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Amargo Contrato de Casamento romance Capítulo 140

John

Ao perceber que Elizabeth o havia visto, John sustentou o olhar por alguns segundos. Havia algo de desafiador e ao mesmo tempo doloroso naquele instante. Mas, quando ela desviou a atenção para Sara, ele respirou fundo e decidiu se afastar antes que tivesse certeza de que era ele.

— Será que ela o viu? — perguntou Bruce enquanto os dois se afastavam pela calçada.

— Acho que sim.

— Pareceu olhar diretamente para o senhor… mas não acredito que tenha o reconhecido de imediato.

— Eu não sei… — John parou por um instante, já a uma boa distância do restaurante, e voltou o rosto para trás. As luzes douradas do “La Brise” ainda brilhavam na esquina. — Por pouco eu não entrei lá e quebrei a cara daquele sujeito… juntamente com Adam.

— O senhor não faria isso, faria? — Bruce falou num tom que misturava ironia e preocupação, embora soubesse que o chefe era bem capaz de fazer isso.

John apenas lançou um olhar de lado, sem responder, e retomou o passo.

Seguiram até um pub mais afastado do centro. O lugar tinha um ar mais rústico, luz baixa, mesas de madeira e cheiro de malte no ar. Estava razoavelmente movimentado, mas longe do tumulto dos bares da região central. Sentaram-se no balcão, onde o barman, um homem robusto com barba grisalha, veio atendê-los.

— Em que posso servi-los? — perguntou.

— Nos dê uma garrafa do seu melhor whisky. — pediu John.

O barman entregou a garrafa e os copos, e por alguns minutos os dois permaneceram em silêncio, bebendo devagar. O som ambiente era um misto de risadas ao fundo e o tilintar de copos.

Bruce foi o primeiro a quebrar o silêncio.

— Sabe… se tivesse entrado lá, não teria sido o ideal para uma reaproximação.

John manteve os olhos fixos no copo.

— Eu sei — respondeu, com a voz baixa, quase num murmúrio.

Bruce respirou fundo.

— E o que exatamente pretende fazer, senhor?

John apoiou os cotovelos no balcão, girando o copo nas mãos.

— Ainda não decidi. Mas seja o que for… não posso adiar por mais tempo ou vou enlouquecer.

*****

Elizabeth

Na manhã seguinte, o “La Brise” estava fechado, mas dentro dele o som de panelas e o aroma de ervas frescas já tomavam conta da cozinha. Elizabeth coordenava a equipe, revisava estoques e ajustava os últimos detalhes do cardápio para o segundo dia do festival.

A noite anterior havia sido um sucesso absoluto, mas algo ainda a inquietava. A imagem daquele homem parado na rua não saía de sua mente. Por um instante, teve certeza de que era John. Depois, quando ele desapareceu, tentou convencer a si mesma de que fora apenas fruto da imaginação, um reflexo de seus pensamentos ou alguém muito parecido. Ainda assim, um arrepio percorreu sua espinha, não de medo… mas de um turbilhão de sensações que não sabia dizer.

Sacudiu a cabeça, afastando o pensamento. Não havia tempo para divagações. A cidade fervilhava de turistas, o centro gastronômico estava tomado pelo vai e vem animado de gente em busca de novas experiências, e o “La Brise” tinha que estar preparado.

À noite, o restaurante estava novamente lotado e com fila de espera, alguns clientes da noite anterior fizeram questão de retornar e não se importam em esperar. Elizabeth atenta providenciou algumas mesinhas altas que foram colocadas do lado de fora para serviam drinks e bebidas enquanto os clientes aguardavam pacientemente.

Quando a música terminou, o salão explodiu em aplausos. Elizabeth sorriu de leve, mas no fundo sentia o peso de algo que não podia compartilhar com ninguém.

Steve percebeu que ela naquela música refletia os verdadeiros sentimentos de Elizabeth, percepção de Adam e Sara também.

*****

John

Lá fora, John permaneceu imóvel por alguns segundos após o último acorde se apagar. Os aplausos e risos vindos de dentro soavam distantes, abafados pela batida firme e irregular do próprio coração. Ele respirou fundo, como se tentasse se livrar daquela sensação incômoda que o invadia.

Bruce, que estava alguns passos atrás, percebeu.

— Senhor… vamos embora? — perguntou com cautela.

John não respondeu de imediato. Continuava olhando para a fachada iluminada do *La Brise*, como se pudesse atravessar as paredes e alcançar o passado que aquela música havia despertado.

Por fim, virou-se e começou a caminhar em direção oposta.

— Aquela música… — disse, mais para si do que para Bruce — …ela cantava com tanto sentimento, com o coração… talvez… talvez fosse sobre nós… talvez eu ainda tenha alguma esperança… — as palavras morreram e sem perceber uma lágrima furtiva teimou em escapar

Bruce soltou um leve suspiro, mas não conseguiu falar nada. Ele também ouviu a canção e também ficou emocionado.

Seguiram em silêncio pelas ruas menos movimentadas naquela madrugada.

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