Elizabeth
Depois que John foi para o trabalho, Elizabeth terminou de arrumar a casa. Pediu o carro a James.
O sonho de toda mulher era ter um cartão ilimitado para comprar o que quisesse. Passar o dia de loja em loja comprando roupas, sapatos, bolsas, jóias… Tudo que os olhos vissem e o coração desejasse.
Mas não para Elizabeth.
Para ela, nada disso tinha valor. De que adiantava ter tantas coisas, se não possuía o que era mais importante na vida? De que adiantava ter luxo, se não tinha amor?
Sentada no banco de trás, com as mãos entrelaçadas sobre o colo, olhava pela janela sem realmente ver as ruas que passavam. James, atento ao trânsito, a observava discretamente pelo retrovisor.
Ao chegarem ao shopping, James desceu e abriu a porta para a jovem patroa com sua costumeira educação e discrição.
— Obrigada, James — disse ela com um sorriso apagado.
Ele apenas fez um leve aceno de cabeça.
Desde que a senhora Walker se casou, James percebia que ela quase nunca saía para compras pessoais. Lembrava-se de apenas uma vez, quando comprou um único vestido e um par de sapatos. Depois disso, usava sempre as mesmas roupas escuras, simples e sem atrativos. Ainda assim, pensava consigo, ela chamava atenção onde quer que fosse, pois sua beleza era delicada e natural.
James a acompanhava de perto, por ordem do patrão ele deveria acompanhá-la em todo lugar, Elizabeth sabia e não se importava.
Elizabeth caminhou pelos corredores do shopping sem pressa. Passava de loja em loja, olhando as vitrines sem interesse. Mesmo as roupas mais caras, os sapatos cravejados de pedrarias, as bolsas luxuosas… nada lhe chamava atenção. Parou em frente a uma loja que exibia um vestido azul suave, de tecido leve e delicado.
Seus olhos marejaram ao se lembrar da única vez em que havia usado um vestido azul. John não gostou. Naquele dia, ele foi cruel ao rasgá-lo, desde então ela não se via usando vestidos claros ou coloridos. Talvez tenha criado um trauma, uma barreira a roupas bonitas.
A única exceção foi quando sofreu o acidente. Naqueles dias tinha Alice, e os outros em casa, ela usou as roupas que John comprara, mas nunca se sentiu à vontade com elas. Era como se não lhe pertencessem. Nada ali era realmente dela.
Continuou caminhando, passando pelas lojas de grife sem entrar, até decidir descer para o andar das lojas populares. Entrou em uma loja de departamentos. Passava os dedos pelas araras, sentindo os tecidos macios ou não. Sempre que encontrava roupas em tons de cinza, preto ou azul escuro, ela optava por elas.
James estranhou as escolhas da senhora, sua esposa jamais optaria por aquele tipo de roupa. Mas ficou calado, não era de seu feitio pensar nas atitudes dos patrões, mas aquele casamento era bem incomum e era visível que sua jovem patroa era infeliz.
No provador, provou algumas roupas e ao experimentar um vestido cinza de mangas compridas. Saiu devagar, observando-se no espelho. Tocou o tecido sobre a cintura fina e soltou um suspiro cansado.
Uma jovem vendedora se aproximou, sorridente:
— Esse vestido ficou bom na senhora, mas… — hesitou, olhando para o rosto de Elizabeth, que parecia tão triste quanto a cor que vestia — Não prefere experimentar algo mais alegre? Temos lindos vestidos em tons claros, pastéis… rosa, azul, bege… — disse, puxando um delicado vestido rosa claro com detalhes florais na barra.
Elizabeth ergueu os olhos e forçou um pequeno sorriso.
— Obrigada… mas eu prefiro cores neutras.
— Mas… com todo respeito, a senhorita tem um rosto tão bonito e um corpo escultural… Ficaria ainda mais iluminada com cores alegres.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Amargo Contrato de Casamento
Olá, quero deixar aqui meus sinceros parabéns por essa linda história, eu amei. Que Deus abençoe vc e toda a sua família...
História linda e emocionante como a fé e o amor são capazes de transformar vidas....
Maravilho...