Elizabeth
Pouco tempo antes…
Elizabeth terminava de se arrumar para ir à igreja quando ouviu o som inconfundível do motor de um carro subindo a alameda.
Correu para a janela e o reconheceu de imediato: era John. Seu coração disparou.
Era cedo. Não o esperava àquela hora. Ainda confusa, dispensou James e correu para esperá-lo à porta.
Mas o reencontro não foi como ela imaginava. Mesmo tendo passado tantos dias fora, John retornou mais frio e distante.
Elizabeth esperava que os dias fora, a raiva que John demonstrou logo depois do casamento houvesse diminuído, mas não.
Mesmo assim ela correu para a cozinha com o coração acelerado e uma fagulha de esperança.
Preparou o café com todo o carinho: ovos mexidos com ervas frescas, bacon crocante, torradas douradas e finas, café preto sem açúcar, exatamente como a mãe dele lhe ensinara. Separou também uma pequena porção da geleia de amora feita por ela mesma.
Arrumou tudo com cuidado sobre uma bandeja de prata, caprichando nos detalhes para que estivesse impecável.
Equilibrando a bandeja com uma das mãos, caminhou com suavidade até o escritório. Respirou fundo e bateu à porta com delicadeza antes de entrar.
John ergueu os olhos dos papéis, interrompido pela presença dela.
Observou-a em silêncio.
Mesmo com a bandeja nas mãos, seu andar era gracioso. Havia algo de nobre em sua postura, em sua expressão contida. Não havia submissão, tampouco afetação.
Ela depositou a bandeja sobre a mesa com cuidado e sorriu levemente.
— Espero que esteja do seu agrado — disse, com a voz baixa e doce.
O aroma era convidativo, a apresentação impecável. John não precisava provar para saber que estava perfeito. Mas seu orgulho, aliado à mágoa ainda mal resolvida, falou mais alto.
Seu olhar tornou-se gélido.
— Não sorria para mim — disse, cortante. — Não quero ver esse sorriso falso outra vez.
Elizabeth congelou. O sorriso esmoreceu em seus lábios, dando lugar a um silêncio doloroso. Seus olhos marejaram, mas ela apenas assentiu, silenciosa.
Virou-se com pressa, desejando que ele não visse as lágrimas que já começavam a escapavam silenciosas.
Ela correu para o pequeno quarto nos fundos da casa, o único espaço que realmente sentia como seu. Assim que entrou, fechou a porta com cuidado e deslizou até o chão. As lágrimas, contidas até então, vieram com força.
— Por quê, meu Deus? — murmurou entre soluços, cobrindo o rosto com as mãos. — O que mais eu preciso fazer para que ele veja que eu o amo?
Foi até a pequena cômoda onde guardava seu terço.
Pegou-o com as mãos trêmulas e ajoelhou-se diante do crucifixo, deixando que sua dor se transformasse em oração.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Amargo Contrato de Casamento
História linda e emocionante como a fé e o amor são capazes de transformar vidas....
Maravilho...