo do meu nariz. Só pode ser para me punir, não tem outra explicação.
Bruce continuava a examinar os dados, visivelmente desconfortável com o que lia.
— O que mais? — John perguntou, impaciente, a voz carregada de tensão.
— Carlson conseguiu acessar os registros anteriores de vigilância. — Bruce engoliu em seco, hesitante. — E... parece que eles já se encontraram várias vezes.
John parou bruscamente, o olhar fixo em Bruce.
— Como assim “várias vezes”? Deixe-me ver.
Aproximou-se e sentou-se com um movimento brusco tomou o equipamento das mãos de Bruce e começou a examinar as imagens.
Nas fotos, o tal Steve Taylor aparecia ao lado de uma mulher de aparência elegante, trajando vestidos de corte refinado em estilo vintage. Sempre havia um chapéu de abas largas sombreando seu rosto, agora não tinha dúvida que era Elizabeth.
John foi passando as fotos e o homem, aparecia sempre ao lado de Elizabeth em diferentes ocasiões e lugares, conversavam com naturalidade e pareciam próximos, mas o que incomodou John foi o modo como ele a olhava: era nítido que o olhar dele era de admiração e apaixonado, mas o rosto dela era impossível ver devido ao chapéu.
Era evidente. Ele a admirava. Havia interesse em seus olhos. Um brilho quase reverente, de quem via naquela mulher mais do que apenas beleza. Havia mais que admiração, era um visível fascínio pela mulher diante dele.
John largou o notebook com força sobre a mesa e recostou-se na cadeira, com os olhos fixos na janela. Mas não via a paisagem. Não via nada. Apenas sentia.
— Mais alguma coisa? — perguntou, sem virar o rosto.
Bruce hesitou.
— Por enquanto não. Carlson ainda está cruzando as informações. Assim que tiver algo novo, vai nos repassar imediatamente.
John assentiu, calado, com os olhos vazios.
Por dentro, a confusão era insuportável. Elizabeth, a mulher que ele ignorou por anos, desprezou, silenciou, agora estava em outro mundo. Um mundo onde parecia ser vista, ouvida...amada e… desejada.
E o pior era perceber que ele a não só a estava perdendo, mas que talvez já tivesse perdido.
Uma nova notificação apareceu no notebook de Bruce, era de Carlson. Bruce viu e olhou para o chefe com uma expressão preocupada.
John percebeu e olhou para ele.
— O que foi?
— Chegou novas informações.
— Pois não, Harry? — respondeu ele, aproximando-se do balcão.
— Nosso hóspede VIP gostaria de falar com o senhor. — Informou Harry de forma profissional.
Steve suspirou, visivelmente contrariado. Já estava cansado de atender exigências de hóspedes, função que costumava delegar ao gerente.
— Mande o Derek.
— Ele pediu especificamente pelo senhor. Disse que é um assunto pessoal.
Steve franziu o cenho, surpreso. Se fosse alguém conhecido, teria sido avisado com antecedência.
— Onde ele está?
— No deck externo do bar. — Disse apontando em direção ao bar.
— Obrigado. — E se dirigiu ao local indicado.
O bar estava vazio. Steve atravessou o ambiente silencioso e saiu para o deck externo, onde o entardecer começava a dar lugar à noite, revelando uma bela vista do vale. Ao chegar, viu dois homens postados próximos à entrada, que julgou serem seguranças particulares do hóspede, e outros dois mais adiante, perto do guarda-corpo.
Um deles estava de costas, alto de aparência imponente, contemplava o horizonte, o outro ao lado dele o olhou com semblante indiferente, parecia uma estátua.
— Boa noite. O senhor pediu para falar comigo? — disse Steve num tom amistoso se aproximando.
O homem virou-se lentamente. O olhar era gélido, nada acolhedor. Steve teve a impressão de já tê-lo visto antes.

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Amargo Contrato de Casamento
Olá, quero deixar aqui meus sinceros parabéns por essa linda história, eu amei. Que Deus abençoe vc e toda a sua família...
História linda e emocionante como a fé e o amor são capazes de transformar vidas....
Maravilho...