— E quanto a você, mocinha... Se quer um marido, vá procurar em outro lugar. E, de preferência, mude seu comportamento, porque eu jamais aceitaria uma mulher como você como minha neta.
O choque estampou-se no rosto de Pâmela.
— Como se atreve?! — retrucou, indignada.
O choque estampou-se no rosto de Pamela. O sangue lhe subiu às faces, e sua respiração acelerou.
— Como se atreve?! — retrucou, indignada, erguendo-se da cadeira como se fosse enfrentar o velho.
O patriarca nem se abalou.
— Estou na minha casa e falo como bem entender. — respondeu o avô, firme, com o tom de quem não admitia réplica. Então, virou-se sem cerimônia. — Jeremy!
— Sim, senhor. — respondeu o fiel mordomo, que servia à família há mais de vinte anos e permanecia neutro, quase imperturbável, como se nada estivesse acontecendo.
— Leve-me para o meu quarto. Vou jantar lá... longe desse circo.
— Pois não, senhor. — respondeu Jeremy, empurrando calmamente a cadeira de rodas para fora.
A cada volta da roda no assoalho de madeira, o silêncio se tornava mais pesado, até que a figura do patriarca desapareceu pelo corredor. O que restou na sala foram três pessoas atônitas: Martha com o rosto crispado pela humilhação, Pamela trêmula de raiva, e a própria atmosfera carregada de derrota.
Roger, que até então havia permanecido calado, ergueu-se devagar. Sua postura era calma, mas seus olhos brilhavam com a firmeza de quem já não iria tolerar mais nada.
— Martha, seu pai tem razão. — disse, a voz grave e controlada. — Pare de interferir na vida de John ou você irá perder seu filho.
— Eu só quero o melhor para ele! — rebateu Martha, ainda que sua voz vacilasse. — Aquela garota... não é digna da nossa família!
Roger ergueu a mão, pedindo silêncio.
— O melhor para John é a felicidade dele. E ele já escolheu. Você pode até não aceitar, mas não tem o direito de destruir o casamento dele. — Seu olhar se endureceu. — Se continuar com essa obsessão, Martha, acabará afastando John de vez. E quando perceber... será tarde demais.
As palavras ecoaram na sala, cortantes. Martha engoliu em seco, pela primeira vez não ousou responder.
Roger, então, voltou-se para Pamela. A jovem, ainda vermelha de raiva, encarava-o com olhos faiscantes, como se o desafio fosse a única arma que lhe restava.
— Senhorita White... — começou ele, pausado, cada palavra pesada. — É melhor que não procure mais John, se ainda tem algum respeito por si mesma.
— Eu... eu o amo! — gritou ela, a voz carregada de desespero e teimosia.
Roger a fitou intensamente, como se atravessasse sua alma.
— O que a senhorita sente pelo meu filho não é amor. — disse com frieza. — É obsessão, vaidade ferida... um capricho. Amor não destrói, não humilha, não se impõe à força. Amor liberta. E, pelo que vejo, a senhorita ainda não aprendeu isso.
Pamela abriu a boca para responder, mas nenhuma palavra saiu. A dureza da verdade a fez estremecer.
— Portanto, senhorita... se deseja ser respeitada, comece respeitando a si mesma. E se deseja, um dia, um casamento, comece por aprender o que é amor de verdade.
A sala ficou em silêncio. Martha desviou o olhar, Pamela apertou os punhos com raiva impotente, e Roger, sem perder a calma, havia conseguido o que queria: colocar as duas em seu devido lugar.
Ele soltou um breve suspiro, como quem já não queria prolongar aquela cena.
— Com licença, vou jantar na sala íntima.
E saiu, deixando-as a sós.
O jantar tomou um rumo que jamais poderiam imaginar. Martha recostou-se na cadeira, exausta, enquanto Pamela ainda ardia em indignação.
— E agora, senhora Sinclair? — perguntou Pamela, o olhar faiscando de revolta.
Martha respirou fundo, a voz mais baixa do que o normal, como se finalmente tivesse cedido ao peso das palavras do pai e do marido.
