Entrar Via

Amargo Contrato de Casamento romance Capítulo 67

John

Ao retornar ao escritório, John largou os documentos sobre a mesa, puxou a cadeira e se sentou pesadamente. Pegou o celular e foi direto às mensagens, procurando uma específica.

Era a aguardada mensagem de James.

“A senhora me pediu para levá-la em algumas lojas hoje. Sem alterações no percurso, apenas compras no shopping.”

John não respondeu, apenas sorriu de lado, satisfeito. Finalmente ela havia decidido usar o cartão que ele lhe dera. Mas, ao invés de pensar que ela estava pronta para mostrar quem realmente era, como ele sempre esperou que ela faria. Ele ficou pensativo.

Na verdade, não. Não era isso que ele queria agora. Ele simplesmente não suportava mais vê-la com aquelas roupas escuras, sem vida. Queria vê-la com belas roupas, como aquele vestido azul…

Ah! o vestido azul… Fechou os olhos, deixando-se levar pela lembrança dolorosa. Ela estava linda, tão linda naquele dia, com uma aura angelical e graciosa. E ele… ele destruiu tudo com crueldade. Queria esquecer, mas a lembrança insistia em doer dentro dele.

Dois toques suaves na porta o tiraram do devaneio. Bruce entrou com sua habitual postura contida, mas parou ao ver o chefe. Havia algo diferente naquela expressão cansada – não era apenas exaustão, havia angústia ali, um peso que ele nunca vira antes.

— Senhor, tudo alinhado… — disse, hesitando ao notar o olhar perdido de John.

— Continue. — John respondeu, a voz rouca e sem força.

Bruce ajeitou a postura, forçando o tom neutro.

— Como eu dizia, está tudo alinhado com a imprensa para hoje, e confirmei a reunião com o financeiro às quinze horas.

— Ótimo trabalho, Bruce. — John disse, sem erguer os olhos.

Bruce piscou, surpreso. John raramente elogiava alguém.

— Obrigado, senhor.

— E como estão os preparativos para as comemorações logo mais?

Bruce deu um sorriso satisfeito.

— Está tudo certo. Os funcionários estão muito felizes com o reconhecimento de seus esforços.

John assentiu apenas.

Sempre quando o Grupo Walker fechava algum negócio de expressão e que traria grandes lucros para a empresa, no salão de festas da cobertura do prédio, era oferecido uma confraternização para todos os funcionários. Todos aguardavam ansiosos porque John não economiza em nada, era comida feita por chef renomado e bebida fartamente distribuída.

— Mais alguma coisa?

— Peça à Anne para esboçar a ata da reunião de hoje e, antes de fechar, traga para eu conferir.

— Sim, senhor. Algo mais?

John respirou fundo, os pensamentos confusos. A imagem de Elizabeth vinha e ia como um espectro que insistia em assombrá-lo.

— Não. Pode ir. Só peça à Anne um café.

— Sim, senhor. Com licença. — disse, saindo discretamente.

John ficou olhando para a parede de vidro e, além dela, a cidade que fervilhava em movimento. Ele costumava ficar assim quando estava pensativo, geralmente antes de tomar alguma decisão importante. Mas, dessa vez, com a parceria entre o Grupo Walker e o Grupo White finalizada, seus pensamentos se voltavam para uma única pessoa.

Elizabeth.

Ele passou a mão pelo rosto, o olhar perdido em meio aos prédios distantes. O que estava fazendo com a própria vida?

Dois toques suaves o tiraram novamente de seus devaneios, mas ele não reagiu. Anne entrou com passos leves e firmes, carregando a pequena bandeja de café. Ao notar que o chefe nem percebera sua presença, aproximou-se discretamente e colocou a xícara sobre a mesa, em silêncio.

— Seu café, senhor. — disse, com a voz baixa, mas clara. Profissional, como sempre.

Um alerta no computador a despertou de seus pensamentos. Era uma mensagem interna de Bruce:

Bruce: Anne, por favor, revise a coletiva de imprensa antes do almoço.

Anne: Já estou finalizando. Algo mais?

Bruce: Não. Assim que estiver pronta passe para o senhor Walker revisar.

Anne: Ok.

Anne suspirou e olhou para a porta fechada do escritório de John. Assim que terminou, imprimiu o documento, levantou e bateu duas vezes antes de entrar novamente.

— Senhor, aqui estão as últimas revisões da coletiva e o esboço inicial da ata. — disse, colocando os papéis sobre a mesa, sem esperar resposta imediata.

John parecia que tinha voltado a se concentrar no trabalho, pois estava com o olhar fixo no computador a sua frente.

Dessa vez, ele ergueu os olhos para ela. Por um breve segundo, Anne viu o homem por trás do empresário, o olhar parecia perdido.

— Obrigado, Anne. — murmurou. Sua voz saiu falha, mas sincera.

Ela sorriu, mesmo que fosse apenas um pequeno movimento de lábios. Era raro, em cinco anos, que ele a agradecia diretamente.

— Com licença. — disse, saindo discretamente.

De volta à sua sala, sentou-se e levou a mão ao peito, sentindo o coração bater rápido.

Anne sabia que seu lugar não era questionar. Sabia que, para todos os efeitos, John era apenas seu chefe. Mas algo dentro dela dizia que aquele homem era mais humano do que ele transparecia e que por dentro algo o corroía.

E, pela primeira vez desde que entrou no Grupo Walker, percebeu que John Walker, o homem mais poderoso que conhecia, era apenas um homem com seus medos e inseguranças.

Histórico de leitura

No history.

Comentários

Os comentários dos leitores sobre o romance: Amargo Contrato de Casamento