Elizabeth
Com as ausências constantes de John, eles passavam quase meses sem se ver, Elizabeth se entregava mais aos trabalhos voluntários.
Organizou apresentação das crianças do orfanato e promovia festas temáticas no asilo. Entre os abandonados e solitários, Elizabeth se sentia como eles. De certa forma ela também vivia o abandono e a solidão.
Em uma dessas visitas ao asilo, o salão principal estava silencioso, apenas com o som distante de um rádio antigo tocando músicas de outra época. Elizabeth caminhava pelos corredores até encontrar Dona Esther, sentada em sua cadeira próxima à janela. A senhora, de cabelos brancos presos em um coque delicado, acariciava suas próprias mãos enrugadas enquanto olhava o jardim florido lá fora, sem realmente ver nada.
Elizabeth se aproximou, ajoelhou-se ao seu lado e, com um sorriso suave, disse:
— Está tão bonita hoje, Dona Esther.
A senhora ergueu os olhos e sorriu, mas suas pupilas logo se encheram de lágrimas. Sua voz saiu fraca e embargada:
— De que adianta ficar bonita se ninguém vem me ver? Meus filhos e netos esqueceram de mim.
Elizabeth sentiu um nó apertar em sua garganta. Segurou com delicadeza as mãos frágeis da idosa e respondeu:
— Mas eu vim. E gosto muito da senhora.
Dona Esther sorriu novamente emocionada, e naquele sorriso cansado, Elizabeth viu seu próprio reflexo. Também se sentia assim: sozinha, abandonada… esperando, em silêncio, que apenas uma pessoa no mundo fosse capaz de realmente enxergá-la.
Mas era entre as crianças do orfanato que Elizabeth encontrava alegria. Quando chegava, seus olhos voltavam a brilhar. As crianças corriam em sua direção assim que a viam, abraçando suas pernas com força, rindo e disputando sua atenção.
Ela se permitia sorrir de verdade naquele lugar. Gargalhava quando ajudava a organizar as peças de teatro improvisadas, entrava nas danças de roda, participava das brincadeiras e, por um breve momento, esquecia-se de toda a dor que carregava.
As aulas de música também era onde ela se sentia feliz e útil, ensinando aquelas crianças a cantar e tocar. Via em cada rosto esperança de dias melhores.
Ali, sentia que era amada de maneira simples, sem condições, contratos ou segundas intenções. Era apenas… Elizabeth. E isso, para ela, era o suficiente para continuar em pé.
Mas ao voltar para a casa que deveria ser seu lar, a alegre e extrovertida Elizabeth havia ficado entre os idosos esquecidos no asilo e com as crianças do orfanato. Naquela casa onde o silêncio e a solidão reinava, Elizabeth era como alguém que apenas sobrevivia dia após dia até não ser mais necessária.
Naquela casa onde o silêncio e a solidão reinavam, Elizabeth não passava de uma presença apagada, alguém que apenas sobrevivia dia após dia até não ser mais necessária. Onde aguardava que um dia John viesse a vê-la.
*****
John
John estava revisando os tópicos da reunião que teria em breve quando Anne entrou na sala e colocou sobre a mesa de John um café quente.
— Mais alguma coisa, senhor? - Perguntou polidamente
— Não, obrigado — respondeu, seco, sem desviar os olhos da tela.
Anne saiu da sala rapidamente. Lidar com o chefe estava sendo cada vez mais estressante, não só para ela como para todos do setor da presidência.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Amargo Contrato de Casamento
Olá, quero deixar aqui meus sinceros parabéns por essa linda história, eu amei. Que Deus abençoe vc e toda a sua família...
História linda e emocionante como a fé e o amor são capazes de transformar vidas....
Maravilho...