John
John permanecia no mesmo ponto, imóvel, como se o próprio ar ao redor dele estivesse suspenso. Estava prestes a tomar a decisão de atravessar a rua e entrar no restaurante quando um movimento na calçada lhe chamou a atenção.
— Aquele sujeito… — murmurou entre dentes, a voz carregada de desprezo. — Teve a audácia de aparecer.
Bruce, ao seu lado, também reconheceu Steve Taylor entrando pela porta principal do “La Brise”. Lançou um olhar rápido para o chefe e percebeu a mudança instantânea: o maxilar travado, os músculos dos ombros rígidos e aquele brilho perigoso no olhar, o prenúncio de uma fúria contida.
John começou a caminhar, avançando por entre as pessoas que se espalhavam pela rua movimentada. Alguns olhares curiosos se voltavam para ele; as mulheres, em particular, desviavam a atenção das vitrines e das conversas para admirar a imponência daquele homem alto, vestido com elegância e carregando uma aura difícil de ignorar.
— Senhor, por favor… não se precipite. — A voz de Bruce soou logo atrás, quase suplicante.
— Não se preocupe. — John respondeu, sem diminuir o passo. — Não vou fazer nenhuma besteira… desta vez.
Quando chegou a poucos metros da entrada, parou. Não entrou. Ficou ali, observando através da grande janela de vidro.
E então a viu.
Elizabeth, radiante em seu uniforme branco impecável de chef, movendo-se com graça. Os cabelos presos em um coque sofisticado, mas com algumas mechas soltas que emolduravam o rosto.
Ao ver Steve sentando na mesma mesa que Adam e Sara, sentiu uma pontada no coração como uma punhalada diante da cena que se desenrolava, os quatros pareciam conversar como velhos amigos.
O rosto de John se contraiu em dor. Adam não apenas tinha sido cúmplice na fuga dela… agora também parecia abrir espaço para que Steve se aproximasse.
— Senhor… é melhor irmos. — Bruce falou em tom baixo, tentando arrancá-lo dali. — Ficar aqui só vai piorar. — Fez uma pausa antes de acrescentar. — Senhor é o grande dia da senhora… se entrar por essa porta, pode ser um caminho sem volta.
John ouviu o que seu prudente assistente havia acabado de falar e conteve o impulso de entrar, anteriormente ele queria apenas chegar e sentar em uma mesa como um cliente qualquer, mas com os olhos presos em Elizabeth, e a visão dela sorrindo para Steve era um tormento silencioso… Não teria condições de lidar com a situação.
Seguindo o instinto, levantou o olhar em direção à janela.
Do lado de fora, sob a iluminação tênue da rua e parcialmente encoberto pelas pessoas que passavam, um homem alto e imponente a observava fixamente. A luz não revelava os traços com clareza, mas ela não precisava ver os olhos para reconhecer a presença. Seu coração vacilou e o sorriso simplesmente desapareceu.
— Lizzie… Lizzie! Está tudo bem? — A voz de Sara soou distante, como se viesse de muito longe.
Elizabeth piscou, voltando a si, e olhou para a amiga. Não conseguiu responder de imediato.
— Você ficou pálida… aconteceu alguma coisa? — Perguntou Sara preocupada pela mudança drástica do semblante da amiga.
— Não… nada. — murmurou, tentando retomar o controle. Voltou a olhar para a janela, mas o homem já não estava lá. — Pensei ter visto alguém conhecido.
Steve acompanhou o olhar para onde Elizabeth tinha olhado e fixou a atenção no ponto indicado. Não viu ninguém. Mas pela expressão dela, tinha certeza do que, ou melhor, de quem se tratava. Seu semblante ficou sério, e em sua mente ecoavam perguntas sem respostas.

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Amargo Contrato de Casamento
Olá, quero deixar aqui meus sinceros parabéns por essa linda história, eu amei. Que Deus abençoe vc e toda a sua família...
História linda e emocionante como a fé e o amor são capazes de transformar vidas....
Maravilho...