Martha foi a primeira a romper o silêncio constrangedor:
— John, meu filho... Onde esteve todo esse tempo? — disse ela, apressando-se em se aproximar e segurando-o pelo braço e tentando afastá-lo de Elizabeth, ignorando por completo a presença dela. — Seu pai e eu ficamos muito preocupados. Não é, Roger?
— De fato, meu filho. Nunca mais nos deixe assim, sua mãe ficou... histérica. — respondeu Roger, tentando amenizar, embora soasse mais como uma constatação.
John arqueou uma sobrancelha, soltando-se gentilmente da mãe e respondeu com sarcasmo:
— Bem... pra mamãe, não precisa muito pra isso, não é?
Ao cumprimentar a mãe com um beijo, apertar a mão do pai e simplesmente nem dar uma olhada para Pamela, voltou-se imediatamente para onde Elizabeth havia ficado, segurando-a pela mão e deu-lhe um beijo no rosto, deixando claro que eles estavam realmente juntos e a conduziu até onde estava seu avô.
— Vovô, como o senhor está? — perguntou com sincero carinho.
O velho Oliver abriu um sorriso acolhedor, ignorando, ao que parecia, toda a tensão que pairava no ar.
— Agora estou muito melhor. E por que você não vem mais me visitar com sua bela esposa, hein? — disse, piscando o olho, bem-humorado. — E você, minha pequena, como tem passado?
Oliver realmente estava muito feliz ao ver que ambos agora finalmente haviam se acertado, finalmente John reconheceu seus sentimentos por Elizabeth.
Elizabeth segurou com carinho a mão do velho e sorriu afetuosamente.
— Estou bem, senhor. É um prazer imenso revê-lo.
Oliver apertou-lhe a mão, retribuindo o sorriso.
— John, meu rapaz, traga sua esposa para me visitar mais vezes. Ela é um verdadeiro colírio para estes olhos velhos.
John riu, lançando um olhar amoroso para a esposa.
— Não só para os seus, vovô. — respondeu, piscando para Elizabeth.
O velho, então, arqueou uma sobrancelha, divertido:
— Finalmente abriu os olhos não é? E então... quando vou conhecer meu bisneto? — perguntou com aquele tom provocativo que só os idosos sabem usar.
John sorriu malicioso, segurou a mão da esposa e a levou aos lábios beijando com carinho e delicadeza.
— Acredito que muito em breve, estamos nos esforçando bastante para isso.
Elizabeth corou violentamente, apertando-lhe o braço.
— John... por favor! — protestou, meio envergonhada, meio sorrindo.
A surpresa de como John tratava a esposa com tanto carinho, fez o restante dos presentes ficarem mudos. Martha ficou sem reação e Roger por outro lado parecia satisfeito.
Os olhos de Pamela faiscavam de ódio e parecia que queria fuzilar Elizabeth. Ela já tinha sido totalmente ignorada por John, e antes mesmo da chegada do casal, o velho Walker a recebeu com frieza, resolveu agir. Afinal ninguém ofusca Pamela White.
- John... não vai me cumprimentar? — Pâmela White levantou-se com a expressão totalmente transformada.
Caminhou até John com um andar propositalmente provocante, seus quadris balançando de forma calculada. Vestia um ousado vestido vermelho, tão justo e decotado que beirava o vulgar.
John lançou-lhe um olhar frio, distante, ignorando completamente a mão estendida.
— Como vai, Pamela? — respondeu seco, sem qualquer esforço para soar cordial.
Pamela sentiu o rosto arder de indignação da forma como John falou com ela. Martha havia garantido que o casamento de John estava por um fio e se ele a encontrasse no ambiente familiar iria perceber que ela era a mulher ideal para John, não Elizabeth. Qual não foi a surpresa ao ver a sem graça da esposa dele irradiando elegância, sofisticação e felicidade ao lado de um John completamente diferente.
Mas antes que pudesse se recompor John, sem esconder o desagrado, virou-se para sua mãe e disparou, num tom firme:
— Pensei que fosse um jantar de família.
— Martha, não me subestime. Sou velho, mas não sou idiota. Aquela moça é a pessoa mais doce, gentil e educada que já conheci. Sei do acordo desse casamento, no início achei que não iria dar certo, mas quando conheci Elizabeth tive a certeza que ela é a mulher ideal para ele e mãe do meu bisneto. E o John finalmente parece ter percebido isso.
— Ela não é digna do meu filho! Veio de uma família insignificante, aceitou esse casamento por dinheiro! Ela é uma interesseira sem escrúpulos! — gritou Martha, transtornada.
Oliver a olhou nos olhos, firme, sem piscar.
— Posso ser velho, mas não sou cego. Essa moça sempre amou John. E você sabia disso. Sabia que ela iria casar com ele mesmo sem contrato, mas o seu objetivo era colocar o John na presidência a qualquer custo e não a felicidade de seu filho
— Como pode me acusar assim?! Eu sempre quis o melhor para ele! — Martha disparou, mas sua voz agora soava menos segura.
— Então aceite a esposa que você mesma escolheu, ou vai perder muito mais do que imagina. — rebateu o velho, olhando em seguida para Roger. — E você, sempre foi um bom marido, mas está na hora de colocar freios nessa mulher, ou ela vai destruir a felicidade do seu filho.
Roger, normalmente não discordava da esposa, respirou fundo e, dessa vez, concordou com Oliver.
— Querida... seu pai tem razão. Se John está apaixonado pela esposa, quem somos nós para impedir?
Martha arregalou os olhos, indignada.
— Roger... até você?! Até você está contra mim?! — fingiu-se ofendida, levando a mão à testa como se fosse desmaiar.
— Chega desse teatro barato! — disparou Oliver. — Se você se meter na vida do John mais uma vez, eu a deserdo.
— O quê?! — Martha ofegou, pálida. — Por causa daquela... mulherzinha?!
— Exatamente. E de agora em diante trate Elizabeth muito bem… e pode me levar a sério, porque quem me conhece... sabe que eu cumpro o que digo.
Martha cambaleou, forçando um falso desmaio, e Roger apressou-se a segurá-la, embora sem muita convicção.
Oliver então se voltou para Pamela, que permanecia muda, pálida, furiosa.

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Amargo Contrato de Casamento
Olá, quero deixar aqui meus sinceros parabéns por essa linda história, eu amei. Que Deus abençoe vc e toda a sua família...
História linda e emocionante como a fé e o amor são capazes de transformar vidas....
Maravilho...