Pamela
Sabendo que o aniversário de dois anos de casamento de John e Elizabeth se aproximava, Pamela decidiu agir novamente para se reaproximar de John. Desta vez, resolveu impressioná-lo profissionalmente. Convenceu seu pai, Brandon White, e Ethan a apoiarem um novo projeto em parceria com o Grupo Walker no ramo imobiliário. Brandon, porém, não se deixou levar apenas pela empolgação da filha.
— Se quer apresentar esse projeto, Pamela, terá que prová-lo. Monte a equipe, estruture tudo, e só então falarei com John Walker. — disse ele, sério, enquanto ela sentia o peso de sua autoridade.
Determinada, Pamela formou uma equipe de projetos. E, em um curto prazo, apresentou ao pai um estudo preliminar consistente. Brandon, impressionado com a rapidez e a clareza dos dados, autorizou o agendamento.
Com a aprovação do pai, Pamela retornou ao país e foi morar na mansão dos White, sem intenção de ir embora tão cedo.
Na manhã da reunião, Pamela acordou cedo. Passou horas escolhendo sua roupa: um tailleur creme elegante, mas justo o suficiente para ressaltar suas curvas, cabelo preso num coque baixo sofisticado, maquiagem discreta que iluminava seu rosto. Fitou-se no espelho antes de sair, sorrindo para si mesma.
— Hoje, John, você vai conhecer uma nova Pamela. — murmurou.
Ao chegar à sede do Grupo Walker, ela e sua equipe foram encaminhadas à sala de reunião, composta por dois arquitetos renomados e uma analista financeira experiente. No horário marcado, estavam todos sentados na ampla sala de reuniões envidraçada, quando John entrou, seguido por Bruce.
Pamela se levantou imediatamente. Sua equipe fez o mesmo, em gesto uníssono de respeito e protocolo. John olhou para ela com surpresa contida.
— Boa tarde, John. — disse ela com voz firme, estendendo a mão. Seu perfume floral suave preencheu o ar entre eles.
John apertou sua mão, estranhando a mudança de postura. Seus olhos fitaram os dela, frios, mas atentos.
— Boa tarde, senhorita White. — respondeu, formal, desviando o olhar para os demais. — Vejo que veio bem assessorada hoje.
— Sim, claro. — Pamela ajeitou uma mecha solta do cabelo, cruzando as pernas com elegância, ciente dos olhares que atraía. — Estamos trabalhando num novo projeto que, acredito, interessará bastante ao Grupo Walker.
John arqueou uma sobrancelha, apoiando-se levemente na mesa.
— E do que se trata?
— Após o sucesso da parceria anterior na área de logística, pensamos em uma expansão imobiliária na região costeira de Crescent Bay, que virou febre entre magnatas recentemente. — Ela fez um sinal discreto, e a analista projetou na grande tela imagens aéreas de praias de águas cristalinas. — Resorts de luxo, campo de golfe, marina privativa… É ousado, mas promissor. E quem melhor que você, John, para tornar isso realidade?
John permaneceu em silêncio por alguns segundos, observando as imagens, enquanto os arquitetos começavam a apresentar plantas, gráficos, estudos de viabilidade, projeções de lucros e de impacto ambiental. Sua expressão estava neutra, mas os dedos batiam de leve na mesa, num gesto inconsciente de interesse.
Quando terminaram, Pamela se inclinou um pouco para frente, sorrindo.
— Então, John... o que achou?
Ele respirou fundo, recostou-se na cadeira e uniu as mãos, mantendo o tom profissional.
— Senhorita White, realmente é um projeto bastante ousado. Preciso analisar melhor com minha equipe para avaliarmos a viabilidade e o impacto do empreendimento. — Ele virou-se para Bruce. — Prepare um relatório detalhado sobre impacto ambiental, investimento inicial, retorno previsto e análise de riscos. Agende uma reunião conjunta com a equipe da senhorita White.
— Sim, senhor. — respondeu Bruce, anotando rapidamente em seu tablet.
O sorriso de Pamela permaneceu confiante.
— Eu e minha equipe estaremos à disposição para qualquer dúvida ou ajuste necessário, John.
Ele assentiu levemente.
— Parece promissor.
Quando a reunião terminou, os membros da equipe juntaram seus materiais, trocaram alguns cumprimentos formais e saíram acompanhados por Bruce. John estava prestes a segui-los quando Pamela se colocou em sua frente, bloqueando sua passagem. O perfume dela o envolveu novamente, mas ele permaneceu impassível.
— Amanhã haverá um jantar dos empresários, em parceria com a Confederação Nacional de Investidores. — disse ela, tentando manter o tom profissional. — Será uma ótima oportunidade para sondar possíveis investidores e criar novas conexões.
John a fitou por um momento, sério, seus olhos negros pareciam atravessá-la.
— Eu ainda não decidi se vou. — respondeu com voz baixa, mas firme. — É uma grande oportunidade, sem dúvidas.
Na verdade, ele estava cansado desses eventos, mas sabia que aquele jantar reuniria grandes empresários nacionais e internacionais. Um magnata africano estaria presente, interessado em vender sua mineradora de um minério raro usado em tecnologias avançadas. Aquilo era o único motivo real que lhe causava interesse.
Pamela notou a hesitação dele, mas sorriu suave, inclinando a cabeça levemente para o lado.
— Espero que vá. Seria bom... para os negócios. — disse, sua voz quase um sussurro ao final, antes de se afastar lentamente, deixando-o ali, pensativo, observando-a sair com passos seguros.
Ela parou, surpresa.
— Ainda não…
Ele respirou fundo, mexendo o café antes de dizer, sem encará-la:
— Parece que está muito bom. Já que não saiu… sente-se e tome café comigo.
Elizabeth sentiu o coração disparar.
— Eu… eu vou buscar uma xícara. — disse, apressada.
Ela havia arrumado a mesa apenas para ele, sem ousar planejar que tomariam juntos. Foi até a cozinha, respirou fundo para conter o sorriso, pegou sua xícara e retornou.
Assim que se sentou, ele começou a comer. Experimentou os ovos e, depois de engolir, murmurou sem olhar para ela:
— Está muito bom. Você cozinha bem.
Ela o encarou surpresa. Um elogio. Simples, mas vindo dele, era como um presente raro.
— Obrigada… — respondeu com a voz embargada pela emoção.
Não trocaram mais palavras. Elizabeth queria falar sobre o aniversário de casamento, mas ao fitá-lo, calou-se. Ele parecia distante, como se nada naquele dia fosse diferente. Pensou consigo mesma que, se ele não lembrava, era melhor não lembrá-lo.
Quando terminou, John dobrou o guardanapo com precisão e o colocou sobre a mesa.
— Tenho que ir. — disse apenas, levantando-se rapidamente.
Ela o observou sair sem olhar para trás. Soltou um suspiro trêmulo quando ouviu o barulho da porta se fechando.
"Acho que ele não lembrou… ou não se importa."

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Amargo Contrato de Casamento
Olá, quero deixar aqui meus sinceros parabéns por essa linda história, eu amei. Que Deus abençoe vc e toda a sua família...
História linda e emocionante como a fé e o amor são capazes de transformar vidas....
Maravilho...