— Senhor Taylor. Este é um belo hotel. Imagino que o senhor tenha grande apreço por ele — disse o homem, com voz pausada e fria.
Steve não gostou do tom, mas manteve a compostura de cortesia.
— Sim, senhor. Este hotel está em minha família há muitos anos.
— E o senhor pretende continuar como proprietário? — A pergunta veio carregada de ameaça.
Steve franziu a testa, sem entender aonde aquilo estava indo.
— Claro. Não me imagino em outro lugar.
— Ótimo. Então, se quiser continuar como proprietário sugiro... fique bem longe da minha esposa.
A ameaça agora era direta. Steve o fitou, perplexo. Ele não se envolvia com nenhuma mulher casada, muito menos se fosse esposa de algum hóspede. Chance para isso ele tinha com frequência.
— Senhor, deve haver algum engano. Não conheço o senhor, tampouco sua esposa.
— Meu nome é John Walker. — O nome foi dito com dureza como que refletisse no significado não só respeito, mas também temor.
Steve sentiu um choque de reconhecimento. John Walker. Um dos homens mais ricos e temidos do país, conhecido por sua frieza nos negócios “o homem de gelo”.
— Senhor Walker, como disse, deve haver um engano. Eu não sei quem é sua esposa. — Lançou um olhar rápido ao homem ao lado, que continuava imóvel como uma estátua. Os dois que estavam na entrada agora haviam desaparecido, mas deviam estar por perto. O ambiente parecia carregado.
— Não há engano — John aproximou-se, a postura ameaçadora. — Fique longe... ou pode dar adeus a este hotel.
Steve não recuou. Embora soubesse que o homem diante dele intimidava qualquer um, sustentou o olhar com firmeza. Ele acompanhava as redes sociais por conta do hotel, e John Walker era assunto corriqueiro, principalmente porque nunca era visto com a esposa e ninguém sabia quem ela era.
— Como já disse: não conheço sua esposa. Nem sequer sei o nome dela.
John estreitou os olhos, observando cada reação.
— Elizabeth Walker — disse, esperando captar qualquer vestígio de reconhecimento.
Steve ergueu uma sobrancelha.
— O senhor quer dizer Elizabeth Stewart?
John sentiu o golpe. Se ela havia se apresentado com o nome de solteira, era porque acreditava que ele tinha assinado o divórcio.
— Então ela deu o nome de solteira... — murmurou, deixando escapar a primeira demonstração de emoção.
Virou-se por um instante, processando a informação. Segundo os relatórios que recebeu, Elizabeth e Steve não mantinham um relacionamento íntimo, o que o havia tranquilizado. Até agora.
Ele voltou-se para Steve, que o encarava com firmeza.
— Agora que sabe quem ela é, mantenha distância. Estamos entendidos.
Fez menção de sair, mas a provocação veio antes que pudesse dar o primeiro passo.
— John Walker. O temido magnata. O homem de gelo — disse Steve, com ironia.
John virou o rosto lentamente.
— Frequentemente é visto com belas mulheres, como a deslumbrante Pamela White… e nunca com a esposa legítima. Há rumores de separação, falam até em casamento com a socialite. Afinal, quem é a misteriosa esposa de John Walker? Por que ela nunca foi vista ao seu lado? Pelo jeito, sua esposa não era tão feliz assim.
O sangue de John ferveu. Seus punhos cerraram-se. Estava pronto para partir para cima dele quando Bruce, seu fiel assistente, mais uma vez interveio, colocando-se à sua frente.
— Senhor Walker, por favor. Não faça isso. Vai acabar piorando tudo.
— Acho que quem precisa ficar longe da sua esposa... é o senhor. - Steve agora falava sério, o tom irônico substituído por um olhar grave.
— O que ela lhe disse? — perguntou John, ofegante, contendo a raiva.
— Nada. Nem foi preciso. Basta olhar nos olhos dela para saber que alguém a machucou muito.
— Alguma informação sobre quem está nesses quartos?
— Bem… um deles solicitou que não fosse feito serviço de quarto e quase não sai. O outro segue um padrão parecido: os ocupantes das suítes saem de manhã e retornam à noite. São dois casais, pelo que foi informado no check-in.
Steve manteve o olhar fixo nele, tentando captar qualquer detalhe que pudesse ter sido omitido.
— Eles interagem com outros hóspedes?
— Não, senhor. São bastante discretos.
Houve uma breve pausa.
— Algum problema, senhor?
Ele sustentou o silêncio por alguns segundos antes de responder:
— Não… nada. Obrigado.
Virou-se e seguiu para seu escritório, abriu o computador e começou a pesquisar sobre o casamento de John e Elizabeth.
Os resultados foram imediatos. Havia dezenas de matérias sobre o magnata, o gênio dos negócios, o estrategista impiedoso, o empresário que em poucos anos havia se tornado um dos homens mais ricos e influentes do mundo. Reportagens destacavam sua frieza nos negócios, sua inteligência fora do comum, e sua habilidade em transformar tudo que tocava em lucro.
Mas, ao procurar por informações sobre sua vida pessoal, o que encontrou foi especulações sobre sua vida amorosa, sempre envolta em mistério. Poucas menções à esposa. Nenhuma foto. Nenhuma aparição pública. Havia fotos dele ao lado de belas mulheres, uma em especial, Pamela White, aparecia em várias fotos ao lado dele.
Após alguns minutos, encontrou uma nota antiga, datada de mais de três anos atrás:
“John Walker, um dos solteiros mais cobiçados do país, surpreende ao se casar em uma cerimônia discreta e privada, restrita a poucos convidados. O nome da noiva não foi divulgado.”
Steve franziu o cenho. Aquilo não fazia sentido. Se Elizabeth era, de fato, sua esposa legítima, por que seu nome havia sido ocultado? Por que ela nunca apareceu? Por que esconder uma mulher como ela? O que havia por trás daquele casamento? Será que ela estava fugindo do marido?
As perguntas fervilhavam em sua mente, uma atrás da outra, sem resposta. E a inquietação só crescia. Sem perder tempo, e ignorando completamente o aviso de John para se manter afastado, Steve levantou-se de súbito, pegou o celular e saiu do escritório, decidido.

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Amargo Contrato de Casamento
Olá, quero deixar aqui meus sinceros parabéns por essa linda história, eu amei. Que Deus abençoe vc e toda a sua família...
História linda e emocionante como a fé e o amor são capazes de transformar vidas....
Maravilho...