Elizabeth se adaptava à nova vida. John contratou um mordomo, um chef de cozinha, Joffrey, o mesmo que trabalhou para eles enquanto ela se recuperava do incidente da trilha e empregados para cuidar da casa. Para ela, ainda era estranho ter funcionários fixos, mas logo se acostumou, especialmente porque todos eram muito discretos e seus horários não interferiam na privacidade do casal.
Retomou o hábito de cuidar das flores e da horta junto com o jardineiro Oscar. John, que antes jamais se interessou pelos jardins, agora passou a acompanhá-la em alguns passeios. Chegava devagar, com as mãos no bolso, e puxava conversa com Oscar de forma descontraída. O jardineiro estranhou no início, mas depois percebeu que o motivo era simples: John queria estar por perto sempre que Elizabeth estava ali.
O restaurante, por sua vez, seguia em plena ascensão. Como não ficava longe da cidade grande, Elizabeth voltava para casa quando o movimento diminuía, deixando o fechamento a cargo do chef Bryan. Para ganhar mais tempo livre, contratou também um gerente, o que lhe permitia dedicar-se a outras atividades. Às vezes John aparecia de surpresa e os dois retornavam para casa juntos.
Com o negócio estabilizado, Elizabeth voltou a participar mais ativamente da igreja. Frequentava as missas quase todos os dias, retomou as visitas ao orfanato, onde as crianças vibraram ao saber que as aulas de canto voltariam, e voltou a tocar músicas no asilo. Sentia falta desses momentos, mas agora queria ir além: desejava compartilhar a felicidade ajudando outras pessoas. Fez questão de contar isso a John, que a ouviu com atenção e orgulho.
Steve havia se afastado por um tempo e depois apareceu no restaurante acompanhado de uma bela jovem ruiva que foi apresentada a Elizabeth como sua namorada, Cindy e Steve apresentou Elizabeth como uma amiga. Mas Elizabeth percebeu que ele o olhou com certa melancolia, mas ao se voltar para a namorada demonstrou carinho e admiração por ela, o que tranquilizou Elizabeth.
Certo dia, enquanto elaborava uma nova receita em casa com o chef Joffrey, que estava atento ao talento da patroa, Gordon, o mordomo, apareceu com um belo buquê de flores.
— Senhora Walker, acabaram de entregar essas flores na guarita. — disse, em seu tom polido.
Elizabeth sorriu, imaginando que fosse mais um gesto de John. Ele tinha o hábito de surpreendê-la com presentes, e às vezes trazia flores do jardim e era o que mais a deixava feliz, uma flor roubada do próprio jardim.
— Obrigada, Gordon.
Ela pegou o arranjo delicado e, curiosa, abriu o cartão. Mas a caligrafia não era de John.
"Nem todas as escolhas de John são definitivas. Pense nisso. Um admirador."
O coração dela disparou. O arranjo era belíssimo, mas a mensagem trazia um tom sombrio, quase ameaçador. Guardou rapidamente o cartão no bolso, sem querer que ninguém visse.
Naquela noite, quando John chegou, Elizabeth o esperava no sofá da sala e assim que ele entrou, levantou de um salto. O buquê estava sobre a mesa à sua frente.
— Que flores são essas? — perguntou, inclinando-se para beijar a testa da esposa. Logo percebeu sua expressão séria. — Aconteceu alguma coisa?
Elizabeth respirou fundo.
— Eu recebi essas flores hoje… mas não sei quem as mandou. — disse, entregando-lhe o bilhete.
John leu devagar. Seus olhos se estreitaram, a mandíbula contraiu-se.
— Não sabe quem enviou?
— Não faço ideia.
— Steve? — perguntou de repente, visivelmente incomodado.
— Não… Steve não faria isso. — respondeu firme, balançando a cabeça.
Apesar de não gostar de Steve nem um pouco, John sabia que Elizabeth estava certa. Depois da conversa que teve com ele, percebeu que Steve tinha caráter. Isso não era obra dele. Aquilo cheirava a intriga, a tentativa barata de semear discórdia. Muito amador.
