John
— Onde ela está? — indagou John, com um tom seco e direto.
Helen franziu o cenho, confusa.
— Ela... quem?
— Elizabeth. Chame-a imediatamente. — A ordem saiu ríspida, firme, como se ainda estivesse no comando de tudo.
Helen deu um passo para trás, surpresa com a exigência.
— Ela não está aqui, John. Há meses que não a vemos — respondeu com honestidade, a voz carregada de estranhamento. — Desde que se casaram, ela mal aparece…
— Quem está aí, Helen? — A voz de Peter soou do interior da casa, pouco antes de ele surgir atrás da esposa, com expressão curiosa.
Helen abriu completamente a porta, revelando a figura imponente de John Walker na soleira. Peter ficou paralizado, visivelmente surpreso.
— John? O que faz aqui?
Sem perder tempo, John entrou na sala como se estivesse no próprio lar. Seus olhos percorreram o ambiente uma decoração levemente exagerada, com lustres de cristal e móveis robustos. Tudo ali destoava da simplicidade de Elizabeth.
— Vim buscar Elizabeth. — Sua voz era cortante, e o olhar furioso fez Peter Stewart gaguejar.
— Ela... ela não está aqui — respondeu o senhor Stewart, hesitante, tentando disfarçar o nervosismo. — Faz um bom tempo que não temos notícias dela.
John olhou em volta e não viu sinal dela. E, apesar da raiva que ainda queimava sob sua pele, reconheceu: o pai dela não iria mentir, não pra ele.
- Aconteceu alguma coisa? - perguntou Helen. - O que ela aprontou com você?
John apenas lançou a ela um olhar gélido, como se a pergunta fosse absurda demais para merecer resposta. Não disse uma palavra. Em vez disso, virou-se bruscamente e saiu da casa a passos firmes, deixando o casal na porta, atônito e em silêncio.
Ao entrar no carro, John bateu a porta com força e se deixou afundar no banco. Apertou o volante com ambas as mãos, sentindo a tensão subir pelos braços. Se ela não estava ali... onde poderia estar?
Ligou o motor e partiu com velocidade, o coração acelerado. A imagem de um rosto surgiu em sua mente, alguém que talvez soubesse onde Elizabeth estava. Alguém em quem ela confiava.
Ele sabia exatamente para onde ir.
*****
Martha
Martha preparava o chá da tarde com um sorriso satisfeito nos lábios. Em breve, receberia uma visita ilustre, alguém que, em seus planos silenciosos, poderia se tornar parte da família. Não demorou muito para que Pamela White fosse introduzida à sala íntima pelo mordomo.
— Boa tarde, querida. — disse Martha, abrindo os braços para abraçá-la com afeto calculado.
— Senhora Sinclair, é uma honra tomar chá novamente com a senhora. — A voz de Pamela era suave e amável, carregada de respeito e doçura ensaiada.
Para a ocasião, ela havia escolhido um conjunto leve e discreto, em tons neutros, que combinava com a elegância clássica da mãe de John.
— Venha, querida, sente-se.
Martha enlaçou o braço dela e a conduziu até a mesa posta com porcelanas inglesas, pães de mel, biscoitos amanteigados e fatias delicadas de bolo de laranja. Imediatamente, o mordomo pediu que o chá começasse a ser servido.
— Já faz tempo que não tomamos chá juntas, e a ocasião de hoje não poderia ser melhor. — continuou Martha, servindo o chá na xícara de Pamela com delicadeza. — Hoje é um dia bastante aguardado.
— Eu sei, senhora Sinclair. — Pamela pegou a xícara com elegância e saboreou um gole.
Martha olhou para ela com atenção, como se analisasse cada traço de seu rosto perfeito.
— Provavelmente John já deve estar se livrando daquela mulherzinha insignificante. — disse em tom baixo, quase como se fosse um segredo partilhado entre aliadas. — Conte-me, querida, sei que você esteve presente em muitos eventos ao lado do meu filho, e também sei que sua família tem negócios com a nossa.
Pamela sorriu, inclinando levemente a cabeça.
— Não entendo… Ela, quem?
— Elizabeth. Vocês são amigos. — John avançou um passo, o olhar duro cravado no dele. — Diga-me agora onde ela está!
O tom frio e ameaçador de John não intimidou Adam, mas fez seu coração acelerar. Ele respirou fundo antes de responder:
— Olha, não sei o que aconteceu entre vocês… mas se Elizabeth fugiu de você, certamente teve um bom motivo.
John se aproximou ainda mais, reduzindo a distância entre eles a meros centímetros. Sua presença era imponente e sufocante, e Adam, instintivamente, recuou um passo.
— Diga a ela para voltar para casa até hoje à noite… ou ela vai se arrepender. — A ameaça pairou no ar como uma lâmina afiada antes que John se virasse abruptamente e saísse do consultório, batendo a porta atrás de si.
Adam soltou o ar que nem percebeu que estava prendendo e balançou a cabeça, um sorriso maroto surgindo em seus lábios.
Adam conhecia bem a fama de John Walker de ser implacável nos negócios. Quando ele queria algo era como um rolo compressor sem aceitar perdas e com uma capacidade impressionante de vingança.
O mundo dos negócios tremia ao nome de John Walker, desde que assumiu o cargo de presidente do grupo Walker logo após o casamento.
Sob seu comando ele foi engolindo os concorrentes, agregando novos negócios e aqueles que resistiam, tinham seus negócios prejudicados até não conseguirem mais se manter e após praticamente falirem e acabarem nas mãos dele. Provavelmente na vida pessoal também era assim.
Adam não sabia muito sobre o casamento entre John e Elizabeth, ela não contou os detalhes mas ao julgar a forma como encontrou Elizabeth, sabia que eles não eram um casal convencional.
Os boatos sobre John só aumentavam. Frequentemente visto com Pamela White. Adam também conhecia a reputação de Pamela, notoriamente envolvida com diversos namorados e com uma vida não muito comportada.
Como John poderia trocar uma mulher maravilhosa como Elizabeth por alguém que ele jamais se envolveria.
Pegou o celular imediatamente e enviou uma mensagem rápida:
“Ele está te procurando”.

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Amargo Contrato de Casamento
Olá, quero deixar aqui meus sinceros parabéns por essa linda história, eu amei. Que Deus abençoe vc e toda a sua família...
História linda e emocionante como a fé e o amor são capazes de transformar vidas....
Maravilho...