Entrar Via

Amargo Contrato de Casamento romance Capítulo 148

Martha

Ao desligar, Martha permaneceu alguns segundos imóvel, encarando o telefone em sua mão. Roger, sentado no sofá com o jornal aberto, ergueu o olhar tranquilo para ela. O silêncio da esposa e o tom carregado da conversa não lhe passaram despercebidos.

— O John voltou? — perguntou, em sua voz calma.

Martha largou o aparelho sobre a mesa, suspirando fundo.

— Voltou! — respondeu com irritação. — E sequer se deu ao trabalho de me ligar. Roger, não vê? Aquela mulherzinha está afastando nosso filho de nós!

Roger dobrou o jornal, sem pressa.

— Querida, você sabe tão bem quanto eu que ninguém manipula John. Se ele está com ela, é porque… talvez realmente a ame.

— Pare com isso! — Martha rebateu, a voz aguda. — John não é nenhum adolescente para se apaixonar assim, de repente.

Roger soltou um leve suspiro, optando por não prolongar a discussão. Abriu novamente o jornal, afundando-se na leitura.

Mas Martha não conseguia relaxar. Caminhava de um lado a outro da sala, sentindo a inquietação corroer-lhe o peito. O simples fato de imaginar John rindo, conversando e dividindo um jantar romântico com Elizabeth fazia seu sangue ferver.

*****

John e Elizabeth

Ao chegarem à mansão de John, o portão se abriu lentamente, revelando a imponente casa com seus grandes paineis de vidro envolta por jardins bem cuidados e iluminada por luzes suaves. Aquele lugar, que antes lhe parecia frio e hostil, agora tinha outro brilho.

John parou o carro e contornou para abrir a porta para ela. Estendeu-lhe a mão com delicadeza e sorriu, ajudando-a a descer do carro.

Elizabeth sentiu um turbilhão de emoções a invadir-lhe o peito. Um misto de tristeza e alegria se confundia dentro dela, tristeza pelos três anos de um casamento marcado pela solidão e infelicidade… alegria por finalmente voltar aquela casa como senhora Walker.

Ao abrir a porta da casa, John deixou que Elizabeth entrasse primeiro.

Assim que cruzou o limiar, Elizabeth ficou paralisada, a surpresa em seus olhos era evidente. A casa estava completamente diferente. Havia flores por todos os ambientes espalhadas com esmero e delicadeza, velas discretas espalhadas em pontos estratégicos. A decoração foi inteiramente reformulada: os móveis eram outros, os tons agora suaves e acolhedores. Nada ali lembrava a frieza e a austeridade de outrora.

Num canto elevado, próximo aos amplos paineis de vidro que deixavam a luz do luar entrar, um piano branco reluzia sob a iluminação quente. Era belíssimo. Aquele lar, antes marcado pela indiferença, agora transbordava cuidado, afeto e amor.

Elizabeth girou lentamente sobre si mesma, observando os detalhes, levou a mão à boca, e as lágrimas começaram a rolar, mas desta vez, eram de felicidade

— Você planejou tudo isso?

John se aproximou, com um sorriso contido, tocado pela reação dela.

— Planejei, mandei trocar tudo. — disse, a voz baixa e carregada de emoção. — Não queria que nada aqui te lembrasse dos dias infelizes que passou nesta casa. Gostou?

Ela o olhou através das lágrimas, que pareciam lavar as marcas do passado.

— Sim… muito obrigada. Está linda.

Caminhou devagar até o piano observando cada detalhe da nova decoração, passou a mão suavemente sobre as teclas.

— É para mim? — perguntou, quase sem acreditar.

— Sim. Espero que toque para mim. — respondeu ele, com um sorriso contido.

Elizabeth se sentou e começou a dedilhar as primeiras notas, com graça e delicadeza. A melodia tomou o ambiente, envolvendo-os em uma atmosfera íntima e mágica. John se aproximou, admirando a esposa tocar com tanto sentimento. A música enchia seus ouvidos e coração.

Devagar, colocou as mãos nos ombros dela, acariciando-a com ternura. O toque fez com que Elizabeth hesitasse nas notas e os dedos falhassem. Ele se inclinou e depositou um beijo suave em seu rosto. Ela fechou os olhos, rendida. John deixou os lábios descerem até a curva de seu pescoço deixando um rastro de fogo.

Ela caminhou lentamente até ele, estendendo os braços, e o envolveu num abraço. Ficaram assim por um instante que pareceu suspenso no tempo.

Ele a beijou com delicadeza, como se temesse quebrar o encanto. Com custo a afastou.

— Está ficando difícil pra mim — Disse ele com os olhos em brasa. — Vá até o quarto de vestir, vou te esperar no quarto.

Ela assentiu e foi para o anexo do closet. O quarto de vestir tinha uma penteadeira que ocupava toda uma parede, sobre ela várias caixas abertas com joias, cada uma mais linda e preciosa que a outra. Eram conjuntos, colares, pulseiras, brincos. Elizabeth as tocou com dedos trêmulos, jamais pensou em ter tantas joias.

Olhou para um dos puff e sobre ele uma camisola toda em renda branca. Elizabeth pegou o tecido macio e delicado. Com as mãos trêmulas, ela se vestiu somente com a camisola e olhou no espelho e corou ao ver o tecido revelador.

Voltou ao quarto. John estava à sua espera, de pé próximo a porta que dava para a varanda, vestia um robe de seda branca e o olhar perdido no jardim. Quando a viu, o fôlego lhe escapou.

— Você está… deslumbrante — murmurou.

Elizabeth parecia um sonho. Caminhou até ela e tomou suas mãos e a puxou para si beijando-a com paixão. Elizabeth sentia sensações até então desconhecidas e para sua surpresa ansiava mais. Sentiu John deslizar a alça da camisola e ir beijando seu pescoço revelando aos poucos a mulher que tanto amava.

Elizabeth pousou a mão sobre o peito dele, sentindo o ritmo acelerado do coração junto ao seu.

— Você também está nervosa? — perguntou ele com a voz rouca e os olhos em brasa.

Elizabeth apenas assentiu.

Ele a carregou nos braços até a cama, com um cuidado reverente para, enfim, consumar o amor que tanto esperaram. Na primeira vez que seus corpos se uniram foi como um amor sagrado, John foi gentil, contido, quase reverente.

Os dois se perderam então em gestos e palavras sussurradas. O tempo deixou de existir, e a noite se transformou em um encontro de almas: não apenas marido e mulher, mas dois corações marcados por dores, reencontrando finalmente o direito de amar sem reservas.

E quando o amanhecer começou a surgir timidamente pelas frestas da cortina, John e Elizabeth permaneciam juntos, entrelaçados, como se aquele instante fosse o verdadeiro início da vida que sempre sonharam viver lado a lado.

Histórico de leitura

No history.

Comentários

Os comentários dos leitores sobre o romance: Amargo Contrato de Casamento