O retorno do senhor Walker
Na manhã seguinte, John chegou ao edifício administrativo do Grupo Walker. Seu sumiço repentino nos últimos dias havia causado um verdadeiro alvoroço. Ninguém sabia ao certo o que estava acontecendo. Funcionários cochichavam, diretores e acionistas exigiam respostas e até seus próprios pais estavam à sua procura. E, claro, havia Pâmela White, a mulher que não parava de ligar insistentemente.
Bruce, como assistente, precisou se desdobrar para driblar perguntas e manter o sigilo absoluto sobre o paradeiro do chefe. Embora tivesse autonomia para conduzir alguns assuntos, as decisões mais importantes dependiam única e exclusivamente de John. Foi com alívio que, no dia anterior, recebeu em uma das ligações de John noticiando que retornaria ao trabalho.
Quando o carro de John parou em frente a entrada do imponente prédio, o porteiro se aproximou rapidamente para abrir a porta do carro.
— Bom dia, Bill — cumprimentou John ao sair do carro sorridente e ajeitando o paletó.
— Bom dia, senhor Walker — respondeu ele, surpreso. Trabalhava ali por dez anos e jamais ouvira um cumprimento tão cordial. Aliás, sequer imaginava que o temido sennhor Wlaker sabia seu nome. “Ele sabe meu nome...”, murmurou, atônito.
John entrou no saguão principal assobiando, bronzeado e visivelmente de bom humor. Funcionários que normalmente desviavam o olhar ou até mudavam de caminho ao vê-lo, dessa vez, simplesmente congelaram ao ouvir um espontâneo:
— Bom dia! — seguido de um sorriso que nunca tinham visto antes.
Alguns arregalaram os olhos, outros se entreolharam em estado de choque, como se estivessem presenciando um fenômeno raro.
De repente ele parou no meio do salão e olhou em direção a Carol, a recepcionista do térreo, lhe deu um sorriso charmoso e lhe acenou com uma das mãos. Ao ver o rosto incrédulo da moça ele aumentou o sorriso. “Sempre quis fazer isso” pensou.
Carol completamente confusa murmurou: “Ele sorriu pra mim”. A outra recepcionista que estava ao lado complementou “E te acenou”
Ao se aproximar do elevador, um grupo que aguardava ali imediatamente se afastou para lhe dar passagem. Quando a porta se abriu, John percebeu que ninguém ousou acompanhá-lo. Segurou, então, o botão de “porta aberta” e perguntou, descontraído:
— Não vão entrar? — perguntou, arqueando uma sobrancelha.
Os funcionários, visivelmente desconcertados, se entreolharam antes de, timidamente, entrarem no elevador.
— Está um lindo dia, vocês não acham? — comentou John, descontraído.
— S-sim, senhor — respondeu um.
— Realmente... um lindo dia — completou outro, claramente sem entender aquele súbito bom humor do temido senhor Walker.
A cada andar, quando alguém saía, o fazia rapidamente, quase tropeçando nos próprios pés, enquanto lançava um “bom dia” apressado.
Por fim, o elevador chegou a um dos últimos andares, onde ficava a presidência. John atravessou o setor administrativo como uma brisa inusitada: leve, sorridente, cumprimentando a todos com um educado e descontraído “bom dia”. Olhares arregalados o seguiam, não mais temendo um chefe mal-humorado, e sim, pasmos diante de um John Walker completamente diferente: bem humorado, com sorriso aberto e bronzeado pelo sol.
Ao entrar na ante sala, onde sua secretária, Anne, trabalhava, cumprimentou-a animado:
— Bom dia, Anne. Está um dia maravilhoso, não acha?
— B-bom dia, senhor Walker... — respondeu ela, boquiaberta, Carol havia dito que o senhor Walker estava diferente quando perguntou: como? Ela não soube dizer
John seguiu até sua sala e encontrou Bruce, mergulhado em uma pilha de papéis.
— Bom dia, Bruce.
— Bom dia, senhor Walker. Graças a Deus que o senhor voltou — exclamou ele, visivelmente aliviado.
— Como estão as coisas? — perguntou, em tom leve, sem demonstrar qualquer urgência.
— Uma verdadeira loucura. — Bruce soltou um suspiro cansado.
John se aproximou, analisando a montanha de papéis. Em outros tempos, jamais permitiria tal acúmulo, mas agora, aquilo não parecia lhe incomodar.
— Separe os assuntos mais urgentes e, por favor, agende uma reunião com os diretores de cada setor. Quero saber como se saíram na minha ausência — disse, relaxando na cadeira.
— Perfeitamente. Ah, seus pais estão muito preocupados. Sua mãe, principalmente... recomendo que retorne a ligação.
John assentiu, pensativo. Enfrentar Martha Walker Sinclair não estava nos seus planos para aquela manhã, mas era inevitável.
— Bruce... — chamou, com um sorriso sincero. — Agradeço imensamente sua dedicação, sua lealdade e, sobretudo, sua discrição.
— Aquela garota tola, mãe... é minha esposa. E não, eu não me livrei dela. Nem pretendo. Como já te disse, estou perdidamente apaixonado pela minha maravilhosa esposa.
— O quê?! — o grito de Martha quase estourou seu tímpano. — Você ficou louco? Essa mulher não te merece! Livre-se dela imediatamente e case-se com Pâmela White. Era com ela que você deveria estar. Se eu soubesse que Pamela voltaria, jamais teria proposto aquele contrato. Eu sou sua mãe, John. Me obedeça!
— Sinto muito, mãe. Eu amo Elizabeth. Ela é a mulher da minha vida.
— Ama?! Como ousa amar aquela... aquela simplória! Ela jamais estará à nossa altura! — Martha surtava do outro lado da linha.
— Mãe... não dá pra conversar assim. Irei jantar com vocês hoje.
— Finalmente! Venha ver sua velha mãe e traga paz ao meu coração aflito — respondeu, ativando seu tom de chantagista emocional.
— E vou levar Elizabeth.
— O que? Você vai trazê-la a nossa casa? Já disse para se livrar dela mais mil vezes, John, livre-se dela!
— Ela é minha esposa. E, goste você ou não, ela faz parte da minha vida. Agora, preciso desligar. Tenho trabalho a fazer. Até mais tarde, mãe. — John encerrou a ligação, ouvindo ao fundo a mãe gritando seu nome, histérica.
Imediatamente ligou outro número.
— Oi, meu amor... — respondeu a voz doce, que imediatamente suavizou tudo dentro dele.
— Como é bom ouvir sua voz... — suspirou, sorrindo. — Meu amor, hoje à noite, quero te levar para jantar na casa dos meus pais.
Houve um breve silêncio do outro lado.
— Você acha que é uma boa ideia? — perguntou, apreensiva.
— Tenho, sim. — A voz dele soava decidida, firme. — Quero que todos saibam, a começar pela minha família, o quanto eu te amo.
A partir daquela noite, o mundo inteiro conheceria, sem sombra de dúvida, quem era a verdadeira senhora Walker.

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Amargo Contrato de Casamento
Olá, quero deixar aqui meus sinceros parabéns por essa linda história, eu amei. Que Deus abençoe vc e toda a sua família...
História linda e emocionante como a fé e o amor são capazes de transformar vidas....
Maravilho...