O elevador subia em silêncio, e Elizabeth podia ouvir apenas o som suave do próprio coração. Apertava o terço contra o peito, um lembrete de que aquele momento era real. Seus olhos refletiam nas portas espelhadas: a mulher que via não era mais a mesma que partira meses antes, machucada e insegura.
Quando as portas se abriram, um corredor luxuoso a recebeu. As luzes douradas criavam um ambiente cálido, e o chão de mármore refletia o brilho de cada detalhe. Duas fileiras de arranjos florais, discretos mas sofisticados, guiavam seus passos até uma porta dupla de madeira nobre.
Elizabeth respirou fundo. Sentia ansiedade e emoção a cada passo. Antes que pudesse tocar na maçaneta, a porta se abriu suavemente por dentro.
O salão era amplo, finamente decorado com flores em tons suaves e uma iluminação tênue que conferia ao ambiente um ar de sonho. Uma banda tocava uma música romântica, enquanto, em meio àquele cenário encantado, seus olhos encontraram os dele.
Lá estava John.
Ele vestia um terno negro impecável, a gravata alinhada, mas o olhar… o olhar era o que realmente desarmava qualquer formalidade. Seus olhos a percorreram como se não acreditasse no que via. A rigidez habitual cedeu lugar a uma expressão vulnerável, quase reverente. Ele segurava uma única rosa vermelha próxima ao coração, enquanto a outra mão descansava casualmente no bolso.
Elizabeth prendeu a respiração. Seu esposo estava deslumbrante. Imponente, elegante e apaixonante. Dois funcionários se aproximaram discretamente para recolher o buquê e o terço, mas ela recusou-se a entregar o terço, ele era mais que uma joia, era uma promessa.
Por um instante, nenhum dos dois disse nada. O silêncio foi preenchido apenas pela respiração contida, pelo peso do que significava aquele reencontro.
Com passos lentos, Elizabeth atravessou o salão em direção a John, sentindo o coração bater acelerado. Parou alguns passos dele.
Ele, por sua vez, mal conseguia respirar desde o momento em que as portas se abriram. Elizabeth parecia uma visão celestial. Cada passo que ela dava em sua direção fazia seu coração ameaçar pular pela boca. Sentia-se como um adolescente apaixonado.
— Elizabeth… — a voz dele saiu baixa, carregada de emoção e suavidade, estendeu-lhe a rosa.
— John. — respondeu ela com um sorriso doce, pegando a flor e beijando-a com carinho.
Ela baixou os olhos por um momento, sem conseguir sustentar tamanha intensidade, mas logo ergueu o queixo com um sorriso tímido.
Ele deu um passo à frente, hesitou, como se tivesse medo de que um gesto brusco pudesse quebrar a delicadeza daquela cena, mas então estendeu a mão.
No instante em que seus dedos se tocaram, foi como se todo o peso do passado, das dores e incertezas, começasse a se dissolver. John inclinou-se, sem pressa, e levou a mão dela até os lábios, depositando um beijo suave, quase solene.
— Eu esperei muito por este momento. — confessou, a voz firme, mas embargada de emoção.
Elizabeth sentiu os olhos marejarem, mas manteve o sorriso.
— Eu também.
— Senhora Walker concede-me o prazer desta dança? — perguntou
— Sim… O prazer é todo meu — disse ela, permitindo-se ser envolvida pela cintura.
Apoiada contra o peito dele, pôde sentir seu coração acelerado batendo no mesmo ritmo que o seu. John segurou sua outra mão, e começaram a dançar enquanto a banda entoava uma canção romântica.
Não havia tempo, nem espaço, somente os dois naquele momento quase sagrado.
Após dançarem, John conduziu Elizabeth até a mesa posta para dois, com velas e arranjos delicados. A cidade iluminada ao fundo pelas janelas imensas, um garçom logo trouxe o vinho escolhido por John e os pratos, preparados especialmente para aquela noite, foram trazidos por garçons discretos que logo se retiraram, deixando-os a sós.
Ele havia planejado cada detalhe desde o dia anterior, com a ajuda de Bruce, que quase enlouqueceu tentando atender a todas as exigências do chefe.
