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Amargo Contrato de Casamento romance Capítulo 40

John

John ficou ausente por mais de um mês. Vagando de empresa em empresa, procurando falhas, buscando melhorias, otimizando processos, buscando parcerias mais lucrativas.

A chegada dele mexia com toda a rotina. Os funcionários ficavam tensos, os gerentes apreensivos, as bajulações excessivas.

Bruce sempre ao seu lado sabia que aquela viagem não era tão necessária, às empresas estavam bem. As metas estavam sendo atingidas e algumas até as superaram.

Durante esse período, nenhuma ligação, nenhuma mensagem, nenhum sinal entre ambos. John e Elizabeth mantinham um silêncio entre si.

Ele por orgulho e ela por receio de ser mais desprezada.

Quando finalmente ele retornou, encontrou Elizabeth com um semblante menos radiante, os olhos já não tinham mais o brilho de antes, aos poucos estavam se apagando.

John percebeu. Sentiu que estava fazendo aquela jovem alegre de sorriso fácil e doce, murchar. Afinal era isso que ele queria, foi esse seu propósito mesmo antes do casamento.

Mas John não estava feliz como pensava que ficaria. Sem querer reconhecer que isso também o atingia, ficava cada vez mais distante.

Saía quase todas as noites para jantares corporativos ou eventos, sempre sozinho. Nunca com ela.

As redes sociais fervilhavam em especulações como:

“Quem era, afinal, a esposa invisível de John Walker?”

“Ele é mesmo casado?”

Close na mão com a aliança.

John ignorava os comentários e especulações. Elizabeth os via.

*****

Elizabeth

Em seu pequeno quarto de empregada, Elizabeth mantinha a esperança em silêncio. As lágrimas haviam cessado, substituídas por orações silenciosas para suportar aquele casamento atribulado.

Enquanto John se “divertia”… ela rezava, rezava até ele retornar.

Ouvia ele chegar, ouvia seus passos, ouvia ele tomar um drink na sala, ouvia ele subir as escadas e mesmo assim ela agradecia a Deus por tê-lo trazido de volta para casa.

Mesmo nos finais de semana, John evitava ficar em casa. Sempre aparecia algum “compromisso”, encontro no clube, compromissos improvisados, convites que ele mesmo provocava para não ter que encarar o silêncio de sua própria casa.

Com frequência, saía com Daniel e Marcus em suas motos potentes, percorrendo longos trechos de estrada como se o vento fosse capaz de varrer suas inquietações, muitos desses passeios duravam um final de semana inteiro.

John

Em mais um desses passeios de final de semana, os três haviam acordado cedo e pegaram a estrada rumo às montanhas. O céu estava limpo, o ar fresco, e o ronco das motos cortava o silêncio do amanhecer.

Após algumas horas de estrada, pararam em um posto simples à beira da rodovia. Tiraram os capacetes, os cabelos bagunçados.

Sentaram numa mesa de uma loja de conveniência e pediram café.

— E não precisa carregar tudo sozinho — completou Marcus. — Ninguém aqui é super-herói, John.

John olhou para os dois, finalmente. Seu olhar era um misto de gratidão e cansaço.

— Obrigado. Eu... só preciso de tempo para entender as coisas. Só isso.

Daniel deu um leve tapa em seu ombro.

— Tá. Mas não demora demais. Porque quando a gente espera muito, as coisas mudam. E nem sempre a gente percebe até já ser tarde demais.

John assentiu. Depois de um longo gole no café. Pensou nas palavras de Daniel.

Daniel e Marcus sabiam que o comportamento de John mudou depois que ele casou com Elizabeth. Ambos, apesar de curiosos, não sabiam do mistério que envolvia aquele casamento, mas sabiam que era um assunto que, se fosse mencionado, deveria ser por John.

— Vamos andar mais um pouco — disse, John levantando e pegando seu capacete. — A estrada ainda chama.

Montaram novamente nas motos. O som dos motores encheu o ar, e seguiram viagem, três homens na estrada aparentemente sem destino.

Ao chegarem em uma pequena cidade já era final de tarde, encontraram um pub onde havia vários motociclistas que estavam reunidos, conversando, bebendo e ouvindo uma banda tocando clássicos do rock.

Resolveram parar e ficar por ali e fazer o mesmo. Beber e jogar conversa fora, interagir com outros motociclistas. Naquela noite não retornaram para casa, procuraram um hotel para passar a noite e no dia seguinte pegaram a estrada novamente.

E Elizabeth… passou mais um final de semana sozinha sem saber onde o esposo estava.

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