— Pamela, não quero afastar meu filho... e eu o conheço bem. Se não aceitar o casamento dele, é bem provável que o perderei para aquela mulher. John não é um homem de duas palavras.
— A senhora está sugerindo que deixe ela vencer? — retrucou Pamela, quase cuspindo as palavras.
— Não é uma questão de vencer ou não. — respondeu Martha, firme, embora com amargura. — É uma questão de manter a família unida. John é meu único filho... não vale a pena arriscar. E sugiro que você esqueça. Ele já tomou a decisão de continuar casado, e deixou claro que fará qualquer coisa por aquela mulher.
Pamela apertou os lábios com tanta força que quase os feriu. Os olhos brilhavam em fúria, e sua voz tremeu quando finalmente respondeu:
— Não… ele não pode me trocar por aquela simplória.
As mãos dela se fecharam em punhos sobre a mesa. Por fora, forçou um suspiro de rendição, como se estivesse prestes a desistir. Mas por dentro, o coração pulsava um juramento silencioso: “Eu não vou desistir. Ele é meu. Nem John, nem aquela mulher terão paz. Ainda encontrarei um jeito... um jeito de fazê-lo enxergar que me pertence.”
Ela ergueu o queixo, como quem já maquinava cada passo futuro, enquanto Martha a observava em silêncio. A mãe de John podia até ter decidido recuar, mas Pamela White, não.
*****
John e Elizabeth
— Você sempre vem aqui? — Perguntou Elizabeth ao perceber que todos o tratava como um velho cliente.
— Sim. Sempre vinha aqui quando queria ficar sozinho. — respondeu John, mas uma sombra passou por seus olhos.
Elizabeth não deixou de notar.
— O que foi? Ficou sério de repente. — perguntou, com voz preocupada.
John respirou fundo e a olhou, como se lutasse contra lembranças amargas.
— Lembra quando chegava em casa tarde e dizia que já tinha jantado?
Elizabeth assentiu. Como esquecer as noites que ficava acordada até tarde esperando por ele, apenas para ouvi-lo dizer que já havia jantado.
— Pois eu vinha pra cá e jantava aqui sozinho. Você não sabe como me sentia vazio e só… e eu não admitia que estava fugindo de você. — John estendeu a mão e tocou a dela com carinho. — Agora sei o quanto te fiz sofrer deixando você tão só naquela casa enorme fria e silenciosa.
Elizabeth sentiu um nó na garganta, mas não permitiria que as lágrimas caíssem. Segurou firme a mão de John, levou-a aos lábios e a beijou com ternura. Em seguida, encostou o rosto nela, como se buscasse gravar aquele momento para sempre.
— Não vamos falar do passado. O que passou, ficou lá atrás. O que importa é que estamos juntos... e que viveremos daqui para frente.
John a encarou em silêncio por alguns segundos, emocionado. O brilho em seus olhos denunciava que estava lutando para não se quebrar ali, diante dela.
— Você não sabe o quanto essas palavras significam para mim. — murmurou. — Prometo que nunca mais vou te deixar sozinha, Lizzie. Nunca mais.
— Eu só quero construir algo bonito ao seu lado. — ela respondeu, a voz doce, mas firme.
Ele sorriu e a puxou um pouco mais para perto, inclinando-se sobre a mesa apenas o suficiente para roçar os lábios nos dela. O beijo foi breve, contido pela discrição do lugar, mas carregado de intensidade.
Elizabeth sorriu, com as bochechas coradas ao ver o garçom se aproximando com os pratos
— Acho que o garçom já percebeu o quanto nos amamos.
John riu baixo, relaxando o clima.
— Deixe que percebam. Hoje não tenho mais medo de mostrar ao mundo quem é a mulher que eu amo.
Elizabeth sentiu-se plenamente em paz ao lado dele.

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Amargo Contrato de Casamento
Olá, quero deixar aqui meus sinceros parabéns por essa linda história, eu amei. Que Deus abençoe vc e toda a sua família...
História linda e emocionante como a fé e o amor são capazes de transformar vidas....
Maravilho...