John
O telefone sobre a mesa de Anne tocou e rapidamente ela atendeu. Todas as manhãs ela e todos do departamentos da presidência aguardavam aquele telefonema.
— Ele chegou — avisou a recepcionista do térreo.
A notícia de que o senhor Walker havia chegado espalhou-se rapidamente, e todos se acomodaram em suas mesas, atentos à porta do elevador.
Poucos minutos depois a porta abriu e todos pareciam concentrados em suas estações de trabalho, John saiu do elevador com o semblante ainda mais fechado que o habitual.
Passou por todo o setor sem olhar para ninguém, ignorando os “bons dias” com um silêncio seco e um leve aceno de cabeça.
Seguiu direto pela antessala, onde sua secretária o aguardava de pé, ao lado de Bruce, postado junto à porta do imponente escritório.
Ele sabia que a recepcionista do térreo já havia avisado de sua chegada, em outros tempos ela achava no mínimo interessante, mas hoje…
— Bom dia, senhor Walker — disse Anne, forçando um sorriso que, com o tempo, aprendera a parecer natural.
— Bom dia, Anne — respondeu ele, sem sequer olhar em sua direção.
— Bom dia, senhor Walker — cumprimentou Bruce, abrindo uma das folhas da porta dupla para dar passagem ao chefe.
— Espero que seja — respondeu John, seco, entrando.
Bruce trocou um olhar com Anne e arqueou as sobrancelhas. A expressão dizia tudo: aquele não seria um bom dia. Em seguida, acompanhou o chefe.
John praticamente jogou sua pasta sobre a mesa e se acomodou atrás de sua enorme mesa.
Bruce, apesar de ter uma mesa de apoio próxima a do chefe, posicionou-se em frente a ele, aguardando as instruções.
— Providenciou o que pedi? — perguntou John, enquanto abria o computador.
— Sim, senhor.
— Ótimo. Partiremos antes do almoço. Alguma prioridade?
John na noite anterior havia passado uma mensagem para Bruce pedindo que preparasse o avião particular para viajarem na manhã seguinte.
Ao perguntar qual destino, ele respondeu “Qualquer um”.
“Mais uma fuga” Pensou Bruce para si e olhando para o chefe percebeu que ele estava com um pouco de olheiras e visível cansaço. Preferiu manter-se, como sempre, em silêncio e focar no trabalho.
- Precisamos revisar os documentos da fusão com os Beaumonts.
“Mais uma fusão,” pensou com um suspiro e recostando na cadeira, o olhar se perdeu em direção a janela sem ver a cidade diante dele.
O império Walker se expandia de forma avassaladora, mas sua vida pessoal era um caos. Perguntou-se se havia valido a pena arriscar um casamento com Elizabeth apenas por orgulho e rancor.
John passou as mãos pelo rosto. Estava exausto. Não dormira. A cena lamentável do final de semana ainda o assombrava. Sua mente estava longe dos negócios.
Enquanto isso, Bruce observava o chefe. Não mencionou nada em relação a noite no bar e o fato dele ter praticamente o ter carregado para casa. John também não falou sobre o assunto.
John sempre fora um homem frio para os negócios, até mesmo insensível. Mas desde que casou o homem estava irascível.
O mau humor piorava a cada dia, os funcionários eram cobrados ao extremo; nenhum relatório, nenhum balancete, nenhuma meta parecia suficiente. Todos questionavam a mudança de comportamento e especulavam sobre o casamento.
Bruce conhecia os termos daquele casamento, e, por isso mesmo, era alvo frequente dos rompantes de fúria de John. Ainda assim, tinha grande consideração por ele. É com pesar que se lembrou do estado do chefe depois que saíram daquele bar.
Trabalhar com John não era fácil, mas a confiança que o chefe depositava nele, aliada ao excelente salário, superior ao de muitos diretores o mantinha firme.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Amargo Contrato de Casamento
Olá, quero deixar aqui meus sinceros parabéns por essa linda história, eu amei. Que Deus abençoe vc e toda a sua família...
História linda e emocionante como a fé e o amor são capazes de transformar vidas....
Maravilho...