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Amargo Contrato de Casamento romance Capítulo 73

Carlson

Quando Carlson recebeu a ordem de John imediatamente ele se pôs em ação. Saiu de sua sala e foi para uma ampla sala de investigações, onde os monitores de última geração preenchiam uma parede inteira e a tecnologia era de ponta.

Ali, era o coração da inteligência privada de John Walker. A sala fervilhava de atividade, mas cada movimento era meticuloso. Homens e mulheres altamente treinados, muitos ex-agentes do governo ou ex-policiais especializados que analisavam dados em tempo real.

Carlson, um senhor de meia idade com postura ereta e calmo, já havia trabalhado para o governo. Muito competente, aceitou a proposta para trabalhar para John, onde o serviço seria mais tranquilo e bem remunerado.

Graças aos contratos de colaboração entre o grupo Walker com agências de segurança pública em prestação de serviço de tecnologia, Carlson tinha acesso privilegiado a câmeras espalhadas por toda a cidade, registros confidenciais e sistemas de Inteligência Artificial de rastreamento avançado.

Em menos de duas horas, sua equipe havia identificado os quatro sequestradores e repassaram as informações para a polícia que agiu imediatamente. Eram criminosos com histórico em assaltos e tráfico de drogas e armas, mas sem experiência em sequestros.

Enquanto a equipe técnica filtrava os dados, Carlson voltou-se para as imagens privilegiadas do interrogatório de um dos detidos. A pedido de John, tudo havia sido mantido fora da mídia, um favor silenciosamente comprado com influência e poder.

O homem menos ferido, com os pulsos algemados e o rosto abatido, encarava o chão. Sabia que estava lidando com gente muito poderosa.

— Olha, a gente não fazia ideia de quem era a mulher. Disseram que era só uma socialite rica. Plano rápido, entrada e saída... mas aquele motorista... aquele desgraçado estragou tudo.

— Quem foi o mandante? — pressionou o agente à frente da mesa. — Se cooperar, talvez consiga um acordo. Mas se esconder algo, não vai sair daqui andando.

O homem hesitou por um segundo, mas o medo falou mais alto.

— David Graham.

O nome acendeu imediatamente os alarmes. Os agentes de Carlson entraram em ação imediatamente.

Minutos depois, John Walker entrou na sala. O ambiente congelou. Era raro vê-lo ali, e todos sentiram o peso de sua presença.

— Continuem com o trabalho — disse, seco, antes de se dirigir a Carlson. — O que descobriu?

— Senhor, já temos o nome do mandante: David Graham. E os dados estão vindo em tempo real.

Carlson o conduziu até um dos analistas, que rapidamente abriu um dossiê digital.

— David Graham era dono de uma empresa de fachada no setor de tecnologia. Conseguiu, anos atrás, um contrato secundário com o grupo Walker, fornecendo suporte em criptografia. Quando nossa auditoria descobriu o uso da plataforma para lavagem de dinheiro e tráfico de informações sensíveis, o senhor desestruturou a empresa e encerrou o contrato. Ele foi exposto, perdeu todos os investidores e nunca mais conseguiu se reerguer. Hoje, está afundado em dívidas e aparentemente tentou esse sequestro para extorquir dinheiro... ou simplesmente por vingança.

John assentiu com lentidão. Seu semblante era de aço, mas os olhos, fixos nas telas, mostravam outra coisa. Um dos vídeos, captado por uma câmera de segurança na rua, mostrava o momento em que Elizabeth foi arrastada do carro. James, mesmo ferido, lutava com os dois sequestradores que a seguravam.

Cada detalhe estava ali: o desespero de Elizabeth sendo arrancada do carro. James trocando tiros e depois lutando com os sequestradores e até mesmo usando o corpo para protegê-la. Depois os quatros sequestradores desacordados. James ferido e Elizabeth ajoelhada no chão parecia em estado de choque.

Logo depois várias viaturas da polícia e ambulância chegando.

— Senhor, permita-me dizer. James é um excelente agente, altamente treinado. Ele avaliou os riscos e conseguiu proteger a senhora Walker. O fato de trabalhar disfarçado de motorista pegou os sequestradores de surpresa, por isso não conseguiram êxito no sequestro.

— Foi você que o indicou, por isso confiei nele. — John fez uma pausa ainda sem tirar os olhos das imagens — Ótimo. Bom trabalho.

— Obrigado, senhor.

John não disse nada por alguns segundos.

Então, virou-se para Carlson:

— Antes que a polícia chegue até o mandante... faça com que aprenda uma lição. E que nos bastidores, todos saibam o que acontece com quem ousa tocar no que é meu ou fazer algo contra mim.

— Entendido, senhor. — Carlson sabia exatamente o que fazer.

— E não quero saber os detalhes. - Concluiu

John lançou um último olhar ao vídeo congelado na tela: o rosto de Elizabeth era puro medo. Algo nele estremeceu.

— Vai jantar em casa hoje? - A pergunta foi quase um sussurro cheio de esperança e súplica.

Naquele dia, ela sabia que não iria suportar a solidão daquela casa. Ela precisava que ele estivesse por perto, mesmo que fosse trancado no escritório, mas em casa. Só isso bastava.

John a observou por um instante. Havia nela uma doçura suplicante que ele tentava ignorar. Por mais que quisesse manter a distância, não podia negar a si mesmo o desejo de ficar. Nem que fosse por uma noite, ela merecia.

— Sim... vou. — respondeu, em um tom mais suave ainda. — Arrume a mesa para dois. Jante comigo hoje.

E saiu, sem ver o brilho inesperado nos olhos dela, um lampejo de felicidade que a fez esquecer tudo o que havia vivido naquele dia.

Com o coração aos pulos, correu até a cozinha e preparou um dos pratos preferidos de John: salmão grelhado com molho de maracujá e ervas finas, aspargos, uma pasta de alcaparras, azeitonas e castanhas, acompanhada de batatas ao murro com manteiga e tomilho. Queria que fosse especial.

Estava terminando de arrumar a mesa quando ele apareceu, trazendo uma garrafa de vinho tinto.

— Parece delicioso. — disse com um leve sorriso que há muito não se via em seu belo rosto.

Sentou-se, abriu o vinho e serviu uma taça para ela, em um gesto simples, mas para Elizabeth cheio de esperança.

Os dois conversaram pouco, mas pela primeira vez não havia frieza e distanciamento entre eles. Parecia que finalmente, pela primeira vez, John deixou a blindagem de seu coração cair.

Os dias que se seguiram, John parecia menos frio e distante, não saia com tanta frequência e por vezes perguntava como estava, ele às vezes pedia para que se sentasse com ele. A convivência, mesmo que distante, não estava tão fria como antes.

James se recuperou logo, os ferimentos foram superficiais e logo estava de volta. No dia que ele retornou, John o chamou ao escritório e num raro momento de reconhecimento, agradeceu por ele ter protegido sua esposa.

James manteve seu ar profissional e salientou que esse era o trabalho dele e o desempenharia da melhor forma possível.

A rotina logo voltou e com ela John voltou a se tornar ausente e a sua forma antiga: frio, rígido e distante. E aquele jantar que parecia ter sido esquecido, não foi para Elizabeth, ela guardou para si um fragmento de esperança.

E assim os dias foram se sucedendo e se tornaram mais um ano.

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