Pamela
Pamela estava à beira da piscina de sua mansão, reclinada em uma espreguiçadeira, tomando banho de sol. Seus olhos permaneciam ocultos atrás de um par de óculos escuros. O telefone vibrou sobre a mesinha ao lado; ao ver o nome na tela, atendeu de imediato.
— Logan. Conseguiu alguma coisa? — perguntou sem rodeios.
— Bom dia, princesa — respondeu ele, com a voz grave e um tom de ironia que a irritava.
— Já disse para não me chamar assim.
— Tudo bem, princesa... desculpa — murmurou, soltando um riso baixo, quase imperceptível.
— Fale logo. Conseguiu alguma coisa? — a impaciência dela transparecia na voz.
— Seu querido Walker também sumiu sem deixar rastro — desta vez, o tom dele ficou sério.
— Como assim?
— Verifiquei no aeroporto: o avião do senhor Walker não voa há tempos, só para manutenção. Mas descobri que ele saiu de carro há alguns dias. Ninguém na sede do grupo sabe para onde foi.
— Impossível! Um homem como John Walker não desaparece assim.
— Tudo que consegui é que ele deixou a cidade pela interestadual. Depois disso, o rastro desapareceu.
Pamela ficou em silêncio por alguns instantes, absorvendo a informação.
— Continue investigando. John Walker não é o tipo que fica oculto por muito tempo. E quanto à Elizabeth?
— Nada. Como eu disse, ele simplesmente evaporou.
Um leve sorriso de desdém formou-se nos lábios dela. Estava quase certa de que John havia ido atrás da esposa.
— Continue mesmo assim.
Ela desligou, tomou um gole de seu drink e, sem hesitar, fez outra ligação. Do outro lado da linha, a chamada foi atendida rapidamente.
— Senhora Sinclair.
— Pamela! Alguma novidade? — A voz de Martha soava controlada, mas havia um tom de urgência difícil de esconder.
— Infelizmente, não. O John também desapareceu... e acho que ele foi atrás daquela simplória.
Um suspiro longo e pesado foi ouvido do outro lado.
— Eu também não consigo falar com ele.
— Já mandei continuar as investigações.
— Ótimo. Me avise de qualquer novidade.
A ligação foi encerrada. Do outro lado, Martha permaneceu imóvel, o semblante fechado.
— O que foi, querida? — perguntou Roger, percebendo a expressão dela.
— Nada. Não é nada — respondeu pausadamente.
Deixou a sala íntima do casal, sem querer que Roger percebesse o turbilhão de preocupações que lhe pesava no peito. No fundo, já desconfiava que o marido estava tomando partido de Elizabeth.
John
John estava trancado na sala do quarto conjugado do hotel, as luzes baixas refletindo nas telas diante dele. Nos monitores, imagens de Elizabeth se repetiam como um filme que ele não conseguia parar de assistir. Em um dos quadrantes, o vídeo em tempo real mostrava cada detalhe da movimentação no restaurante: entregas, conversas, preparativos.
Uma batida leve na porta quebrou seu foco, e logo Bruce entrou.
— Senhor, desculpe interromper… Carlson precisa de suas ordens.
John fechou os olhos por um instante, massageando as têmporas antes de passar a mão pelo rosto, pensativo.
— Pode dispensar a equipe. E, se quiser, pode ir também. Eu vou ficar mais alguns dias.
Bruce o observou com surpresa.
— Senhor… com sua permissão, eu prefiro ficar.
John não se mostrou surpreso.
— Sem problema. — Afinal, Bruce já havia impedido que ele cometesse dois erros graves; era bom ter alguém equilibrado por perto.
— Quero que descubra quando será a inauguração do restaurante.
— Já tenho a informação, senhor. Será neste fim de semana, durante o festival gastronômico.
John assentiu e ficou olhando para a tela que exibia a movimentação do restaurante.
— Senhor, se me permite. O que o senhor pretende fazer?
John suspirou, a voz carregada de um peso que Bruce não ouvira antes.
— Ainda não sei. Preciso pensar.
Bruce reconheceu a amargura naquela resposta.
— Vou repassar as ordens para Carlson. Mais alguma coisa?
John balançou a cabeça em silêncio.
— Com licença, senhor. — Bruce se retirou.
Assim que ficou sozinho, John voltou a encarar o monitor. Sua expressão antes densa mudou para uma frieza cortante quando um casal entrou no restaurante. Os olhos dele se estreitaram.
— Então… vocês apareceram.
A imagem se aproximava com o zoom automático, revelando melhor os rostos do casal.
Adam e Sara.
A mandíbula de John se contraiu. John passou os dedos sobre o queixo, os olhos fixos.
— Eu não teria conseguido sem o apoio de vocês. Quando achei que estava sozinha… vocês apareceram.
Sara segurou a mão dela sobre a mesa.
— Você nunca esteve sozinha, Lizzie. E amanhã, quando abrir essas portas para o público, quero que lembre de tudo o que passou para chegar até aqui. Esse restaurante não é só comida boa… é a prova de que você venceu.
Elizabeth respirou fundo, absorvendo aquelas palavras.
— Eu precisava ouvir isso hoje…
Adam sorriu, mas antes que pudesse responder, a porta da frente se abriu e outro visitante inesperado entrou.
— Steve! — disse Elizabeth, surpresa. — Não sabia que viria hoje.
— Resolvi passar para ver como estavam os preparativos… e trazer um pouco de sorte para amanhã. — Ele sorriu, mas havia algo em seu olhar que a fez perceber que talvez não fosse só isso.
— Senta com a gente! — convidou Adam, puxando uma cadeira. — Estamos aqui celebrando antecipadamente.
Steve se acomodou, e logo Bryan trouxe um prato para ele também.
— Ouvi dizer que hoje é dia de degustação especial — comentou, tentando soar descontraído. — Não vou perder essa oportunidade.
Sara riu.
— Vai se apaixonar pelo cardápio.
— Já estou — respondeu ele, lançando um breve olhar para Elizabeth, que desviou rapidamente para o prato à sua frente.
Enquanto comiam e trocavam comentários sobre os pratos, Adam e Sara mantinham o clima leve, mas Elizabeth sentia, lá no fundo, que Steve carregava algo não dito. Talvez fosse apenas preocupação com a inauguração… ou talvez fosse outra coisa.
Adam e Sara se despediram com abraços calorosos, prometendo voltar para a inauguração. Elizabeth os acompanhou até a porta, sorrindo. Assim que se despediram, ela voltou para dentro.
Steve estava apoiado no balcão e a olhava com intensidade. Seu olhar parecia querer dizer algo.
— Meus parabéns, seu restaurante, a comida, você… tudo está incrível.
Elizabeth corou um pouco.
— Obrigada Steve
— Bem, também vou indo. Sei como são os últimos preparativos.
— Ainda tenho que ajustar algumas coisas aqui.
Steve deu a impressão que queria dizer algo, mas se calou.
— Até logo, Elizabeth
— Até logo.
Elizabeth viu Steve sair e ficou intrigada, ele parecia tenso desde o dia de ontem quando foi procurá-la. Mas não tinha tempo para ficar pensando. Voltou para a cozinha e acertou os últimos detalhes com o chef Bryan.

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Amargo Contrato de Casamento
Olá, quero deixar aqui meus sinceros parabéns por essa linda história, eu amei. Que Deus abençoe vc e toda a sua família...
História linda e emocionante como a fé e o amor são capazes de transformar vidas....
Maravilho...