John
John lançou um olhar distraído para o visor.
Normalmente, ignorava mensagens e chamadas, quase sempre de sua mãe, raramente do pai e, às vezes, do avô. Este último era o único a quem ainda atendia com frequência.
O velho Walker não conseguia se afastar dos negócios e, ultimamente, insistia em perguntar sobre o casamento, elogiando a bela e gentil esposa que o neto havia “escolhido”.
Se ele soubesse a verdade, pensou, com amargura.
Sua mãe havia garantido que o avô não sabia do contrato. Tinha medo de que o patriarca não aceitasse tal artimanha apenas para garantir a presidência a John.
E, de fato, no início, ele mesmo não aceitava. Não queria se casar apenas por conveniência. Mas ao descobrir quem era a noiva, tudo mudou.
Foi o próprio John quem exigiu uma cláusula adicional: se divorciasse antes dos três anos, perderia para sempre o direito à presidência.
A mãe considerou a cláusula absurda, mas ele foi firme. Disse que, para os Stewart aceitarem, a perda não poderia ser unilateral e, mais ainda, prometeu que não quebraria o acordo sob hipótese alguma.
E quando John prometia algo, ele cumpria.
A verdade, porém, era outra.
Mesmo que Elizabeth pedisse o divórcio, ele não cederia. Ela seria dele por três anos. E nesse tempo, faria com que ela pagasse por tê-lo enganado.
Depois disso, a descartaria como algo que perdeu o valor.
Mas ao ver quem havia enviado a mensagem, John abriu imediatamente.
Era James.
Ele havia incumbido o motorista de lhe enviar relatórios diários sobre as atividades da esposa durante sua ausência.
John ficou dividido entre surpresa e decepção ao descobrir que, todos os dias, Elizabeth só saía de casa para ir à igreja pela manhã. Aquilo o desconcertou. Não esperava que fosse religiosa.
Naquele dia, porém, o relatório trazia algo novo: além da visita diária à igreja, Elizabeth fora à casa da família à tarde. A visita, contudo, durou pouco, e ela saiu visivelmente abalada.
John recostou-se na cadeira, pensativo. O que poderia ter acontecido naquela visita?
Sabia que a madrasta era indiferente e o meio-irmão, era um adolescente um pouco rebelde.
Mas o pai, ainda que apático após a morte da primeira esposa, sempre demonstrava algum afeto por Elizabeth.
O que a teria abalado tanto?
Já não havia razão para permanecer ali. Apertou o botão do interfone.
— Bruce.
— Sim, senhor Walker — respondeu o assistente, entrando rapidamente no escritório.
— Mande preparar o avião para antes do amanhecer.
— Sim, senhor — respondeu ele, aliviado.
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Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Amargo Contrato de Casamento
História linda e emocionante como a fé e o amor são capazes de transformar vidas....
Maravilho...