John não tirava os olhos dela.
— Está absolutamente linda.
Elizabeth sorriu, corando levemente.
— E você… tão belo e tão diferente
Ele ergueu uma sobrancelha, curioso.
— Diferente como?
— Eu nunca pensei que você fosse romântico — disse ela, com um leve sorriso divertido
John ficou em silêncio por um instante, absorvendo aquelas palavras. Depois, aproximou-se ainda mais, segurando-lhe as duas mãos.
— Talvez porque eu finalmente tenha entendido o que realmente importa.
Elizabeth respirou fundo, sentindo-se entregue àquele momento. Não havia mais passado, não havia mais distância. Apenas eles dois, diante de uma nova promessa.
Durante o jantar, John revelou esse lado romântico que ela ainda não conhecia e jamais imaginou que existia. Conversaram sobre suas vidas, sonhos e planos. Em meio às risadas e olhares apaixonados, ele lhe fez uma pergunta inesperada:
— Quantos filhos você quer? — perguntou de repente, sentindo no peito um desejo incontrolável de ser pai.
— Quantos Deus nos permitir. — respondeu ela, sorrindo ao imaginar várias crianças com o sorriso e os olhos dele.
— Então teremos muitos. — John estreitou o olhar, o tom mais grave, envolto em emoção. — Acho que está na hora de começar a providenciar o primeiro…
Elizabeth corou, surpresa e tímida. O pensamento da primeira noite com seu esposo, o homem que amava e sempre amaria, a fez desviar os olhos e o rosto em brasa, temendo decepcioná-lo.
John percebeu seu rubor e se encantou ainda mais. O desejo que sentia por ela era profundo, intenso e sagrado. Pegou a mão dela e a beijou com ternura.
— E só me diz isso agora?
— Foi difícil, princesa. Quando se trata de John Walker, quase ninguém abre a boca. E não adianta nem pensar em aparecer lá: o lugar está cheio de seguranças, ninguém se aproxima.
Ela fechou os olhos, respirando fundo. Então John tinha voltado… e estava com Elizabeth. Um jantar intimo, só para os dois.
— Está bem… — respondeu por fim, tentando conter a raiva.
— O que quer que eu faça? — Logan insistiu, embora soubesse que já estava se arriscando demais. Se John descobrisse que era vigiado…
— Por enquanto, nada. Aguarde meu contato.
Ela desligou sem se despedir e apertou o celular com força entre as mãos, como se pudesse esmagar a verdade que acabara de ouvir. Então ele realmente estava com ela. Aquela simplória.
Com os olhos marejados de raiva, fez outra ligação.
— Pamela? — A voz de Martha soou curiosa do outro lado da linha.
— Senhora Sinclair. John voltou.
— Finalmente! — Martha exclamou, aliviada. — Como soube? Não consigo falar com ele há dias e ninguém na empresa me dá respostas.
Pamela apertou os dentes.
— O investigador acabou de me ligar. John não retornou ao trabalho. Ao invés disso, reservou o restaurante inteiro do "Royal Hotel" para um jantar intimo… com ela. — Sua voz saiu trêmula, carregada de rancor. — Com aquela simplória.
Do outro lado, Martha silenciou por um instante, até soltar um suspiro longo.
— Aquela mulher… está o manipulando, só pode ser.
— Senhora Sinclair, o que vamos fazer? — Pamela insistiu, a voz quase suplicante.
Houve um silêncio pesado. Martha parecia medir cada palavra.
— Não sei. John não me ouve mais. Preciso pensar.
A ligação se encerrou abruptamente, deixando Pamela ainda mais transtornada. Ela levantou-se do sofá de um salto, caminhou até a janela e encarou a noite lá fora.
— Então você voltou, Elizabeth… — murmurou, os olhos faiscando. — Mas ainda não acabou. Se pensa que John vai ser seu, está muito enganada.

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Amargo Contrato de Casamento
Olá, quero deixar aqui meus sinceros parabéns por essa linda história, eu amei. Que Deus abençoe vc e toda a sua família...
História linda e emocionante como a fé e o amor são capazes de transformar vidas....
Maravilho...