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Amargo Contrato de Casamento romance Capítulo 62

John

Ao chegar ao estacionamento, John caminhou apressado até seu carro. Seu motorista, Spencer, conversava com James, o motorista de Elizabeth. Assim que viu o patrão se aproximar, Spencer prontamente abriu a porta para que ele entrasse.

— Senhor Walker — disse Spencer, com a voz firme e respeitosa.

John não respondeu. Nem sequer olhou para o motorista de sua esposa ao passar por ele, como se James fosse invisível.

Assim que o carro se colocou em movimento, as palavras do avô ecoaram em sua mente, misturadas à imagem de Elizabeth sendo tão carinhosa com Oliver.

Mas, como um veneno escorrendo lentamente, outra lembrança veio à tona: as palavras de sua mãe, ditas dois dias antes, ao vê-la na UTI segurando a mão de Oliver.

“Não se deixe enganar por essa encenação. Essa garota sabe muito bem como parecer perfeita.”

Pela primeira vez, John sentiu uma pontada de dúvida. E se sua mãe estivesse certa? E se Elizabeth fosse mesmo apenas uma atriz excelente naquele palco que chamavam de família?

Mas ele não permitiu que essa incerteza ganhasse espaço. As cláusulas do contrato ainda martelavam em sua cabeça, lembrando-o dos motivos reais por trás daquele casamento.

Quando chegou ao escritório, John mergulhou no trabalho com uma dureza impiedosa. Nada parecia bom o suficiente. Mandou revisar relatórios que já estavam impecáveis, apontou possíveis falhas em planilhas detalhadas, implicou com contratos revisados dezenas de vezes. Sua equipe, aos poucos, foi sendo tomada por um silêncio tenso e sufocante. Um verdadeiro stress.

— Senhor Walker, aqui estão os documentos revisados… — disse uma funcionária, com voz trêmula ao apresentar o documento pela milésima vez.

— Revise de novo. Não me faça perder tempo com erros estúpidos — retrucou ele, sem sequer erguer os olhos do computador.

Até mesmo Bruce, que o conhecia melhor do que ninguém, achou o chefe insuportável naquele dia. Mas apenas suspirou e voltou ao trabalho, pois sabia que, entre suas funções, estava também suportar o mau humor de John em silêncio.

*****

Naquele mesmo dia, Oliver teve alta e retornou para casa. No início da noite, John passou na mansão para vê-lo. Encontrou o avô sentado na poltrona preferida, enrolado em uma manta leve, sorrindo ao vê-lo entrar.

— Já está se sentindo rei de novo, vovô? — Brincou ele, tentando soar descontraído e sentando-se ao lado do avô.

— Sempre fui, meu filho. — Respondeu Oliver, rindo baixo.

Depois de se certificar de que o avô estava bem instalado, John enviou uma mensagem rápida para Elizabeth:

“Vovô teve alta e já está em casa. Vou jantar na mansão Walker com ele esta noite.”

Elizabeth viu a mensagem quase imediatamente e respondeu:

“Graças a Deus. Obrigada por avisar.”

Após alguns segundos, John digitou outra mensagem:

“Amanhã você vem visitá-lo.”

Foi mais uma ordem que pergunta.

“Irei sim.”

Em seguida, o silêncio. Ambos ficaram olhando para a tela do celular, esperando que o outro continuasse a conversa. Mas nenhuma outra mensagem chegou. E, ao verem o sinal de mensagem lida, entenderam que aquela era a despedida silenciosa.

*****

Na tarde do dia seguinte, Elizabeth chegou à mansão Walker para visitar Oliver. Trazia nas mãos um pequeno arranjo de flores que havia colhido cedo. Sentia que aquele gesto simples poderia alegrá-lo, pois lembrava de como ele costumava falar sobre o jardim quando conversavam.

Ao entrar, foi recebida pelo mordomo que abriu a porta assim que ela colocou o pé na entrada da imponente mansão.

Martha parecia que a aguardava no saguão. O olhar frio e a postura ereta altiva que intimidava qualquer um.

Oliver franziu o cenho, contrariado.

— Ela ainda nem terminou de me contar sobre as novas flores que está cultivando.

— Pode continuar outra hora. A saúde vem em primeiro lugar. - Disse Martha com autoridade, lançando um olhar de alerta a Elizabeth. Era hora de ir embora.

Elizabeth se levantou, deu um sorriso para Oliver.

— Voltarei em breve para terminarmos essa conversa, prometo.

— Eu vou cobrar — disse ele, segurando sua mão por um instante a mais, como se não quisesse soltá-la.

Ela saiu do quarto sob o olhar pesado de Martha, que a acompanhou até o início das escadas em silêncio. Antes que Elizabeth descesse, Martha disse em voz baixa, seca e carregada de desprezo:

— Não pense que essas flores ou essa encenação irão mudar alguma coisa.

Elizabeth sentiu o rosto corar, mas manteve-se firme. Respirou fundo, ergueu o queixo com delicadeza e respondeu, com serenidade:

— Não é encenação, senhora Sinclair. Eu me importo com o senhor Oliver. E nada que a senhora diga vai mudar isso.

Por um segundo, Martha pareceu surpresa pela coragem dela, mas logo virou o rosto com indiferença e voltou para o quarto, sem dizer mais nada.

Elizabeth desceu as escadas sentindo o peito apertado. Talvez não pudesse mudar o que pensavam dela, mas não deixaria que a crueldade de Martha roubasse sua bondade.

Os dias que se seguiram Elizabeth ia visitar o senhor Oliver com frequência, mas à medida que a saíde dele ficava mais forte e ativo. Martha começou de forma engenhosa a fazer as visitas de Elizabeth diminuírem. Até ficarem raras.

Oliver Walker, parecia entender a situação, mas havia algo indecifrável nos olhos dele quando Martha avisa que Elizabeth não poderia visitá-lo. Desta forma as visitas se tornaram raras, quase inexistentes.

Oliver parecia aceitar a ausência de Elizabeth sem questionar e Martha achava que estava no controle.

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