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Amargo Contrato de Casamento romance Capítulo 79

O salão do hotel cinco estrelas estava iluminado com lustres de cristal e decorado com arranjos florais exuberantes. Empresários, investidores e figuras da alta sociedade desfilavam em trajes impecáveis. A noite marcava a celebração do avanço do projeto imobiliário que John Walker vinha liderando nos últimos meses e Pamela tinha certeza de que aquele era o momento certo para brilhar.

Ela entrou com elegância, vestindo um vestido de seda vermelha, de corte impecável, que realçava suas curvas com sofisticação. O tecido fluía com leveza a cada passo que dava. Os cabelos estavam presos em um penteado elegante, e brincos longos de diamante completavam o visual impecável. Todos os olhares se voltaram para ela, exatamente como planejava.

Pamela caminhou com confiança até onde John conversava com um grupo de investidores. Ele usava um terno escuro sob medida, expressão séria e postura firme. Assim que a viu, seus olhos estreitaram levemente, como quem pressente algo, mas manteve a compostura.

— John — disse ela com um sorriso, porém calculado, tocando de leve seu braço — que noite maravilhosa. Parabéns por mais esse passo.

Alguns dos empresários sorriram, cumprimentando-a com cordialidade. Pamela já era conhecida no meio, e fazia questão de manter sua imagem sempre bem posicionada. John respondeu com um aceno breve e um sorriso comedido.

— Senhorita White — disse, educado — Vejo que está satisfeita com o projeto.

— É claro. Afinal, é uma realização que também carrego com orgulho — respondeu ela, com a voz macia, mas carregada de subtexto. — Trabalhamos lado a lado desde o início.

John manteve o olhar nela por um instante mais longo do que o necessário. Aquilo não passou despercebido.

Mais adiante, os flashes das câmeras começaram a disparar. Fotógrafos registravam cada detalhe do evento. Pamela se posicionou sutilmente ao lado de John, aproximando-se apenas o suficiente para que, na imagem, parecessem um casal. E foi assim que apareceram em uma das fotos principais da noite: ele, com seu ar impenetrável; ela, com o sorriso de quem já se via como a senhora Walker.

Mais tarde, quando a imagem estampasse as colunas sociais com legendas insinuantes, Pamela teria a confirmação de que estava no caminho certo.

Tudo o que ela precisava agora… era tempo. E paciência.

*****

Elizabeth

Elizabeth sabia que não deveria, mas não conseguiu conter o impulso de pegar o celular e bastou abrir uma das redes sociais para que seu estômago se contraísse.

Ali, estampada em destaque, estava a foto.

John, impecável em seu terno escuro, ao seu lado Pamela em um vestido vermelho vibrante. Ambos sob os flashes de uma noite sofisticada, cercados por sorrisos e aplausos. A legenda, escrita com entusiasmo por um perfil de jornal de negócios, dizia:

“John Walker e Pamela White celebram parceria no ambicioso projeto imobiliário que já movimenta milhões. A sintonia entre os dois chamou atenção durante o evento empresarial.”

Elizabeth manteve o olhar fixo na tela por alguns segundos, como se o tempo tivesse parado. Sentiu uma pontada no peito, não de ciúme, pelo menos era isso que tentava convencer a si mesma, mas de uma estranha mistura de desconforto, humilhação e tristeza.

Ela sempre soube que o casamento com John era um contrato. Que havia uma data para o fim. Mas, ainda assim, aquele retrato público da “parceria perfeita” entre ele e Pamela a feriu mais do que gostaria de admitir.

Deslizou o dedo pela tela, passando por comentários cheios de elogios:

“Será um vislumbre do futuro de um casal poderoso?”

Elizabeth largou o celular sobre criado mudo como se ele queimasse em suas mãos.

Ela havia prometido a si mesma que sairia desse casamento com dignidade. Mas a imagem de Pamela sorrindo ao lado de John agora a perseguia, como um lembrete cruel de que seu tempo ali estava acabando e que talvez, em silêncio, já tivesse sido substituída.

A partir daquele dia ela não mais acessou as redes sociais. Definitivamente ela não se torturaria mais ao ver a felicidade de John ao lado de outra mulher.

Mas na prática ela ainda não conseguia ignorar seus sentimentos e só conseguia dormir quando ele chegava em casa.

Enquanto Elizabeth, a esposa legítima era uma completa desconhecida, Pamela era vista cada vez mais como a mulher ideal para John.

*****

Faltavam apenas dois meses para o fim do contrato.

Todos os dias, as palavras de John ecoavam na mente de Elizabeth como uma sentença:

“Em três anos, quero você fora desta casa.”

Ela sabia que precisava tomar uma decisão. Não suportaria a humilhação de ser expulsa de casa, muito menos enfrentar o desprezo nos olhos de John.

Após a missa daquela manhã, não voltou imediatamente para casa. Permaneceu na igreja por um longo tempo, em oração.

Sabia, com fé silenciosa, que de alguma forma suas súplicas alcançavam os céus e que Deus lhe responderia, mas ainda não tinha clareza da resposta.

E para ter clareza de entendimento, precisaria se afastar… se afastar de John e sair daquela casa.

Quando terminou de rezar, sentia-se mais firme e sua decisão estava tomada.

— Não tem como conversar com ele.

— Eu sei… — suspirou Adam, em tom sombrio. - Mas por que daqui a dois meses?

— Eu não posso continuar... preciso sair daqui a dois meses. Não tem como falar agora. Só que ele não pode saber antes.

— Mas se ele descobrir antes da hora, pode ficar furioso. E, sinceramente, a fúria de John pode ser terrível.

— Por isso preciso de ajuda. E… não sei a quem mais pedir e nem o que fazer.

— Calma, Lizzie. Você tem a mim e a Sara. — disse ele, com doçura ao perceber o desespero da amiga. — Vamos fazer o seguinte…

Elizabeth ouviu atentamente enquanto Adam explicava seu plano. A princípio, pareceu-lhe loucura, insensato, quase absurdo. Mas, ao final da ligação, acabou concordando.

Ela desligou com o coração aos pulos.

Temia se tivesse tomado a decisão certa, temia se seria melhor esperar o contrata encerrar. Ela nunca teve tanta dúvida, mas uma coisa ela sabia: O que tivesse que acontecer de uma forma ou de outra Deus tiraria um bem maior.

Respirou fundo. Se sentiu mais tranquila, se nada mudasse durante esses dois meses, ela iria deixar John. Por isso decidiu seguir com o plano proposto por Adam.

Retornou ao carro. Pouco depois, James reapareceu.

— Obrigada.

Elizabeth devolveu o celular com um olhar carregado de súplicas. Sabia que James era leal a John e provavelmente contaria para ele. Ela precisa saber o que dizer a ele, se viesse a questioná-la, e ela não sabia o quê dizer.

Mas, para sua surpresa, ele respondeu com um raro tom de compreensão:

— Não se preocupe, senhora.

James sentia que devia aquilo a ela. Durante três anos, Elizabeth nunca fez nada de suspeito. Suportava tudo em silêncio. E seu marido… jamais a tratou como ela merecia.

Talvez, enfim, ela estivesse pronta para dar fim ao próprio sofrimento.

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