Ao chegarem na parte externa, Elizabeth conduzia a cadeira de Oliver até chegar a uma parte do jardim com uma bela fonte e muitas plantas e flores.
— Realmente é muito bonito. Obrigada - Elizabeth na verdade agradecia por tê-la tirado da sala de chá.
Apesar de manter-se com postura serena e digna, por dentro ela estava em frangalhos. Oliver sorriu, entendendo perfeitamente.
Depois de um tempo contemplando o jardim, voltaram para a casa e encontraram Martha e Pamela em uma das salas de passagem. Elizabeth parou e respirou fundo.
— Já vou indo, senhor Walker.
— Obrigado pela visita, querida — disse Oliver, também achando melhor ela partir para evitar mais humilhações.
Elizabeth virou-se para Martha e Pamela.
— Obrigada pelo chá, senhora Sinclair. — E para Pamela, inclinou a cabeça levemente. — Senhorita White.
Quando virou-se para sair, Pamela a chamou:
— Elizabeth, espere um momento. Vou acompanhá-la, também já estou indo.
Elizabeth congelou por um instante, mas logo se recompôs e sorriu gentilmente.
Pamela despediu-se de Martha com um abraço e virou-se para Oliver.
— Até mais senhor Walker. Espero vê-lo em breve. - A voz era amável.
— Tenha uma boa tarde, senhorita White — disse ele, seco.
O tom usado para com Elizaebth e Pamela pelo senhor Walker foi bem distinto, Martha apertou os lábios em visisvel desagrado, ela esperava que seu pai se simpatizasse com Pamela.
As duas caminharam até a porta acompanhadas pelo mordomo. Ao descerem os degraus, James e o motorista de Pamela já as aguardavam, Pamela parou e virou-se para Elizabeth com desprezo.
— Por que se esforçar tanto em agradar se logo não fará mais parte da família? — Pamela a olhou de cima para baixo. — Olhe para você. É preciso muito mais do que se fazer de boazinha para manter um homem como John interessado.
Elizabeth sentiu um nó na garganta, mas ergueu os olhos, firme.
— O amor genuíno e a verdade bastam para mim.
Pamela sorriu, quase rindo daquela resposta.
— Que bonito, Mas vamos ver até quando. Eu e John temos uma história juntos. Infelizmente eu voltei um pouco atrasada, mas não tarde, sei ser paciente.
Pamela a olhou com ar de superioridade e Elizabeth lutou para manter sua dignidade.
— Tchau, querida. Foi um prazer conhecê-la — disse Pamela, antes de caminhar até o carro com seu andar confiante, como se conquistasse o mundo inteiro, entrou no carro. O carro ao passar por Elizabeth, ela lhe deu um aceno e um sorriso triunfante.
Elizabeth ficou parada, vendo o carro desaparecer à distância. James aproximou-se sem que ela percebesse.
— Senhora, está tudo bem? — perguntou, preocupado.
— Sim — respondeu ela, mas seu semblante dizia o contrário. — Vamos. Me leve de volta.
Ela não conseguiu sequer dizer casa. James abriu a porta do carro, ela entrou, acomodou-se no banco de trás e, enquanto ele dava partida.
Elizabeth olhava a paisagem da janela do carro sem ver. Por um momento uma nuvem passou pelos olhos de Elizabeth.
“Será que John e Pamela eram…eram…” Não quis concluir, mas era inevitável não pensar.
Naquela noite, Martha estava mais agitada do que o normal. Durante o jantar, seu olhar ia e vinha constantemente para a tela do celular, que repousava sobre a mesa ao lado do prato.
Roger, sentado à sua frente na sala íntima do casal, sorvia seu chá quente em silêncio, mas depois de alguns minutos de inquietação da esposa, ergueu os olhos com um suspiro cansado.
— O que foi, querida? Está esperando a ligação de alguém? — perguntou, com a voz neutra, levando calmamente a xícara aos lábios.
Martha ergueu o rosto, irritada com a pergunta.
— Não é nada! Está tudo bem. Não posso ficar aflita de vez em quando? — retrucou em um tom ríspido, voltando o olhar para o celular.
Roger apenas a observou por alguns segundos, sem responder. Já aprendera, ao longo dos anos, que quando Martha ficava daquele jeito, era melhor deixá-la em seu próprio mundo.
Na mente de Martha, martelava a preocupação de que John pudesse ligar a qualquer momento, furioso, caso Elizabeth tivesse tido a ousadia de reclamar com ele sobre o chá da tarde. Era o que mais temia.
"Espero que aquela mulher saiba o seu lugar."
Para Martha, mesmo sendo um casamento por contrato, acreditava que os dois mantinham ao menos uma relação íntima, como qualquer casal jovem. John era um homem que qualquer mulher desejaria: bonito, poderoso, desejável. Jamais lhe passaria pela cabeça que, naquela casa, não havia sequer o calor de um abraço.
Enquanto girava o celular entre os dedos finos, olhou para o nada, perdida em seus próprios julgamentos.
"Aquela menina… sempre com aqueles vestidos sem graça. Não sabe nem se portar como esposa de um Walker. Deve ser mesmo um fardo para ele."
No fundo, porém, sentia uma satisfação fria por não ter recebido ligação nenhuma naquela noite. Levantou.
— Vou me recolher. Boa noite. - Martha levantou da poltrona e se dirigiu para a porta com passos firmes, deixando o esposo sozinho.
— Boa noite, querida — respondeu ele sem erguer os olhos do jornal que agora lia, aliviado por poder terminar o chá em silêncio.

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Amargo Contrato de Casamento
Olá, quero deixar aqui meus sinceros parabéns por essa linda história, eu amei. Que Deus abençoe vc e toda a sua família...
História linda e emocionante como a fé e o amor são capazes de transformar vidas....
Maravilho...