— Eu tenho uma ideia de quem seja.
John pegou o telefone sem hesitar.
— Carlson. — disse, assim que a ligação foi atendida. — Descubra quem enviou flores para a minha casa hoje. Agora.
— Não se preocupe, meu amor. Ninguém vai nos separar. — afirmou, puxando-a para um abraço.
Elizabeth se deixou abraçar, reclinando a cabeça no peito forte do marido sentindo sua respiração
— Depois que tudo que passamos nosso amor ficou mais forte. — Disse ela se aconchegando no abraço forte do esposo.
Eles haviam prometido não esconder mais nada um do outro, e aquela cumplicidade os fortalecia.
*****
Na manhã seguinte, Pamela recebeu um buquê de flores bem diferente: flores murchas com um bilhete.
"Considere como um último aviso."
Seu rosto ficou lívido.
— Não… como ele descobriu tão rápido? — murmurou, apertando o papel com as mãos trêmulas.
Foi nesse instante que compreendeu porque todos temiam John Walker. Ele não precisava levantar a voz, nem aparecer pessoalmente. Bastava um gesto calculado para deixar claro que sabia de tudo e que não toleraria provocações.
Pamela respirou fundo, olhos faiscando de ódio.
*****
No escritório, o clima estava completamente diferente. John, antes sempre mal humorado e irascível, frio e implacável, agora chegava sorrindo, cumprimentando desde o porteiro até sua secretária. O mau humor havia desaparecido. Entretanto, seguia sendo rigoroso e exigente no trabalho, afinal, negócios eram negócios. Bruce, como sempre, estava ao seu lado.
— Bom... bom dia, senhora. É um prazer conhecê-la. — respondeu, um tanto atrapalhado.
Elizabeth sorriu com gentileza, transmitindo simpatia imediata.
— Bom dia. John me contou que o senhor é um excelente funcionário. — disse ela, com sua voz doce e natural.
— É mesmo?! Nossa... muito obrigado, senhora. — respondeu ele, visivelmente lisonjeado.
John percebeu algo que há pouco tempo não dava tanta importância: a forma como Elizabeth se conectava facilmente com as pessoas. Conversava com simplicidade com o jardineiro, com James, o motorista, e até com os seguranças. Seu jeito gentil criava um ambiente leve, quase encantador, que parecia transformar a atmosfera ao redor.
Ele passou a tratar os funcionários com mais humanidade e até a saber seus nomes e viu como o ambiente da empresa era tenso quando ele passava, as pessoas o olhavam com receio e poucas ousavam olhar para ele.
Assim que entraram no saguão, todos pararam. Olhares curiosos, cochichos discretos, cabeças se virando. O assunto se espalhou tão rapidamente quanto fogo em palha seca.
— Quem é ela?
— Será que é... a esposa dele?
— Nunca a vi antes…
Esses e outros murmúrios percorriam o saguão.
Percebendo o quanto Elizabeth chamava a atenção, John se inclinou e, em tom baixo, murmurou ao seu ouvido:
— Eles estão olhando para a mulher mais linda que já pisou nesse prédio. — disse, fazendo-a corar e tirando dela um sorriso leve.
As pessoas ficaram abismadas com a atenção e gentileza que tratava a mulher
Passou por um grupo de funcionários que permanecia de boca aberta, e foi até Carol e ergueu a voz de maneira firme, porém natural:
— Esta é minha esposa. Elizabeth Walker.
Carol que sem prestar atenção no que fazia estava com o telefone nas mãos, ficou sem reação.
O sussurro coletivo se transformou em uma explosão de comentários abafados. A notícia correu pelos corredores, atravessando setores, escadas e andares em uma velocidade como a da luz.
“A esposa de John Walker está no prédio”

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Amargo Contrato de Casamento
Olá, quero deixar aqui meus sinceros parabéns por essa linda história, eu amei. Que Deus abençoe vc e toda a sua família...
História linda e emocionante como a fé e o amor são capazes de transformar vidas....
Maravilho...