John
No escritório, John estava concentrado em um projeto de expansão de uma de suas empresas. O toque do celular o interrompeu. Ele olhou o visor e franziu o cenho.
Elizabeth.
Ela raramente ligava. Limitavam-se a trocas de mensagens curtas. Atendeu de imediato, no primeiro toque, mas sua voz saiu fria como aço:
— O que você quer?
— John? — A voz do outro lado soou embargada, trêmula. — Eu... o James... James foi ferido para me proteger.
A frieza de John se dissipou num instante, substituída por uma preocupação intensa que tomou conta de sua expressão.
— O que aconteceu? — perguntou, sentindo uma fisgada no peito que há muito não sentia.
— Acho... acho que tentaram me sequestrar… — a voz de Elizabeth tremia, carregada de medo.
— O quê?! — Ele se levantou de um salto, a cadeira arrastando-se para trás. — Como você está?
— Estou… bem… graças a Deus e ao James…
John notou que Elizabeth falava com dificuldade, como se cada palavra fosse um esforço. Era nítido que ela estava abalada e com medo.
— Onde você está agora? — perguntou, já pegando o paletó no encosto da cadeira.
— No... no hospital.
— Estou indo para aí agora. Espere por mim.
Desligou sem esperar resposta e saiu com passos urgentes, quase atropelando Anne, sua secretária, que estava parada à porta.
— Anne, peça para o motorista preparar o carro, agora. — Sua voz não admitia questionamentos.
Sem entender o que estava acontecendo, mas sentindo a gravidade em seu tom, Anne pegou o telefone imediatamente e ligou para Spencer, o motorista de John. Enquanto aguardava o elevador, John fez outra ligação.
Bruce estava em seu escritório, revisando as últimas demandas que John havia lhe incubido, ao ver no telefone que era o chefe atendeu imediatamente. Antes dele falar qualquer palavra, ele ouviu a voz de John tensa do outro lado da linha.
— Bruce. Me encontre no carro. Agora.
Bruce,levantou-se no mesmo instante. O tom do chefe não deixava espaço para dúvidas: algo sério havia ocorrido.
Mais uma ligação de John. Desta vez para uma pessoa que só entrava em contato por algum motivo que demandava seus serviços especializados.
Assim como Bruce, o homem atendeu de imediato.
— Senhor? - Disse apenas a voz na linha.
— Carlson. Descubra tudo sobre uma tentativa de sequestro hoje envolvendo minha esposa. Nada pode vazar para a imprensa. Entendeu?
— Sim, senhor — respondeu Carlson com firmeza
O homem, Carlson, em sua sala toda de vidro de onde podia ver toda a sua equipe trabalhando, desligou o telefone e levantou-se imediatamente, ele era chefe da segurança e do setor de inteligência de John. Sem perder tempo, saiu da sala para cumprir as ordens do chefe.
John atravessou o saguão com passos largos e firmes. Funcionários se viravam para observá-lo, sentindo o clima pesado que emanava de sua presença. Bruce chegou quase correndo, entrando no carro ao mesmo tempo que o chefe.
— Senhor, aconteceu alguma coisa? — perguntou, sem fôlego.
— Tentaram sequestrar minha esposa — disse John, a voz embargada pela preocupação.
Bruce arregalou os olhos, surpreso. Quem ousaria tal atitude contra John Walker? Com certeza não sabiam com quem estava lidando.
— Quando? Ela está bem?
— Foi hoje cedo. James conseguiu impedir, mas está ferido. Já pedi para Carlson investigar.
— Conseguiu alguma coisa?
— Sim, senhor, já tenho as informações. A tentativa de sequestro falhou graças ao guarda-costas. Ele neutralizou os quatro sequestradores. Estão hospitalizados ou presos.
— Ótimo. Descubra quem está por trás disso. Use todos os meios necessários.
— Agora mesmo, senhor.
— Quero nomes, imagens de segurança, vídeos, registros… e principalmente o mandante. Quero o nome do mandante e quero fazer que ele se arrependa de ter ousado tocar em alguém próximo a mim.... E cuide para que não chegue à imprensa.
— Entendido, senhor.
John desligou e guardou o celular no bolso do paletó.
— Não se preocupe. Ninguém tentará algo assim novamente — disse, sem olhar para ela.
Elizabeth permaneceu em silêncio. Suas palavras pareciam mais uma sentença do que um consolo. O tom sombrio mostrava quem ele era: um homem que não perdoava.
Ela sabia que John havia construído seu império com mãos firmes, decisões implacáveis e frieza. E isso tinha um preço: colecionava inimigos.
“Que tipo de homem é John?” Elizabeth pensou.
Ela olhou para ele de soslaio, lembrando-se do passado. Quando o conheceu, John era sorridente, gentil, seu olhar era alegre e cheio de vida. Agora, parecia um completo estranho, frio, distante e indiferente… mas ainda assim, era o homem que ela amava.
Ao chegarem à mansão, John a acompanhou até a sala. Parou diante dela, fitando-a por um instante. Seu olhar, antes duro, suavizou-se.
— Descanse… e tente esquecer o que aconteceu — disse, num tom mais brando. — Eu vou resolver isso.
E saiu, deixando-a sozinha. Elizabeth sentou-se no sofá e, assim que ouviu o som da porta se fechar, deixou as lágrimas caírem livremente. O silêncio ao seu redor parecia mais pesado do que nunca porque estava sozinha novamente.
Sentia-se abandonada, sem uma palavra de conforto… sem um abraço… alguém sem importância que apenas estava ali.

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Amargo Contrato de Casamento
Olá, quero deixar aqui meus sinceros parabéns por essa linda história, eu amei. Que Deus abençoe vc e toda a sua família...
História linda e emocionante como a fé e o amor são capazes de transformar vidas....
Maravilho...