O Retorno de Pamela
O silêncio da noite se estendia pelos salões da mansão Walker, interrompido apenas pelas gargalhadas suaves de Elizabeth e pelo timbre grave da voz de John. Sentados juntos na ampla sala, conversavam tranquilamente enquanto os filhos se entretinham em seus próprios mundos. Anthony, de semblante compenetrado, jogava no celular; Mary ria baixinho ao brincar com os gêmeos; e a pequena Emily dormia serena, acolhida nos braços protetores de John.
Viviam dias de serenidade. A casa ressoava com vida, música e amor. Os negócios prosperavam, os filhos cresciam, e a união de John e Elizabeth tornava-se cada vez mais sólida.
Mas, distante daquele lar feliz, uma sombra do passado voltava a erguer-se lentamente.
Pamela White, outrora herdeira mimada e orgulhosa, agora vivia à sombra de um destino que ela mesma ajudou a selar.
Quando seu pai, Brandon White, foi informado sobre o cancelamento de todos os projetos e contratos de colaboração com o Grupo Walker, além do escândalo envolvendo Elizabeth, esposa de John Walker, a fúria dele transbordou como um vulcão. Ele não só a deserdou mas impôs-lhe algo que poderia ser pior.
Na biblioteca da mansão dos White, as palavras dele ecoaram como sentença:
— Pamela! — rugiu Brandon, os olhos faiscando. — Você destruiu tudo o que construí com os Walker e manchou para sempre o nome da nossa família!
Ethan, o irmão, tentou interceder.
— Pai… talvez possamos encontrar outra saída…
— Não! — cortou Brandon, com voz de trovão. — Nenhuma ajuda virá de nós. Você não merece piedade, Pamela. Mas ainda há um caminho. Apenas um. Casar-se.
Humilhada, sem escolhas, Pamela aceitou unir-se a Sebastian Hamilton, um homem mais velho, severo e de temperamento implacável. Para ele, Pamela era apenas um enfeite: alguém que deveria sorrir quando ordenado e jamais ousar contestar.
No início, o ressentimento a consumia em silêncio. Cada palavra ríspida de Sebastian Hamilton, cada gesto frio, inflamava a sua raiva. Mas o tempo a ensinou a dissimular. Aprendeu a sorrir quando necessário, a silenciar quando conveniente, foi aprendendo a ser tornar doce, a moldar-se como quem afia uma faca em segredo.
— Você entende, Pamela — advertiu Hamilton certa noite, com o olhar gelado. — Aqui, o meu controle não admite falhas. Você é minha esposa, e me pertence. Satisfaça a sua função, e poderá ter algumas concessões. Do contrário… sofrerá as consequências.
Ela apenas assentiu, escondendo o ódio atrás de uma máscara dócil.
Foi assim que, no silêncio de um casamento infeliz, a obsessão por Elizabeth floresceu. Cada foto compartilhada nas redes sociais era arquivada e estudada. A imagem de Elizabeth sorrindo ao lado de John alimentava um rancor profundo.
— Elizabeth… — murmurava Pamela, cerrando os punhos diante do espelho de seu quarto.
Não era apenas inveja. Era uma ferida aberta, uma lembrança constante de sua própria queda. A jovem impulsiva de outrora dera lugar a uma mulher mais calculista, fria e… paciente.
No silêncio do quarto, diante do espelho dourado, Pamela deixou escapar um sorriso gélido. A beleza permanecia em seus traços, mas agora moldada por algo sombrio.
Se o mundo se deleitava com a perfeição dos Walker, ela encontraria uma forma de arranhar essa imagem. Pamela só tinha um objetivo: destruir a felicidade de John e Elizabeth.
— Ninguém, Elizabeth… ninguém é feliz para sempre — sussurrou, como um juramento, sentindo o veneno da vingança percorrer cada fibra de seu ser.
Um toque discreto na porta interrompeu seus pensamentos. O mordomo entrou com a reverência de sempre.
— Perdoe-me incomodá-la, senhora. O senhor Hamilton pede a sua presença no escritório imediatamente.
Pamela não se virou; encarou o mordomo apenas pelo reflexo.
— Obrigada, Wilson. Já vou descer.
— Logan, ainda está na ativa?
Um riso baixo, sarcástico, soou do outro lado.
— Princesa… é você? Faz tempo. Ouvi dizer que fugiu às pressas.
O tom irônico a irritou, mas manteve a compostura.
— Isso não vem ao caso. Preciso dos seus serviços novamente.
Ele silenciou por um instante. Pamela sabia que, no passado, Logan recusara ajudá-la contra Elizabeth. Mas era o melhor investigador que conhecia.
— E quem é o alvo, agora? — perguntou ele, seco.
Pamela deixou o veneno escorrer em cada sílaba:
— A família Walker.
Do outro lado, um assobio longo.
— Pensei que você tivesse enterrado isso… O que quer saber?
— Tudo. — A voz dela era um sussurro gélido. — Tudo sobre John, Elizabeth… e os filhos.

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Amargo Contrato de Casamento
Olá, quero deixar aqui meus sinceros parabéns por essa linda história, eu amei. Que Deus abençoe vc e toda a sua família...
História linda e emocionante como a fé e o amor são capazes de transformar vidas....
Maravilho...