John
Após mais um jantar solitário, John continuou sentado à mesa vazia, encarando o prato vazio. Pela primeira vez, não seguiu para o escritório.
Em vez disso, olhou em direção à cozinha. A luz estava acesa, não ouvia e nem via nenhum movimento.
Sabia que Elizabeth estava ali, esperando que ele terminasse para então arrumar tudo deixando o ambiente, como sempre, impecavelmente limpo.
Subiu para o quarto, igualmente organizado. A iluminação suave criava uma atmosfera melancólica. O silêncio o incomodava.
Entrou no closet, um retrato da ordem: roupas dispostas em degradê, ternos alinhados, sapatos reluzentes, relógios e objetos pessoais meticulosamente organizados. O ar tinha um perfume discreto e agradável.
No entanto, o espaço reservado para as roupas e pertences de sua esposa permanecia vazio. Cabides, sessões para bolsas, gavetas exclusivas para joias, prateleiras, sapateiras. A penteadeira vazia.
Tudo vazio assim como ele. John experimentava sentimentos que até então eram totalmente desconhecido. A solidão e o silêncio muitas vezes eram reconfortantes e lhe trazia paz. Agora ele sentia tudo menos paz.
Deu um suspiro e inquieto, foi até a varanda para respirar o ar fresco da noite. O vento em seu rosto ofereceu um breve alívio.
Ao olhar para o jardim, avistou uma silhueta feminina.
Elizabeth estava parada no grande deck da sala de estar, contemplando a cidade. Sua figura parecia tão solitária quanto a dele.
John a observou por um longo tempo.
A postura ereta, a presença tranquila. Havia uma força silenciosa nela, quanto mais ele a maltratava, mais ela parecia resistir.
Que tipo de mulher suportaria tudo isso?
Até quando ela aguentaria?
Ou pior: até quando ele suportaria?
Algum tempo depois, viu Elizabeth retornar vagarosamente para dentro da casa.
Com um suspiro, voltou para o quarto, sentindo-se exausto não apenas fisicamente, mas mental e emocionalmente.
Nada o abalava facilmente.
Sabia controlar tudo ao seu redor: empresas, contratos, adversários. Mas não sabia como controlar aquela mulher que, mesmo em silêncio, o desafiava até os limites.
Preparou-se para dormir, mas o sono não veio. Virava-se na cama, inquieto, atormentado por pensamentos que o afligiam há dias.
A imensidão da cama parecia ainda mais fria com a ausência de Elizabeth.
Tentou conter os pensamentos, mas sua mente o traiu: imaginou-a ali, deitada entre os lençois de seda.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Amargo Contrato de Casamento
História linda e emocionante como a fé e o amor são capazes de transformar vidas....
Maravilho...