O mundo de John pareceu parar. Cada pensamento se esvaiu, substituído por uma onda de pânico que gelou seu sangue. O ar parecia pesar toneladas, a visão do amor de sua vida e da filha inocente tornando a escolha impossível, seus olhos se tornaram turvos como se fosse desmaiar.
Elizabeth mesmo amarrada a Mary, sentiu o pavor inundar seu ser, não por medo da morte, mas pelo que estava prestes a acontecer.
— Mãe, o que está acontecendo. Tô com medo. — Mary começou a choramingar ao perceber que não era brincadeira.
— Está tudo bem. — Tentou tranquilizar a filha e depois começou a murmurar uma oração de súplica.
— Não… — murmurou John, quase inaudível, o peito apertado — isso… isso é loucura… não pode ser…
Elizabeth olhou para ele, olhos firmes tentando transmitir força. Mary agarrava-se a mãe, sem entender completamente, mas sentindo o medo que emanava de todos ao redor.
— John… — a voz de Elizabeth saiu trêmula, mas firme — faça o que ele mandar… mas não perca a esperança.
John caiu de joelhos, sentindo cada fibra do corpo pesar. A visão de Elizabeth e Mary, confiando nele, implorando silenciosamente, dilacerava sua alma. Ele fechou os olhos, tentando bloquear o desespero, mas as lágrimas escaparam.
— Eu… eu não posso… — disse, engolindo em seco, a voz embargada — nenhuma delas… nenhuma delas merece isso…
David avançou um passo, aproximando-se perigosamente.
— Walker, o tempo está passando. Cada segundo que você hesita, as duas podem pagar o preço. Escolha! — rugiu, a raiva e a satisfação cruel misturadas em sua voz.
John olhou desesperadamente para Elizabeth, depois para Mary. O instinto de proteção explodiu dentro dele, e o mundo inteiro pareceu reduzir-se àquelas duas figuras amarradas, pequenas e vulneráveis, a vida delas dependendo de sua decisão.
— Não… não posso… — repetiu, o corpo trêmulo, a mente em turbilhão — Deus, me ajude… — murmurou, sentindo o desespero absoluto, enquanto cada segundo que passava aumentava a angústia e o medo pelo que poderia acontecer se ele hesitasse mais.
O galpão mergulhou em silêncio, exceto pelo respirar pesado de John, cada segundo do momento mais terrível de sua vida.
David caminhava lentamente pelo espaço da laje, como um carrasco que saboreia cada segundo antes do golpe final. Seus olhos, ardendo em raiva e prazer cruel, não desgrudavam de John.
— Então, Walker… — disse com voz baixa e firme, quase um sussurro que ecoou no vazio do galpão — Quem vive? Sua esposa ou sua filha? Escolher a mulher que ama e matar sua doce princesa ou escolher a filha e deixar seus filhos órfãos de mãe?
John estava de joelhos no chão, as mãos tremendo, o coração em um turbilhão de medo, desespero e impotência. O suor escorria por sua testa, mas o frio do momento o fazia arrepiar por inteiro.
— Não me peça isso… — murmurou, quase sufocado. — Você não entende… elas não tem culpa…
Elizabeth, ainda presa, ergueu a cabeça com dificuldade, os olhos marejados fixos no marido. Havia dor, mas também coragem em sua expressão.
— John… escute-me. — Sua voz era suave, mas firme, como se quisesse se sobrepor ao terror. — Não importa o que ele diga. Você já sabe quem escolher.
Mary olhou para o pai com os olhos grandes e inocentes, sem entender a gravidade, mas sentindo o peso das lágrimas e da tensão.
— Papai… — chamou, a voz frágil — a gente vai brincar de esconde-esconde de novo? Você sempre me acha… não me deixa aqui, papai…
Essas palavras perfuraram John como lâminas. Seu peito doía como se estivesse sendo esmagado, a alma dilacerada. Ele levou as mãos ao rosto, tentando conter as lágrimas que finalmente escaparam.
— Meu Deus… não… não me faça escolher…
David riu, um som frio, carregado de crueldade.
— Ah, mas eu faço, Walker. É a única maneira de você provar quem mais ama. Diga o nome. Agora!
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Amargo Contrato de Casamento
Olá, quero deixar aqui meus sinceros parabéns por essa linda história, eu amei. Que Deus abençoe vc e toda a sua família...
História linda e emocionante como a fé e o amor são capazes de transformar vidas....
Maravilho...