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Amargo Contrato de Casamento romance Capítulo 22

John

Após mais um jantar solitário, John continuou sentado à mesa vazia, encarando o prato vazio. Pela primeira vez, não seguiu para o escritório.

Em vez disso, olhou em direção à cozinha. A luz estava acesa, não ouvia e nem via nenhum movimento.

Sabia que Elizabeth estava ali, esperando que ele terminasse para então arrumar tudo deixando o ambiente, como sempre, impecavelmente limpo.

Subiu para o quarto, igualmente organizado. A iluminação suave criava uma atmosfera melancólica. O silêncio o incomodava.

Entrou no closet, um retrato da ordem: roupas dispostas em degradê, ternos alinhados, sapatos reluzentes, relógios e objetos pessoais meticulosamente organizados. O ar tinha um perfume discreto e agradável.

No entanto, o espaço reservado para as roupas e pertences de sua esposa permanecia vazio. Cabides, sessões para bolsas, gavetas exclusivas para joias, prateleiras, sapateiras. A penteadeira vazia.

Tudo vazio assim como ele. John experimentava sentimentos que até então eram totalmente desconhecido. A solidão e o silêncio muitas vezes eram reconfortantes e lhe trazia paz. Agora ele sentia tudo menos paz.

Deu um suspiro e inquieto, foi até a varanda para respirar o ar fresco da noite. O vento em seu rosto ofereceu um breve alívio.

Ao olhar para o jardim, avistou uma silhueta feminina.

Elizabeth estava parada no grande deck da sala de estar, contemplando a cidade. Sua figura parecia tão solitária quanto a dele.

John a observou por um longo tempo.

A postura ereta, a presença tranquila. Havia uma força silenciosa nela, quanto mais ele a maltratava, mais ela parecia resistir.

Que tipo de mulher suportaria tudo isso?

Até quando ela aguentaria?

Ou pior: até quando ele suportaria?

Algum tempo depois, viu Elizabeth retornar vagarosamente para dentro da casa.

Com um suspiro, voltou para o quarto, sentindo-se exausto não apenas fisicamente, mas mental e emocionalmente.

Nada o abalava facilmente.

Sabia controlar tudo ao seu redor: empresas, contratos, adversários. Mas não sabia como controlar aquela mulher que, mesmo em silêncio, o desafiava até os limites.

Preparou-se para dormir, mas o sono não veio. Virava-se na cama, inquieto, atormentado por pensamentos que o afligiam há dias.

A imensidão da cama parecia ainda mais fria com a ausência de Elizabeth.

Tentou conter os pensamentos, mas sua mente o traiu: imaginou-a ali, deitada entre os lençois de seda.

*****

A manhã seguinte era sábado.

John levantou cedo. Como previra, não dormiu bem, e seu humor estava péssimo.

Ao descer as escadas, ouviu uma voz cantando suavemente, quase inaudível. Seguiu o som, atraído pela voz.

A melodia era doce, como se um anjo cantando em uma língua antiga, parecia latim.

A música o guiou até a cozinha.

Elizabeth cantava alheia à sua presença.

Estava de costas, preparando o café da manhã. Seus ombros estavam relaxados, e a atmosfera, por um breve instante, parecia a de um verdadeiro lar.

John parou à soleira da porta, observando. O coração acelerou, os pensamentos se embaralharam.

Havia algo naquela cena que o desconcertou.

Quando Elizabeth se virou e o viu ali, estático, levou um susto tão grande que deixou o prato cair e seu conteúdo sujar o chão. O estilhaçar da porcelana quebrou o encanto.

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