Amargo Contrato de Casamento romance Capítulo 181

Escritório de John Walker

Assim que Carlson deixou a sala, Anne entrou com passos firmes e um sorriso discreto, trazendo uma pasta de convites.

— Senhor Walker, aqui estão os convites para o jantar dos empresários desta semana, o anfitrião será o senhor Sebastian Hamilton.

John ergueu o olhar dos papéis e assentiu.

— Ótimo, Anne. Pode deixá-los sobre a mesa, por favor.

Ela depositou a pasta com cuidado, mantendo a postura impecável da secretária.

— A secretária do senhor Hamilton pediu uma confirmação do senhor e de sua esposa.

John priorizava o convívio com a família e comparecia a eventos selecionados, como tinha acabado de fechar parceria com o Grupo Hamilton, não seria adequado negar o convite.

— Pode confirmar.

Anne assentiu.

— Há mais alguma coisa que deseja, senhor?

— Apenas um café. — disse John, esboçando um leve sorriso, raro no passado, mas cada vez mais frequente.

— Trago já. — respondeu ela, retribuindo o gesto com um brilho de satisfação nos olhos.

Ao sair, dirigiu-se à pequena copa para preparar a bandeja. Enquanto acomodava a xícara sobre o pires e ajeitava o guardanapo, Anne não pôde evitar um sorriso. Havia uma década e meia que estava trabalhando no Grupo Walker, e lembrava-se bem dos anos turbulentos, quando muitos funcionários evitavam o setor administrativo por causa da rigidez e do temperamento difícil do chefe. Houve momentos em que ela mesma pensou em desistir.

Mas agora… era diferente. O casamento de John e a chegada dos filhos haviam transformado não apenas o homem, mas também o ambiente ao seu redor. O clima que antes era pesado e tenso, agora era de harmonia e respeito. Não era exagero dizer que trabalhar ali havia se tornado o desejo de muitos.

Com esse pensamento, respirou fundo, ajeitou a bandeja e seguiu de volta ao escritório. Abriu a porta com cuidado e, ao entregar o café, comentou em tom leve:

— Aqui está, senhor Walker. Confesso que é sempre bom vê-lo sorrindo assim. — disse, num lampejo de sinceridade.

John arqueou uma sobrancelha, surpreso, e riu baixo.

— Então preciso me esforçar para não perder o hábito. Obrigado, Anne.

Ela apenas inclinou a cabeça, satisfeita, e deixou a sala em silêncio. Ao fechar a porta atrás de si, uma das funcionárias estava atrasada com um relatório que ela precisava revisar antes de entregar a Bruce que faria a revisão final, antes de chegar a funcionária, cruzou com dois jovens estagiários que cochichavam no corredor. Assim que a viram, endireitaram-se.

— Senhora Hartmann, será que o senhor Walker está de bom humor hoje? — perguntou um deles, em tom respeitoso.

Ela sorriu de canto

— Ele está sempre de bom humor. Mas lembrem-se: com organização e dedicação, nunca terão problemas com ele.

Os rapazes assentiram, visivelmente mais confiantes. Anne seguiu seu caminho com passos firmes.

*****

Carlson

Carlson nunca foi homem de pressa. Aprendeu, ao longo dos anos, que a verdade não se escondia nos grandes segredos, mas sim nos pequenos detalhes, nas brechas deixadas sem perceber.

Quando chegou ao seu departamento de inteligência, um andar isolado do prédio, com acesso restrito a poucos escolhidos, percorreu os corredores silenciosos. Passou pela sala de monitoramento, onde telas exibiam informações confidenciais em tempo real, e seguiu até seu escritório, um espaço sóbrio, sem qualquer luxo, mas moderno.

Sentou-se diante do computador e abriu os arquivos mais recentes sobre “Lily Wattson”. O perfil parecia impecável: órfã criada em um internato do interior, que anos depois se mudara para a cidade em busca de oportunidades. Uma história simples, quase previsível demais.

Carlson franziu o cenho.

"Perfeita demais para ser verdade…", pensou.

Com a popularização das IAs, falsificar registros se tornou banal. Bastava habilidade em computação para criar documentos que resistiriam até a auditorias superficiais.