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Amargo Contrato de Casamento romance Capítulo 17

John

John lançou um olhar distraído para o visor.

Normalmente, ignorava mensagens e chamadas, quase sempre de sua mãe, raramente do pai e, às vezes, do avô. Este último era o único a quem ainda atendia com frequência.

O velho Walker não conseguia se afastar dos negócios e, ultimamente, insistia em perguntar sobre o casamento, elogiando a bela e gentil esposa que o neto havia “escolhido”.

Se ele soubesse a verdade, pensou, com amargura.

Sua mãe havia garantido que o avô não sabia do contrato. Tinha medo de que o patriarca não aceitasse tal artimanha apenas para garantir a presidência a John.

E, de fato, no início, ele mesmo não aceitava. Não queria se casar apenas por conveniência. Mas ao descobrir quem era a noiva, tudo mudou.

Foi o próprio John quem exigiu uma cláusula adicional: se divorciasse antes dos três anos, perderia para sempre o direito à presidência.

A mãe considerou a cláusula absurda, mas ele foi firme. Disse que, para os Stewart aceitarem, a perda não poderia ser unilateral e, mais ainda, prometeu que não quebraria o acordo sob hipótese alguma.

E quando John prometia algo, ele cumpria.

A verdade, porém, era outra.

Mesmo que Elizabeth pedisse o divórcio, ele não cederia. Ela seria dele por três anos. E nesse tempo, faria com que ela pagasse por tê-lo enganado.

Depois disso, a descartaria como algo que perdeu o valor.

Mas ao ver quem havia enviado a mensagem, John abriu imediatamente.

Era James.

Ele havia incumbido o motorista de lhe enviar relatórios diários sobre as atividades da esposa durante sua ausência.

John ficou dividido entre surpresa e decepção ao descobrir que, todos os dias, Elizabeth só saía de casa para ir à igreja pela manhã. Aquilo o desconcertou. Não esperava que fosse religiosa.

Naquele dia, porém, o relatório trazia algo novo: além da visita diária à igreja, Elizabeth fora à casa da família à tarde. A visita, contudo, durou pouco, e ela saiu visivelmente abalada.

John recostou-se na cadeira, pensativo. O que poderia ter acontecido naquela visita?

Sabia que a madrasta era indiferente e o meio-irmão, era um adolescente um pouco rebelde.

Mas o pai, ainda que apático após a morte da primeira esposa, sempre demonstrava algum afeto por Elizabeth.

O que a teria abalado tanto?

Já não havia razão para permanecer ali. Apertou o botão do interfone.

— Bruce.

— Sim, senhor Walker — respondeu o assistente, entrando rapidamente no escritório.

— Mande preparar o avião para antes do amanhecer.

— Sim, senhor — respondeu ele, aliviado.

*****

Por um instante, ele parou, surpreso. Não esperava vê-la ali.

— Não sabia que voltaria hoje — completou ela, suavemente.

A surpresa deu lugar à frieza costumeira. John lançou-lhe um olhar cortante.

— Esta é a minha casa. Não preciso anunciar quando volto.

Elizabeth engoliu em seco. Não era a resposta que desejava. Ainda assim, manteve a postura.

— Ainda é cedo... gostaria que eu lhe prepare um café? — ofereceu, a voz doce, embora suas mãos tremessem discretamente.

Ele hesitou. Havia saído cedo e ainda não comera nada. Virou o rosto na direção dela.

— Sirva em meia hora. Estarei no escritório.

— Está bem

Um sorriso sincero iluminou seu rosto. Os olhos brilharam como há muito ele não via.

E foi exatamente por isso que desviou o olhar e se afastou.

Trancado no escritório, John jogou a pasta sobre a mesa e afrouxou o nó da gravata.

Aquele sorriso o havia desconcertado. Ela foi gentil, atenciosa... doce. O mesmo olhar que, um dia, o havia encantado.

Mas a sombra do contrato, com suas cláusulas frias e calculadas, ainda rondava sua mente.

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