John
John Walker sempre soube o que o mundo esperava dele. Desde cedo, aprendeu a controlar as emoções, esconder as fraquezas, ser um homem forte e insensível.
“O homem de gelo”
Como era conhecido no mundo dos negócios, na selva dos empresários ele era o predador. E era assim que ele se mantinha à frente nos negócios, na sociedade e nas aparências.
O Império Walker sob seu comando crescia e engolia os concorrentes. Ninguém ousava enfrentar o implacável senhor Walker. Aqueles que conseguiam seu apoio prosperavam, e aqueles que ousaram confrontá-lo acabavam em ruínas.
E assim ganhou mais um título: vingativo.
Mas à medida que o tempo passava, aquele homem inabalável parecia querer ruir. Por fora era uma fortaleza altiva, firme, rígida, exigente e arrogante. Nada lhe escapava do controle.
Só uma coisa o abalava: Elizabeth.
Nas noites em que voltava tarde para casa não mais encontrava Elizabeth à sua espera.
Percebeu que ela o evitava. Ele sabia que o motivo do afastamento dela era ele. Ele mesmo que com suas atitudes e palavras, seu desprezo e humilhações a levaram para longe. Seus olhos a procuravam, quase não a via. A frustração o invadia quando abria a porta e encontrava a casa ainda iluminada, mas sem a presença dela o esperando.
Era inevitável visitar seus pais e avô. Mas com suas viagens constantes, ele conseguia fugir dos olhares do velho Walker, não mais tão vividos, não mais cobrava um bisneto. Apenas o olhava com uma expressão que parecia a John de pesar.
Oliver não cobrava mais pela presença de Elizabeth como antes. John julgou que deveria ser pela idade. Ele queria atender ao desejo do avô, mas se recusava a admitir que seu orgulho o impedia de abrir seu coração para aquilo que ele tinha medo de descobrir. Arthur havia terminado com a noiva e se tornou mais irresponsável para com os negócios e com a vida.
John o mandou para várias empresas para ver como se saía, mas era claro que ele preferia gastar dinheiro do que ganhar. O que deu mais desgosto ao avô, mas em consideração ao avô e sua tia o mantinha no cargo apenas na aparência e o cercou de bons profissionais. Assim poderia amenizar a decepção da família.
John era aquele que tinha tudo no mais absoluto controle, ele pensava que controlava Elizabeth por achar que ela aceitava tudo por dinheiro, ele nunca se permitiu pensar diferente e pelo relacionamento que estavam no momento, no mais completo distanciamento. Um evitando o outro.
As poucas vezes que jantava em casa, a mesa estava posta para apenas uma pessoa, a comida saborosa ainda quente. Mas ele não a via. Sentia a sua presença no silêncio da casa, sentava-se à mesa e uma garrafa de vinho era sua companheira até ficar vazia.
Ia para seu quarto e a solidão o invadia. A grande cama fria. Era assombrado durante seu sono, sonhava com Elizabeth… acordava suado, exausto. Tentava dormir em vão.
John se envolvia ainda mais no trabalho. Exigente, rigoroso, frio e ríspido. Implacável. Todos a sua volta o temia, até mesmo Bruce que sabia o que o atormentava.
Fechou contratos internacionais, supervisionou pessoalmente a aquisição de uma mineradora na África, mesmo sendo algo que demandava tempo e dedicação, ficou mais de seis meses fora. Em viagens longas assim, geralmente as esposa acompanhava os maridos, mas ela não ia, ele não a levava em lugar nenhum. Por que não queria? Ou por que não queria se envolver?
Quando retornou e a encontrou parada no meio da sala, apenas o observando. Nem uma palavra, nem um gesto de boas vindas. Mas o que ele queria? Ele a havia deixado à margem de sua vida como se ela não existisse e agora ele estava pagando o preço do distanciamento.
Queria mudar aquela situação, mas seu orgulho não deixava. Estava mais frio, mais exigente, mais impaciente, o humor cada vez pior.
Mesmo assim compareceu às recepções, jantares… era assunto recorrente nas mídias e importantes meios de comunicação de economia.
E por isso mais especulações surgiam.
Preferia mergulhar cada vez mais no trabalho. Ele não percebia que os dias, meses e anos estavam passando, era como se o tempo estivesse congelado no seu próprio eu. Envolto em si mesmo, em seu orgulho, em seu ego… em seu egoísmo.
Pamela
Aquele ano era decisivo para Pamela. Depois de anos de espera, o prazo do contrato de casamento de John finalmente se aproximava do fim — e com ele, a chance de concretizar seu maior objetivo: tornar-se oficialmente Pamela Walker. Unir seu nome ao de um dos empresários mais poderosos e influentes do mundo não era apenas uma conquista pessoal, mas a coroação de sua ambição implacável.
Não se tratava de amor. Pamela havia se tornado obcecada por John desde o momento em que foi rejeitada. Aquilo feriu seu ego, despertando um desejo irracional de posse. Para ela, estar ao lado de John não era apenas uma questão de desejo, mas de status. O fato de ele estar casado com uma mulher simples, sem sobrenome de peso nem posição de destaque, era algo que Pamela nunca aceitou. Considerava aquilo um ultraje, uma afronta à sua posição social e beleza.
Além disso, seu pai vinha pressionando-a a se casar com um homem de negócios renomado, aliado da família há anos. Mas se era para entrar em um casamento sem amor, que fosse com o homem certo — e esse homem era John. Ela não se importava com obstáculos, muito menos com o fato de ele já ter uma esposa. Para Pamela, Elizabeth era apenas uma fase passageira.
Foi por isso que, ao longo do último ano, manteve contato constante com John, sempre usando o pretexto do projeto imobiliário que haviam iniciado juntos. O empreendimento agora estava consolidado e em plena execução, o que lhe dava um motivo mais que perfeito para estar presente, para circular entre os ambientes dele e manter-se visível, indispensável.
Pamela sabia jogar. Sabia quando recuar, quando se aproximar, quando sorrir e quando provocar. Era paciente como uma caçadora experiente, e naquele momento, sentia que a presa estava cada vez mais próxima.
Enquanto ajustava os detalhes de sua próxima aparição ao lado de John, diante da imprensa e dos investidores, um leve sorriso surgiu em seus lábios.
O tempo estava ao seu favor e ela faria dele o seu aliado mais valioso.

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Amargo Contrato de Casamento
Olá, quero deixar aqui meus sinceros parabéns por essa linda história, eu amei. Que Deus abençoe vc e toda a sua família...
História linda e emocionante como a fé e o amor são capazes de transformar vidas....
Maravilho...